Saúde emocional durante o isolamento social: o que fazer

Médico psiquiatra Leonard Verea e psicóloga Elaine Ribeiro mostram os impactos do novo coronavírus na mente e como vencer o medo do desconhecido

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* Por Elaine Ribeiro

Vivemos tempos difíceis e incertos frente à pandemia de coronavírus, que exige de nós muitas mudanças. Por exemplo, novas jornadas de trabalho, isolamento social, adiar compromissos, aumentar os cuidados com higiene pessoal e limpeza dos ambientes e, especialmente, atitudes e posturas responsáveis para evitar o pânico ou aumentar estados ansiosos.

É um grande desafio para um mundo que nos pede para sermos ativos e produtivos o tempo todo. Porém, a não transmissão desse vírus só será possível se tivermos um comprometimento pessoal em favor do coletivo. Conscientes de nossas responsabilidades para frear a disseminação do Coronavírus, é importante também estarmos atentos a ansiedade gerada em muitas pessoas, e agravada naqueles que já sofrem com transtornos de natureza ansiosa.

Sendo assim, com objetivo de manter o equilíbrio mental e a nossa saúde, podemos recomendar, especialmente àqueles que podem desenvolver quadros de ansiedade, que evitem confirmar a todo momento notícias de casos de infectados e mortos, pois, ao ficar em estado de alerta, fazem projeções ou criam cenários que podem ser piores do que o real. Também é extremamente importante acessar fontes confiáveis de informação, priorizando os canais de órgãos oficiais e meios jornalísticos tradicionais.

Use sua disposição para atitudes de prevenção e cuidado. Não quebre a quarentena por razões que não estejam previstas neste tempo; não subestime os fatos, esteja, dentro do possível, agindo com segurança. Evite grupos de whatsapp ou redes sociais que propagam um grande número de informações, muitas vezes, sem fonte confiável. A sobrecarga de informações é altamente prejudicial!

Procure atividades dentro de casa que possam ocupar seu tempo de maneira útil: leia livros, assista filmes, organize sua casa, veja coisas que estavam pendentes e não eram feitas porque você não encontrava tempo. Compreenda que não conseguimos controlar tudo, porém, algumas coisas estão ao nosso alcance!

Seja realista, mas evite o pessimismo, pois ele aumentará sua angústia. Procure conversar sobre seus sentimentos com pessoas que possam aceitá-los e não influenciá-lo para que fique ainda mais ansioso. Ouça música! Uma boa trilha sonora poderá ajudar, e muito, seu estado de humor. Desenhar, pintar, propor jogos em família e fazer uma prática relaxante pode ser bastante útil.

Embora o tempo seja de distanciamento no convívio social, use os meios digitais para aproximar-se de amigos e familiares. Mantenha uma boa rotina de sono e alimentação saudável, pois isso contribui para o aumento da resposta imunológica. Entenda a mudança como uma necessidade para um bem maior, porque ao relutar em ter pequenos gestos, você pode colocar em risco seu processo emocional ou de seus parentes.

É tempo de nos revermos, de aceitarmos mudanças repentinas, pois precisamos deste comprometimento coletivo. Ninguém gosta de viver aprisionado, mas este sentimento pode ser amenizado a partir da forma como você avalia as situações.

Não é “prisão”, é colaboração! Também não é necessário negar a situação, mas, sim, reduzir nosso ritmo de vida, rever nossas posturas e, se necessário, buscar ajuda. Muitos psicólogos estão mantendo atendimento online. O Centro de Valorização da Vida (CVV) está com linhas abertas para o contato telefônico pelo número 188, e muitas iniciativas solidárias têm mostrado que precisamos ter esperança, sempre!

*Elaine Ribeiro é psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.

  • Coronavírus: o impacto na saúde mental e emocional

  • Por Leonard Verea*

Com os casos de coronavírus crescendo rapidamente, o clima geral é de medo. E é natural esse sentimento, pois como a cura para a doença ainda está sendo pesquisada, o desconforto e insegurança aumentam de forma veloz. Porém, é extremamente necessário manter a calma, para não gerar ansiedade ou crise de pânico, pois se cada um fizer a sua parte, vamos passar por essa crise com as menores consequências possíveis.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) está instruindo a população em parceria com a mídia, com informações detalhadas e o passo a passo que todos devem fazer para se proteger e não disseminar o vírus. Então, diante deste trabalho alinhado, as pessoas podem seguir as orientações e aproveitar a ocasião (por mais preocupante que seja), de uma forma mais leve, dando ênfase para o lado positivo.

Sugiro aproveitar a quarentena para se redescobrir fazendo coisas novas, descobrindo talentos adormecidos, como cozinhar, costurar e até mesmo resgatar as brincadeiras de infância com os filhos, sobrinhos e netos. Aproveitar o tempo livre para assistir um filme, aprender algo novo ou absorver informações novas.

E a dica principal é usar o bom senso e evitar o pânico, pois sobrecarregar sem necessidade os hospitais, acaba prejudicando os atendimentos de emergência. Precisamos entender que o mundo está se adaptando a essa situação e o melhor é agir de forma preventiva.

Mesmo sabendo que os que fazem parte dos grupos que estão mais suscetíveis a pegar o Covid-19 são os idosos e as pessoas com a saúde debilitada, a população como um todo se sente ameaçada e amedrontada. São milhares de informações a todo o momento, sem contar as notícias falsas e tendenciosas que acabam se espalhando. É inevitável surgir um misto de insegurança e uma grande necessidade de autoproteção.

Imagine que em uma escala de valores, a crise de pânico começa com a falta de conhecimento, pois a pessoa vive em um estado de tensão que ela não controla. A partir do momento que essa ansiedade se exacerba entra uma sensação de medo, impotência, desanimo e finalmente a sensação de pânico, onde ela acredita que não tem mais saída, que não tem mais opções.

Precisamos aumentar o nosso nível de tolerância para aguentar a pressão, as cobranças e a agressão que essa situação está provocando na população como um todo.

Para as pessoas que já sofrem de algum problema emocional ou para quem é mais sensível em relação a momentos de crise, sugiro processos terapêuticos que possam contribuir para melhorar o bem-estar e a tranquilidade, a fim de superar esse momento mais tenso.

É necessário um cuidado alimentar mais criterioso, priorizando alimentos saudáveis. Também é importante investir na higiene mental, é válido estar atualizado sobre as notícias, mas buscar um equilíbrio para relaxar, como ler um bom livro ou fazer algo que dê prazer.

De uma forma geral, as pessoas são resistentes a tomar medicamentos, com medo da dependência que eles podem causar, mas é importante que entendam que o fármaco, se ministrado de maneira adequada, assim como retirado de forma correta, fará com que os episódios de ansiedade sejam enfrentados com mais equilíbrio pelo paciente e não os causará uma sensação de necessidade.

Reforço que a população não deve ficar com medo de remédios para depressão ou pânico, pois o especialista cuidará do equilíbrio e da dosagem certa para que o remédio cumpra o efeito desejado.

E, para finalizar, intensifico as dicas para aproveitar esse período para fazer coisas prazerosas. Ficar em casa pode ser um bom momento para organizar os armários ou colocar os exercícios em dias, mas também para organizar a mente, passar um tempo com a família e dar aquela respirada que tanto pedimos nos momentos de caos que a nossa rotina proporciona.

* Leonard F. Verea é médico, especialista em medicina psicossomática e hipnose clínica. Formado pela Faculdade de Medicina e Cirurgia de Milão, Itália, atua no Brasil como psiquiatra e médico do trabalho desde 1985.  

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