Pode faltar sangue quando Brasil atingir pico da Covid-19

Hemocentros de todo o país usarão ferramenta de doações de sangue do Facebook. Sociedade de Traumatologia lança campanha para incentivar doações

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A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) tem causado grande preocupação em toda a população. Que as pessoas precisam ficar em casa é um fato. Esta, sem dúvida, é a melhor maneira de evitar o contágio. Mas é importante também manter os estoques de sangue para atender à população. O Ministério da Saúde orienta à população que as doações devem continuar acontecendo neste momento em que o país registra casos e óbitos pela Covid-19. Pessoas com anemias crônicas, acidentes que causam hemorragias, complicações decorrentes da dengue, febre amarela, tratamento de câncer e outras doenças graves, continuam ocorrendo. Ou seja, o consumo de sangue é diário e contínuo.

O Ministério da Saúde está monitorando diariamente os estoques de sangues nos hemocentros dos estados. Cada unidade da federação tem informado continuamente a quantidade de bolsas de sangue existentes na rede. A grande preocupação é com a necessidade mais imediata que são justamente dos estados com maior população e, portanto, com maior consumo de bolsas de sangue. Mesmo que nenhum estado tenha relatado falta de sangue até o momento, Santa Catarina, por exemplo, tem dependido de ajuda de outras unidades da federação para tratamento de casos de febre amarela em humanos.

Estamos incentivando o doador de sangue a sair de casa para realizar esse ato heroico porque as cidades e transportes estão mais vazios, tornando o acesso aos pontos de coleta de sangue mais seguro e confortável. A população brasileira é reconhecida por sua postura solidária e certamente dará mais este bom exemplo ao mundo”, destaca o coordenador de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Rodolfo Duarte Firmino.

Os baixos estoques de sangue nos hemocentros também preocupam cirurgiões de trauma e aqueles que trabalham com urgência e emergência. As cirurgias eletivas já pararam, mas as de trauma, urgência e emergência não podem parar, alerta a Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT).

Nós, como cirurgiões e profissionais de saúde, realmente estamos trabalhando forte para frear o coronavírus. No entanto, há outra preocupação, a doação de sangue, que caíram muito. Alguns bancos já estão em situação bem crítica. Como os casos de trauma e urgência e emergência não param, não podemos correr o risco de ter mais este problema de falta de sangue, quando atingirmos o pico do Covid-19″, alerta Tércio de Campospresidente da Sbait. 

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CAmpanhas para incentivar doações

Para tentar contornar a crise de abastecimento nos estoques de sangue, a partir desta semana, todos os Hemocentros Coordenadores do Brasil (aqueles que abastecem a rede pública de saúde), passarão a contar com a ferramenta de doações de sangue do Facebook, que notifica pessoas próximas a se cadastrarem como doadoras de sangue  – hoje, já são cerca de 10 milhões de doadores cadastrados no país.

O objetivo é colaborar para a manutenção estável dos estoques de sangue nos bancos, que é um dos maiores desafios neste momento. Para cadastrar-se como doador de sangue no Facebook, basta acessar o endereço facebook.com/doesangue. Usando seu dispositivo móvel também é possível acessar o menu do Facebook e então clicar em “Doações de Sangue”.

A SBAIT também acaba de lançar uma campanha nas redes sociais para incentivar as pessoas a ficarem em casa, com uma única exceção: doar sangue. Com o tema “Fique em casa”a campanha é formada por cinco peças. Uma delas pede para as pessoas doarem sangue. Ou seja, fique em casa, mas abra essa exceção e depois volte para a segurança do seu isolamento.

Campanha da Sbait reforça isolamento

O objetivo da campanha da Sbait é conscientizar a população sobre a importância do isolamento para conter o coronavírus, já que a classe médica está preocupada com um possível colapso do sistema de saúde. As outras peças falam sobre a importância de a pessoa se proteger; outra, sobre a importância de proteger quem amamos; uma terceira reforça que precisamos proteger os idosos; e uma quarta lembra que é importante protegermos os profissionais que não podem parar, como médicos, enfermeiros, repórteres, pessoal da limpeza dos hospitais, funcionários de supermercados e farmácia.

“É muito, mas muito importante que cada um faça a sua parte. E, para a maioria, a maior contribuição é o isolamento. Estamos diante de uma situação nova e sem precedente recente. Não podemos chegar a uma situação semelhante à Itália, em que temos de escolher os pacientes que serão atendidos. Isso afetaria não apenas quem está contaminado pelo coronavírus, mas todos os outros que precisam de qualquer tipo de atendimento médico”, reforça Campos.

Segundo ele, os profissionais estão tomando uma série de cuidados extras para atender às vítimas. “Já divulgamos uma série de orientações para que os cirurgiões saibam como se proteger e proteger a equipe no atendimento a um traumatizado, que pode estar contaminado. Este é um momento delicado e as equipes médicas precisam estar em segurança, afinal, muito provavelmente, em pouco tempo, vamos precisar de todo mundo para atender à população”, reforça ele, que também é cirurgião do trauma.

Para dar suporte aos cirurgiões do trauma, a SBAIT está realizando duas reuniões semanais, via telemedicina, para trocar experiência com médicos do Brasil e do exterior. “É uma forma de estarmos atentos à situação no nosso país e também de aprender com a experiência dos países que já enfrentam picos maiores que o nosso”, explica Campos. “Estamos monitorando tudo de perto e tentando nos antecipar ao máximo para estarmos preparados para qualquer situação”, finaliza.

QUEM PODE DOAR SANGUE

O Ministério da Saúde ressalta que a doação de sangue é segura, não havendo riscos para quem doa. Para receber os doadores, os cerca de 32 hemocentros no país, além de aproximadamente 500 serviços de hemoterapia – onde também são feitas coletas e uso do sangue -, estão preparados. Todas esses serviços estão disponibilizando condições de lavagem de mãos, uso de antissépticos e acolhimento que minimizem a exposição a aglomerado de pessoas. Cuidados com a higienização das áreas, instrumentos e superfícies também têm sido intensificados pelos hemocentros.

No Brasil, pessoas entre 16 e 69 anos podem doar sangue. Para os menores de 18 anos é necessário o consentimento dos responsáveis e, entre 60 e 69 anos, a pessoa só poderá doar se já o tiver feito antes dos 60 anos.

Além disso, é preciso pesar, no mínimo, 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O candidato deve estar descansado, não ter ingerido bebidas alcoólicas nas 12 horas anteriores à doação e não estar de jejum. No dia, é imprescindível levar documento de identidade com foto.

Em relação à Covid-19, são considerados doadores inaptos para a doação de sangue por um período de 30 dias aqueles que apresentarem sintomas respiratórios e febre ou se tiverem tido contato, há menos de 30 dias, com casos suspeitos ou confirmados de COVID-19.

Quem doa sangue, doa uma nova oportunidade de vida. Procure o hemocentro mais próximo e seja um doador regular independente de quem estiver precisando. Uma doação pode salvar até quatro vidas.

É importante lembrar que não há um substituto para o sangue e a disponibilidade é essencial em diversas situações e em muitos casos determinante para o sucesso de um tratamento.

Com Assessorias
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