Câncer de pulmão x tabagismo: uma relação perigosa

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O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão, o mais incidente e letal no mundo
O tabagismo é a principal causa do câncer de pulmão, o mais incidente e letal no mundo

O Novembro Azul é conhecido pelas campanhas de conscientização do câncer de próstata e da diabetes, mas também foi mundialmente escolhido para alertar a população sobre o câncer de pulmão, no denominado Novembro Branco.  Um dos tumores malignos mais comuns, o câncer de pulmão é a neoplasia que mais mata no Brasil e no mundo, sendo a responsável por uma em cada cinco mortes relacionadas à doença. Aproximadamente 85% dos pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão são ou foram tabagistas.

Um dos tumores mais incidentes, com 1,6 milhão de casos novos por ano no mundo (55% em países emergentes), o câncer de pulmão é  responsável por 18,2% de todas as causas de morte por câncer entre homens e mulheres.  As estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) para 2016 são de 28.220 novos casos de câncer de pulmão, o que representa cerca de 13% do total, sendo 17.330 homens e 10.890 mulheres. A cada ano, mais pessoas morrem de câncer de pulmão do que de câncer colorretal, câncer de mama e câncer de próstata combinados.

Neste Dia Nacional de Combate ao Câncer (27 de novembro), a oncologista clínica Tatiane Montella, médica da unidade Neotórax – Núcleo de Excelência em Oncologia Torácica, do Grupo Oncologia D’Or, explica que o câncer de pulmão é um dos tumores mais letais que existem. “O número de mortes por câncer de pulmão atualmente é maior do que o número de mortes por câncer de mama, próstata e colón juntos. São mais de 28 mil novos casos da doença por ano no Brasil”, explica.

Para Tatiane Montella, a relação íntima do câncer de pulmão com o cigarro reforça a importância das políticas antitabagistas implantadas pelo Ministério da Saúde. “Entretanto, ações específicas de conscientização e de acesso ao diagnóstico do câncer de pulmão precisam ser incorporadas para que os resultados relacionados a essa doença sejam mudados. ” Para ela, ações como o Novembro Branco são fundamentais para alertar a sociedade para a prevenção e combate à doença.

Redução na taxa de mortalidade

Um estudo inédito do Instituto Nacional de Câncer (Inca), divulgado recentemente, aponta que, pela primeira vez nas últimas décadas, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão diminuiu entre os homens brasileiros, de 18,5 por 100 mil, em 2005, para 16,3 por 100 mil, em 2014. Os dados refletem o êxito de campanhas e demais iniciativas de combate ao tabagismo, principal causa da doença.

Apesar da queda no número de mortes por câncer de pulmão entre os homens, o estudo do Inca registrou um aumento no público feminino, de 7,7 por 100 mil, em 2005, para 8,8 por 100 mil, em 2014. “Esse dado é decorrente do fato de as mulheres terem começado a fumar mais tarde do que os homens. Mantendo-se a queda na prevalência de tabagismo no Brasil nas próximas décadas, a taxa decâncer de pulmão em mulheres tende a cair”, esclarece o pneumologista.

Tratamento especializado inclui até iogaterapia

Acompanhando as evoluções no tratamento do câncer de pulmão, os centros oncológicos têm apostado cada vez mais em unidades especializadas e com assistência integral ao paciente oncológico. É o caso do Neotórax, que oferece um atendimento específico no trato das neoplasias pulmonares, com o uso de terapias complementares para o combate à doença, além de desenvolver pesquisas clínicas para o estudo de novos tratamentos.

Segundo Tatiane Montella, coordenadora do Núcleo, o diferencial da unidade é o foco em uma linha de cuidado integral dos pacientes, voltada especificamente para câncer de pulmão. “Nosso objetivo é melhorar acesso e os resultados no tratamento das neoplasias pulmonares no país”, explica. A unidade também dispõe de terapias complementares, como é o caso da Yogaterapia, projeto que conta com o apoio do Instituto Hermógenes.

Com base no trabalho desenvolvido pelo professor José Hermógenes, criador do instituto e autor de mais de 30 livros publicados sobre o assunto, as aulas são ministradas pelo professor Thiago Leão, neto de Hermógenes, e contam com exercícios respiratórios, visualizações, meditação e relaxamentos. “Além dos benefícios físicos, a Yoga também trabalha a aceitação dos fatos e ajuda na reflexão sobre como o nosso estado mental pode ajudar ou atrapalhar no tratamento”, explica Thiago.

Na Clínica de Cessação do Tabagismo, criada pelo Grupo COI (Clínicas Oncológicas Integradas) há oito anos e aberta a qualquer tabagista que deseje parar de fumar, os pacientes são acompanhados por uma equipe multidisciplinar. Primeiramente, passam por uma consulta com médico pneumologista, especialista em tabagismo, para avaliação do histórico clínico, da relação com o cigarro, do grau de motivação e de dependência da nicotina e da indicação ou contraindicação para uso de medicamentos. Após esse primeiro momento, o médico passa a acompanhar os pacientes em consultas semanais ou quinzenais e os encaminha para orientação com psicóloga e nutricionista.

Pacientes que desenvolveram doenças crônicas, como câncer ou enfisema pulmonar, se beneficiam quando param de fumar, pois o tratamento é mais efetivo. Além disso, reduzem possíveis complicações pós-operatórias e melhoram a qualidade e a expectativa de vida. “Abandonar o cigarro sempre traz benefícios. Estudos científicos demonstram que pacientes com câncer de pulmão, ao pararem de fumar, aumentaram a sobrevida em comparação aos que não pararam”, explica Ricardo Henrique Meirelles, pneumologista e responsável pela Clínica de Cessação do Tabagismo do Grupo COI.

Os tratamentos mais eficazes do câncer de pulmão foram abordados no 5º Simpósio Anual do Núcleo de Oncologia Torácica, que o Grupo COI promoveu em setembro, no Rio de Janeiro. O evento teve a participação de renomados especialistas do Brasil e de outros países e discutiu também o uso da videocirurgia nas intervenções oncológicas, a evolução da radioterapia e a diminuição dos efeitos colaterais desse procedimento, entre outros assuntos.

Novo tratamento

Na última semana, a Boehringer Ingelheim anunciou o lançamento no Brasil do afatinibe (Giotrif®), indicado como primeira linha de tratamento para o câncer avançado e/ou metastático (quando a célula do câncer está na corrente sanguínea). De acordo com a farmacêutica, o princípio ativo é altamente recomendado para os pacientes que sofrem com uma mutação que ocorre em 24% dos casos de adenocarcinomas (câncer de pulmão de não pequenas células, com mutações no receptor do fator de crescimento epidermóide) e que não foram tratados previamente com outros tipos de terapia alvo (medicamentos ou quimioterapia antes da metástase – quando o câncer se espalha além do local onde começou para outras partes do corpo – ou progressão da doença).

“O afatinibe (Giotrif®) é um tratamento de segunda geração (evolução da primeira geração de medicamentos) capaz de impedir que as células cancerígenas continuem se multiplicando. É uma terapia alvo, dirigida à alteração molecular responsável por este tipo de câncer de pulmão. Ou seja, a molécula nunca mais se desliga do receptor que sofre com a mutação, bloqueando assim sua multiplicação”, explica o oncologista Carlos Barrios, pesquisador e diretor do Grupo Latino Americano de Investigação Clínica em Oncologia (LACOG).

Segundo os especialistas, o que diferencia o novo medicamento das terapias disponíveis no mercado é o mecanismo de ação inédito. A chegada do medicamento marca uma esperança para os pacientes que buscam uma nova opção de tratamento. “O afatinibe abre novas perspectivas para pacientes com mutação do gene EGFR, por atuar de forma inédita na inibição da doença. Alguns estudos mostram que a molécula atua com redução de 27% na progressão da doença e aumento de 25% na resposta objetiva do tratamento”, afirma o oncologista Antonio Carlos Buzaid, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer, diretor geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes, da Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do Comitê Gestor do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Dia Nacional do Câncer

Em 1988, o Ministério da Saúde instituiu 27 de novembro como o Dia Nacional de Combate ao Câncer, para conscientizar a população a respeito dos riscos e das formas de prevenção contra a doença. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no ano 2030, haverá 27 milhões de casos novos de câncer, 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de pessoas vivendo com a enfermidade. O maior efeito desse aumento incidirá em países em desenvolvimento. No Brasil, o câncer já é a segunda causa de morte por doenças, atrás apenas das do aparelho circulatório.

A Sociedade Americana do Câncer (ACS) divulgou, no início deste mês, uma pesquisa estimando que o câncer poderá matar 5,5 milhões de mulheres por ano até o ano de 2030. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que serão registrados, até o final de 2016, cerca de 600 mil novos casos da doença no Brasil.

A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) também divulgou um estudo onde foi constatado que o câncer será a maior causa de morte no Brasil em 2029, inclusive superando a morte por doenças cardiovasculares, principal causa atual de óbitos. “Temos que usar a data para conscientizar a população sobre a importância de se fazer o diagnóstico prematuramente ou com ações preventivas para garantir hábitos mais saudáveis”, relata Celso Massumoto, onco-hematologista e coordenador de transplante de medula óssea do Hospital Nove de Julho.

Segundo pesquisas estatísticas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), alguns dos tipos de câncer que mais afetam os brasileiros são câncer de mama, colo de útero, próstata, linfoma de Hodgkin e não-Hodgkin e leucemias. O linfoma de Hodgkin, por exemplo corresponde a 30% de todos os linfomas, com maior pico de incidência na faixa etária de 20-30 anos e um menor pico após os 50 anos. Já o linfoma de não-Hodgkin acomete pessoas com mais de 60 anos. Os linfomas atingem homens e mulheres e ainda não se conhece a causa exata.

Cânceres são condições em que células incomuns se dividem de forma incontrolada, destruindo os tecidos do corpo. O médico alerta que maus hábitos como beber, fumar e obesidade podem enquadrar a pessoa num grupo de risco de ter câncer futuramente, além das causas como a pré-disposição genética. “Embora mudanças de hábito possam ajudar ao combate de neoplasias malignas, ainda não conseguimos prevenir (com raras exceções) o surgimento do câncer. O diagnóstico precoce é um aliado fundamental na luta contra a doença”, diz Massumoto.

Sobre câncer de pulmão

Causas
O estilo de vida está diretamente relacionado ao surgimento do câncer de pulmão. A principal causa é o tabagismo, mas a doença também está relacionada a excesso de radiação, poluição, sedentarismo e até alimentação.

Sintomas

Os sintomas iniciais do câncer de pulmão são semelhantes a uma gripe, que parece nunca melhorar. Por isso, o diagnóstico muitas vezes é tardio. Os sinais e sintomas mais comuns do câncer de pulmão são: tosse, dor no peito, rouquidão, perda de apetite, falta de ar, fadiga, tosse com expectoração mucosa, tosse com expectoração com sangue e infecções.

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de pulmão é feito a partir de exames de tomografia e confirmado por meio de uma biopsia do tecido pulmonar. Em caso de resultado positivo para adenocarcinoma, o tipo mais comum de câncer de pulmão, é obrigatória a realização de um exame genético (molecular) para identificação do tipo de mutação presente.

 Fontes: Neotórax, Grupo COI e  Boehringer Ingelheim, com redação

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