Quando uma simples tontura pode ser sinal de AVC

5% dos casos de vertigem aguda com náuseas e vômitos são decorrentes de derrame. Na Semana da Tontura, especialista esclarece dúvidas

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Cerca de 5% dos casos de vertigem aguda, associada a náuseas e vômitos, atendidos em pronto-socorro e ou unidades de emergência são decorrentes de acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral. Mas nem sempre em tais locais de pronto atendimento hospitalar existe a disponibilidade de tomografia computadorizada como recurso diagnóstico imediato. O alerta é de Jeanne Oiticica, médica otorrinolaringologista, otoneurologista e chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

“A tontura deve sempre ser investigada. Pode ser uma coisa simples e de fácil resolução. Entretanto, independentemente do motivo, quanto mais cedo se procura ajuda maiores serão as chances de recuperação rápida, e menores serão as probabilidades de sequelas, do problema se tornar crônico, persistente e duradouro”, alerta.

Entre os dias 22 e 28 de abril acontece a Semana da Tontura e este ano o tema central é “Tontura é Coisa Séria”. Cerca de 50% dos casos da tontura estão relacionados a doenças de ouvido e outros 40% a doenças neurológicas. Nas unidades de emergência, a vertigem deve ser levada a sério e investigada. O foco é verificar se a vertigem aguda é de causa periférica ou central.

De acordo com a dra Jeanne, esse diagnóstico diferencial é fundamental. Além do AVC, enxaqueca, diabetes, doenças da tireoide, colesterol alto, infecções de ouvido ou do nervo do labirinto, osteoporose, TPM (tensão Pré-menstrual) e climatério são causas possíveis de tontura.

Ao contrário do que muitos pacientes imaginam, a tontura nem sempre está relacionada à labirintite. “A labirintite era bem mais frequente no passado, pela elevada incidência e prevalência de infecção de ouvido, cujas toxinas muitas vezes progrediam e acometiam o labirinto. Hoje em dia, com a evolução em pesquisas científicas e o surgimento dos antibióticos de última geração, este quadro clínico é bem menos visto na prática clínica corriqueira. Portanto, o termo mais correto a ser usado na atual realidade é Labirintopatia”, esclarece.

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RISCO DE QUEDAS

Mais frequente em idosos, a tontura preocupa os especialistas, principalmente por elevar, significantemente, o risco de quedas (30% das quedas em idosos decorrem de distúrbios do equilíbrio). Vale ressaltar que as quedas representam a causa mais comum de mortes em pessoas nesta faixa etária.

A presença de dificuldade na marcha, falta de coordenação e desequilíbrio, dificuldade para falar, formigamento, dormência ou paralisia na face (em geral de um lado só), escurecimento da visão ou visão borrada pode indicar comprometimento do sistema nervoso central. No caso de dor de cabeça súbita, acompanhada de náuseas, vômitos e vertigem, o derrame ou acidente vascular cerebral (AVC) precisa necessariamente ser descartado.

Prevenção

Alguns hábitos do dia a dia podem contribuir para evitar o aparecimento da tontura:

  • Preferir alimentação saudável e fracionada
  • Não fumar
  • Evitar álcool
  • Evitar doces e guloseimas
  • Praticar exercícios físicos regularmente
  • Dormir bem
  • Prevenir o estresse
  • Beber bastante água
  • Fazer check-up anual

Testes básicos

A especialista explica ainda que os sinais apresentados na tontura periférica podem apontar para diagnósticos como neurite vestibular (vertigem aguda desencadeada por falência súbita do nervo vestibular de um lado do crânio causada por infecção viral) ou VPPB (vertigem aguda associada ao posicionamento de cabeça desencadeada pelo desprendimento de partículas ou cristais ou cálculos de um determinado compartimento do labirinto para outro, onde não deveriam estar presentes). Já no caso da vertigem aguda central, problemas mais graves, como AVC de fossa posterior ou tronco cerebral ou cerebelo podem fazer parte do diagnóstico.

Existem três testes básicos, os chamados “bedside tests” que podem ser feitos à beira do leito e que decifram o local da vertigem (no labirinto, no órgão periférico ou no sistema nervoso central). São eles:

(1) a pesquisa do reflexo vestíbulo-ocular por meio do “head impulse test”,

(2) a pesquisa de nistagmo multidirecional por meio do “teste semiespontâneo”, e

(3) a pesquisa de estrabismo vertical por meio do “skew deviation test”.

A Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) preparou vídeo que explica sobre os sintomas e os cuidados com a tontura. Confira!

 

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