Mais de 2 mil vidas salvas de infecções hospitalares no Brasil

Entre janeiro de 2018 e julho deste ano, houve uma redução de 6.242 casos em UTIs de 116 hospitais públicos e privados que atendem ao SUS

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Um projeto do Ministério da Saúde, em parceria com hospitais privados, conseguiu reduzir entre janeiro de 2018 e julho deste ano 6.242 casos de infecções hospitalares em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) em 116 hospitais públicos e privados sem fins lucrativos que prestam serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS), nos 24 estados brasileiros. A ação resultou em 2.199 vidas salvas e R$ 291 milhões economizados.

As reduções ocorreram nos três tipos principais de infecções hospitalares comuns nas UTIs: corrente sanguínea associada ao cateter venoso central (queda de 46%); pneumonia associada à ventilação mecânica (redução de 51%) e trato urinário associada ao cateter vesical (diminuição de 68%).

Os resultados são fruto do “Projeto Saúde em Nossas Mãos – Melhorando a Segurança do Paciente em Larga Escala no Brasil”, realizado de forma colaborativa entre os hospitais participantes do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), com apoio do Institute for Healthcare Improvement (IHI). Participaram da parceria o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês.

Sabemos que dispositivos invasivos, como cateteres e aparelhos de ventilação mecânica, aumentam os riscos de infecções hospitalares dentro das UTIs. Com esse projeto estamos trazendo novas formas de atuação, por parte dos profissionais de saúde, para garantir a segurança dos pacientes e evitar possíveis complicações durante a internação, com mudanças diárias de rotina”, explicou Luiz Otavio Franco Duarte, secretário de Atenção Especializada à Saúde do MS.

Apoio durante a pandemia

Com a pandemia do novo coronavírus, o projeto voltou esforços para ajudar estados e municípios a educar profissionais de saúde e prepará-los para enfrentar uma rotina ainda mais intensa nas UTIs no manejo dos pacientes, manutenção adequada das estruturas hospitalares e cuidados preventivos próprios;

As UTI estão sendo bastante demandadas neste período de pandemia, assim como cuidados muitas vezes invasivos, como a ventilação mecânica. O ambiente, por si só, é mais propício às infecções hospitalares e para evitar que elas ocorram estamos informando e trazendo novos protocolos de atendimento”, concluiu o secretário.

As equipes implementam, junto aos hospitais beneficiados, melhorias de processos de acordo com planos pré-estabelecidos e adaptados à realidade e aos recursos de cada UTI. O acompanhamento dessas instituições, que antes da Covid-19 ocorria periodicamente em Sessões de Aprendizagem Presenciais (SAP), está ocorrendo à distância, dando continuidade ao monitoramento dos indicadores que avaliam o progresso das ações.

A Covid-19 é uma doença que demanda cuidados adicionais nas UTIs, com frequente uso de dispositivos invasivos, em situações de emergência, o que causa um maior risco de infecções. A distribuição de materiais informativos, como protocolos de atendimento, uso seguro dos EPIs, higiene das mãos e planos de contingência já eram práticas muito utilizadas no projeto, e foram reforçadas nesse período”, finaliza Claudia Garcia.

Como funciona o projeto ‘Saúde em Nossas Mãos’

O “Projeto Saúde em Nossas Mãos” leva aos hospitais participantes metodologias e suporte na implementação de novos processos para diminuir as infecções hospitalares, conforme a realidade e a necessidade de cada unidade hospitalar, por meio de planos de ação pré-estabelecidos.

Entre as medidas está a mudança de ações simples e rotineiras e a integração das equipes. Durante a implementação, todos os profissionais de saúde envolvidos podem dar sugestões e criar formas de garantir ainda mais a segurança dos pacientes sob cuidados intensivos.

O projeto orienta os profissionais das UTIs participantes para usar metodologias e ferramentas da qualidade que auxiliam na implementação de novos processos, de forma colaborativa e sustentável, diminuindo dessa forma os índices de infecções hospitalares e melhorando a segurança do paciente durante a sua permanência na UTI.

Um dos principais desafios enfrentados é engajar os profissionais locais na mudança de ações simples e rotineiras e na integração das equipes, para que haja um fluxo mais harmonioso, onde todos dão sugestões e criam soluções para garantir ainda mais a segurança de todos”, diz a coordenadora do projeto, Claudia Garcia de Barros.

Mudança de modelo mental nos profissionais de saúde

Mais do que implementar novos processos e metodologias, o projeto promove mudanças profundas no dia a dia dos profissionais de saúde que fazem parte da iniciativa. É o que explica a enfermeira do Hospital Geral de Cuiabá (MT), Alessandra Aparecida Sia.

Esse projeto mudou totalmente a minha visão de assistência ao paciente. Por meio das metodologias do projeto, percebi que é possível fazer muito pelo paciente mesmo com poucos recursos. Por meio de uma simples lavagem de mãos, o cuidado com a bolsa coletora, um curativo de acesso central feito adequadamente, é possível salvar vidas e garantir um atendimento muito mais rápido e seguro” .

Eliane Pereira, chefe da UTI do Hospital Universitário Onofre Lopes, de Natal (RN), também conta um pouco mais sobre sua experiência. “O nosso dia a dia não é mais o mesmo. Nós estamos, constantemente, pensando em como podemos melhorar, testando pequenas mudanças na rotina. Mesmo com os desafios da pandemia, conseguimos perceber que isso ficou no coração e na mente da nossa equipe”.

Sobre o Proadi-SUS

O PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde) foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS (Sistema Único de Saúde) por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde.

Hoje, o programa reúne cinco hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês.

Esses cinco hospitais sem fins lucrativos prestam serviços ao SUS e são referência em qualidade médico-assistencial e gestão. O PROADI-SUS é mantido com recursos dos hospitais participantes como contrapartida da imunidade fiscal. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS.

Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se: redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil.

Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse: http://hospitais.proadi-sus.org.br

Da Agência Saúde e Proadi-SUS, com Redação

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