Lavar as mãos corretamente evita doenças e infecção hospitalar

Ao menos 70% das infecções em hospitais poderiam ser evitadas com uma higiene eficiente, segundo a OMS. Especialistas explicam como medidas simples podem salvar vidas

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Um vídeo que circulou pela internet – e que nós publicamos aqui –  mostra um estudo feito pela Universidade de Connecticut (EUA) sobre os secadores automáticos de mão em banheiros que funcionam como multiplicadores de bactérias. Agora pense nas atividades diárias de uma pessoa. Ela pega ônibus, manuseia celular, toca campainha, abre portas, usa o banheiro…  Então, imagine a quantidade de germes e bactérias com que ela entra em contato.

De acordo com estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, até 80% de todas as infecções são transmitidas pelas mãos. Além das bactérias, os vírus também se proliferam pelas mãos e superfícies contaminadas: já foram encontrados norovírus, rotavírus, influenza e adenovírus. Aier Adriano Costa, coordenador da equipe médica do Docway, explica que as mãos são as principais vias de transmissão de germes e micro-organismos. “Se não mantivermos as mãos limpas, atos simples como coçar os olhos, o nariz e a boca, podem colocar sua saúde em risco”, comenta.

Por isso, lavar as mãos vai muito além de um simples hábito de higiene e pode prevenir contra diversos tipos de doenças, principalmente as infectocontagiosas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que com este simples ato é possível reduzir em até 40% o risco de doenças infectocontagiosas, como gastroenterites,  diarreia, gripe, resfriados, conjuntivite e infecção por estreptococos. 

Risco de infecções hospitalares

O problema vai mais além. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde cerca de 500 mil pacientes são infectados, diariamente, ao redor do mundo, e 16 milhões de pacientes morrem por ano, vítimas de infecções hospitalares (conhecidas no meio hospitalar como sepse) – mais do que a Aids, a tuberculose e a malária juntas.

Os dados reforçam a necessidade de se higienizar de forma rigorosa as mãos. Pelo menos 70% das infecções relacionadas à assistência à saúde poderiam ser evitadas com este ato muito simples, mas que merece atenção, principalmente no ambiente hospitalar.

Tatiana Freitas, mestre em enfermagem (UFF), diz que no Brasil, apesar de ser obrigatório a notificação sobre o número de mortes e complicações causadas por infecções hospitalares, o movimento dos hospitais em relação a isso ainda é tímido. Segundo a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa, a análise dos resultados apresentados deve ser feita com ressalvas, já que alguns hospitais apresentam taxas zeradas de infecção, podendo indicar por exemplo, subnotificação.

Dia Mundial de Higienização das Mãos

Diante deste cenário, o Dia Mundial de Higienização das Mãos, celebrado em 5 de maio pela OMS, reforça a necessidade desse tipo ação na prevenção das infecções hospitalares e na garantia de segurança ao paciente. Em 2018, a Campanha Mundial Salve Vidas: Higienize suas mãos, estimulada pela OMS, traz como tema: “Está em suas mãos prevenir a sepse na assistência à saúde”.

“Além de ainda não ser possível detalhar o cenário brasileiro, também não se torna simples transformar esse ato em rotina em nosso dia a dia”, afirma Tatiana. Para ela, a higienização correta das mãos, mesmo ainda sendo um tabu dentro do ambiente hospitalar, é a medida mais simples e eficaz na prevenção de infecções relacionadas à saúde.

O grande desafio dos hospitais é a adesão efetiva à higiene das mãos e a sua manutenção. Estudos já apontaram que, para cada um dólar investido no programa de higiene das mãos, há uma economia de US$ 23,70 no orçamento do hospital “, completa ela.

Medida importante durante o período mais frio do ano

Ainda segundo a enfermeira, a higiene nas mãos não pode ser algo rotineiro apenas no ambiente hospitalar, mas também quando estamos em casa e até no trabalho. “Com a chegada do frio, é comum às pessoas ficarem mais próximas e em lugares fechados, facilitando a disseminação de algumas doenças transmitidas pelo ar. E nesta época as principais doenças são as infecções respiratórias como, por exemplo, a gripe.

“Por isso a importância de mantermos a atenção total a higiene das mãos. Não importa qual seja o ambiente todos os profissionais devem higienizar suas mãos, sempre preferindo o uso do álcool”, finaliza Tatiana, que é especialista de produto da linha de Prevenção de Infecção da B. Braun.

Onde os germes se escondem

Muitas pessoas têm o hábito de levar os celulares para todos os lugares, até no banheiro. E o que se encontra nestes locais? Uma infinidade de germes e bactérias. Um estudo realizado pela Universidade Nacional de Cingapura analisou as colônias de bactérias que se proliferam nas mãos após atitudes do cotidiano, como manusear o celular, empurrar um carrinho de supermercado, utilizar uma esponja para lavar louça, usar um banheiro público e até escolher as opções em um cardápio.

Staphylococcus aureaus foi encontrado nas mãos de quem usou carrinhos de supermercado. Além das promoções, as prateleiras e mobiliários destes estabelecimentos oferecem uma quantidade grande de bactérias.

 “Trata-se de um ambiente repleto de todos os tipos de microrganismos. A pessoa que não higieniza as mãos transporta estes germes por onde passa”, alerta Francisco Bandeira. Há estudos que encontraram a bactéria fecal enterococus, em corrimãos, maçanetas e bancos em áreas como museus e no transporte público.

Até naquele cafezinho no meio do dia você pode ter a companhia de bactérias. O cardápio, que circula de mão em mão durante todo o dia, carrega bactérias que criaram colônias rapidamente durante o teste. Quem tem animais de estimação também precisa ficar atento a higiene. Os brinquedos que os cachorros mordem e ficam em contato com a saliva deles oferecem condições perfeitas para as bactérias se proliferarem.

Os focos de bactérias também estão em utensílios para limpeza. O estudo provou que as esponjas não são tão limpas quanto pensamos. Como a grande quantidade de germes presentes na esponja. O estudo registrou que as colônias individuais presentes na amostra coletada se fundem e tomam conta de toda a placa utilizada no teste, ação conhecida como “crescimento confluente”.

Após ir ao banheiro ou manipular cédulas

Lavar as mãos com a frequência e da forma correta pode não estar na rotina das pessoas como deveria. O hábito deve ser obrigatório, principalmente, antes da produção de alimentos, depois de ir ao banheiro, antes e depois de se alimentar, depois de utilizar transporte público e manipular dinheiro ou outros objetos considerados “sujos”.

Se as pessoas se conscientizassem da importância da higienização das mãos, incluiriam esse simples hábito na rotina. Não existe uma quantidade ideal, mas “situações chave”, que podem evitar a transmissão de muitas doenças”, alerta Marcus Cardoso, infectologista do Hospital Quinta D’Or.

A atenção à higienização deve ser redobrada na mão com a qual se possui mais habilidade, pois segundo especialistas, as pessoas destras costumam lavar a mão esquerda muito bem, mas esquecem o polegar direito. Já para os canhotos, a situação é inversa.

O modo correto de higienizar as mãos

Dia Mundial de Higienização da Mãos_Perinatal

A correta higienização é feita com água e sabão. Apenas os dois têm o poder de tirar a sujidade das mãos e matar os microrganismos.  Dr. Marcus orienta que se comece pela palma das mãos, esfregando uma na outra. Em seguida, esfregar a palma da mão direita no dorso da mão esquerda e vice-versa.

O terceiro passo é lavar bem os dedos, limpando um a um para que nenhum deles seja esquecido, e os interdígitos, isto é, o vão dos dedos, além dos polegares. Por último, fazer um gesto como se fosse pegar um punhado de algo e esfregar a ponta dos dedos nas palmas das mãos e lavar embaixo das unhas.

O ideal é lavar as mãos várias vezes ao longo do dia. Além disso, é imprescindível lavar as mãos antes e depois das refeições, assuar o nariz ou usar o banheiro. Também é fundamental higienizar as mãos antes e depois de utilizar transporte público. Os ônibus e metrôs são lugares muito propícios para termos contato com bactérias.

Para completar, o médico alerta as pessoas que usam lentes de contato. “Antes de colocar e tirar as lentes, as mãos devem estar bem limpas. Contaminar as lentes pode fazer com que a pessoa tenha conjuntivite e tenha que se desfazer das lentes mais cedo do que o comum”, detalha o especialista.

Álcool gel é bom, mas não substitui água e sabão

Outra opção para quando não se tem acesso a locais com água e sabão é o álcool em gel. Esta é uma opção para quem passa muito tempo na rua e não consegue parar em todos os lugares para lavar as mãos. O produto serve para desinfetar e matar qualquer tipo de bactéria, desde que sua concentração seja de 60% a 80%.

Entretanto, apesar de ter uma duração prolongada, ele não substitui a lavagem com água e sabão. “O álcool em gel reduz a carga bacteriana, mas não tira a sujeira das mãos. Portanto, mesmo após o uso do álcool, recomenda-se a higienização com água e sabão”, destaca o infectologista.

Segundo a enfermeira Tatiana, o álcool em gel também é indicado para uma higienização efetiva, mesmo que não haja sujeira aparente nas mãos. “O álcool tem uma importante ação contra os multirresistentes. Além disso, essa técnica utiliza menos tempo e contribui na redução dos gastos, com água, dentro dos hospitais”, afirma.

A enfermeira lembra que, ainda existem alguns fatores importante vistos na estratégia multimodal, muitos hospitais hoje possuem dificuldades na implementação do programa: infraestrutura, produtos de qualidade, educação e treinamento.  O ideal é colocar uma quantidade de álcool gel na palma das mãos (suficiente para antigir todas as superfícies).

Segundo ela, além de ser um importante aliado no combate às infecções hospitalares, o Softalind Visco Rub, álcool gel da B. Braun para fricção antisséptica das mãos, auxilia também no combate à gripe H1N1. Composto de etanol e n-propanol, o produto é testado contra o vírus H1N1 e pode reduzir as chances de transmissão caso a higienização das mãos seja realizada corretamente.

Cuidado com os olhos passa pela higiene das mãos

O hábito de lavar corretamente as mãos evita várias doenças, inclusive as oculares. A conjuntivite é uma dessas doenças que pode ser propagada pelo contato direto. Francisco Bandeira, diretor do H.Olhos São Gonçalo, reforça a necessidade de se estimular este hábito, criando essa rotina a partir da educação para a saúde.

Além de evitar lugares muito cheios, é importante manter as mãos sempre limpas e, principalmente, evitar tocar os olhos. Até um aperto de mão pode ser uma porta aberta para o contágio da conjuntivite”, alerta o oftalmologista.

Inflamações nos olhos podem ser causados por bactéria ou vírus, mas também podem ter origem autoimune, tóxica ou alérgica. “Como as origens são variadas, consulte sempre o oftalmologista. Ele é o profissional apto a identificar a causa e indicar a conduta mais adequada em cada caso”, orienta. “E mantenha sempre as mãos limpas!”.

Germes que podem causar doenças oculares

Staphylococcus aureus: bactéria que pode causar dor, vermelhidão e inchaço nos olhos. Comumente encontrada na pele e nas fossas nasais de pessoas saudáveis, pode provocar desde doenças leves até pneumonia e meningite

Adenovírusaltamente contagioso, é uma das causas mais comuns de conjuntivite. A pessoa pode adquiri-lo ao entrar em contato direto com um indivíduo infectado ou tocar em um objeto contaminado

Pseudomonas aeruginosaa má conservação de soluções de lente de contato e de piscinas também podem afetar a visão. Esta bactéria encontra ambientes favoráveis para sua proliferação em áreas úmidas, como lavatórios, sanitários, banheiras.

Haemophilus influenzaeesta bactéria atinge principalmente crianças de até 5 anos de idade e é uma das causas mais comuns de olhos rosados entre bebês e crianças pequenas

Estreptococoeste gênero de bactéria é responsável por infecções da córnea, visão embaçada e olhos rosados.

Perinatal leva higienização das mãos a escolas

A Perinatal, que anualmente prepara ações internas para data, resolveu ir “Além dos Muros” e abordar esse tema entre crianças e jovens da Rede Pública de Ensino. Profissionais de saúde da instituição irão até as escolas para falar sobre a importância desse hábito, que previne doenças e infecções. A primeira escola a participar da ação é a Creche Sant’Anna, em Laranjeiras. A ação contará com dinâmicas em grupo, brincadeiras e exercícios didáticos.

Segundo Joana Freire, enfermeira responsável pelo serviço de controle de infecção hospitalar da Perinatal de Laranjeiras, lavar as mãos é algo que deve ser discutido e ensinado, não apenas aos profissionais de saúde. “Toda a sociedade precisa compreender a importância dessa prática. Crianças que são ensinadas a higienizar as mãos crescem adultos mais conscientes, principalmente em ambientes hospitalares”.

A profissional explica que uma atitude simples como essa pode prevenir diversas complicações. “A higienização das mãos é a medida mais singela e eficaz no combate as infecções relacionadas à assistência à saúde”, finaliza.

Da Redação, com Assessorias

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