Sarampo: crianças são as principais vítimas

Brasil tem terceira morte de crianças. Dos 658 casos no Estado do Rio desde o ano passado, 412 foram registrados em crianças com até 9 anos, ou 62,6%

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

Mesmo com o novo coronavírus (Covid-19) em evidência no Brasil e no mundo, o Ministério da Saúde também está atento e tem alertado a população quanto à importância da vacinação contra o sarampo. As crianças são mais suscetíveis às complicações da doença. Nesta semana, o país registrou o terceiro óbito por sarampo, sendo todos de crianças.

Dos 658 casos no Estado do Rio de Janeiro desde o ano passado, 412 foram registrados em crianças com até 9 anos, ou 62,6%. De janeiro até o dia 3 de março, a Subsecretaria de Vigilância em Saúde da SES confirmou 196 casos de sarampo no estado e um bebê de 8 meses morreu com a doença.

Diante da gravidade maior da doença entre os pequenos, desde agosto de 2019, o Ministério da Saúde passou a adotar, como medida preventiva, a chamada ‘dose zero’. Assim, todas as crianças de seis meses a menores de 1 ano devem ser vacinadas contra o sarampo. Basta que os responsáveis procurem os postos de saúde durante todo o ano.

Vale lembrar que esta dose não é considerada válida para fins do Calendário Nacional de Vacinação, devendo ser agendada, a partir dos 12 meses (primeira dose), a vacina tríplice viral; e aos 15 meses (segunda dose) a vacina tetra viral ou tríplice viral mais varicela, respeitando o intervalo de 30 dias entre as doses.

Rio promove mais um Dia D de Vacinação

Com apenas 23% da meta alcançada até o momento, o Estado do Rio de Janeiro realizada neste sábado mais um Dia D contra o sarampo este ano. A ação envolve os postos de saúde de 92 municípios fluminenses e faz parte da Campanha Nacional de Vacinação contra a doença, que prossegue até sexta-feira que vem, dia 13. A meta é imunizar pessoas na faixa etária de seis meses a 59 anos, não vacinadas ou com vacinação incompleta.

A meta do governo estadual é vacinar durante a campanha três milhões de pessoas, entre seis meses e 59 anos de idade, a fim de evitar uma possível epidemia da doença.  Desde o início da campanha, que começou em 13 de janeiro, cerca de 700 mil pessoas foram imunizadas em todo o estado, apenas 23,3% da meta definida pelas autoridades sanitárias estaduais.

O horário de vacinação nos postos municipais é definido por cada prefeitura. No Rio de Janeiro (capital) é das 8 às 17 horas. É importante levar a caderneta de vacinação para ser avaliada pelos profissionais da unidade. Este é o terceiro sábado que as unidades estarão abertas e poderão atender as pessoas que não podem comparecer em dias úteis. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) terá equipes em caminhões itinerantes para ajudar a imunizar moradores de quatro cidades: Rio de Janeiro, São Gonçalo, Japeri e Arraial do Cabo, das 8h às 14h.

A Campanha Nacional de Vacinação contra Sarampo, com foco na população de 5 a 19 anos, termina no dia 13 de março. Dados preliminares apontam que, a partir do início da ação (10/2) até o dia 2 de março, foram vacinadas 28.783 pessoas nessa faixa etária. Este é o número informado, até o momento, pelas secretarias estaduais de saúde.

Nesta terceira etapa, a meta é vacinar 3 milhões de pessoas. Desde o início da campanha, em janeiro, até o dia 02 de março, 99,6 mil pessoas receberam a vacina. A principal medida de prevenção e controle do sarampo é a vacinação, disponível durante todo o ano nos 42 mil postos de saúde do país. Para viabilizar a campanha, além das demandas de rotina, o Ministério da Saúde enviou neste ano 3,9 milhões de doses da vacina, 9% a mais que o solicitado pelos estado.

No fim do dia, a SES anunciou que desde o início da campanha, em 13/01, 1 milhão de pessoas foram imunizadas. No entanto, o número representa apenas um terço da meta do governo estadual, de 3 milhões.

Saiba mais sobre o sarampo

Próximo foco é público a partir dos 20 anos

Dando continuidade às ações em 2020, outras duas etapas de mobilização nacional devem ocorrer, além da prevista para este mês de fevereiro. As próximas etapas vão ocorrer com foco nos públicos de 20 a 29 anos de idade e de 20 a 59 anos.

A mobilização nacional de vacinação contra o sarampo é uma estratégia do Ministério da Saúde para interromper a transmissão e eliminar a circulação do vírus no Brasil. A ação faz parte do Movimento Vacina Brasil, do Ministério da Saúde, que visa ampliar a cobertura vacinal de crianças e jovens, incluindo faixas etárias que ainda não haviam sido convocadas e nem vacinadas, evitando o risco de propagação da doença no país.

As duas primeiras etapas já ocorreram em 2019, com a realização de campanhas nacionais, em outubro, de crianças de seis meses a menores de 5 anos de idade. E, a segunda etapa, aconteceu em novembro para a população de 20 a 29 anos.

Rio leva vacina até em caminhões

A SES age desde o ano passado de forma preventiva com relação ao sarampo. Antecipamos o início da campanha, promovemos o primeiro Dia D em fevereiro, e treinamos médicos, enfermeiros e técnicos para identificar sintomas da doença”, explicou Edmar Santos, secretário de Estado de Saúde.

Neste sábado, caminhões da SES estarão nos seguintes endereços: Praça Almirante Júlio de Noronha, no Leme (Rio de Janeiro); Praça do Relógio, no Alcântara (São Gonçalo); Praça Olavo Bilac, Engenheiro Pedreira (Japeri); e Rua Almirante Tamandaré, no bairro Canaã (em frente ao Hospital de Arraial do Cabo). Um ponto fixo também será montado no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, Zona Norte carioca.

Também utilizamos caminhões itinerantes para percorrer várias cidades e instalamos pontos fixos de vacinação em locais com grande circulação de pessoas, como a Rodoviária Novo Rio, Aeroporto Santos Dumont, estação de metrô, entre outros. Os cidadãos fluminenses precisam se vacinar contra o sarampo, pois o risco é real.

Nas últimas semanas, os veículos itinerantes estiveram em bairros do Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Niterói, São Gonçalo, Saquarema, Belford Roxo, Itaboraí, Araruama, Japeri, Maricá, Cabo Frio e Arraial do Cabo.

Brasil tem 338 casos de sarampo em 8 estados

De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado nesta quarta-feira (4/3), neste ano foram confirmados 338 casos de sarampo em oito estados: São Paulo (136 casos – 40,4%), Rio de Janeiro (93 – 27,3%), Paraná (64 – 19,0%), Santa Catarina (22 – 6,5%), Rio Grande do Sul (11 – 3,3%), Pernambuco (7 – 2,0%), Pará (4 – 1,2%) e Alagoas (1 – 0,3%).

Atualmente, 10 estados (incluindo Minas Gerais e Bahia com casos confirmados de 2019) estão com circulação ativa do vírus do sarampo. No momento, o país registra três óbitos por sarampo no Pará, Rio de Janeiro e São Paulo. Os dados correspondem à Semana Epidemiológica (SE) de 1 a 6 de 2020 (até 8 de fevereiro).

Já um novo Informe Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa) na tarde de quinta-feira, dia 5 de março, mostrou que o estsdo já soma 891 casos de sarampo desde o mês de agosto de 2019. A Região Metropolitana de Curitiba concentra quase a totalidade dos casos.

Só em Curitiba, 533 pessoas contraíram a doença desde o início do surto. Além disso, 1.820 casos estão em investigação em todo Estado. Outro número que chamou a atenção no Informe Epidemiológico faz referência a idade das pessoas contaminadas pelo sarampo. A maior taxa de ocorrência está entre os adultos jovens com idade entre 20 e 29 anos.

No Estado do Rio, os casos de sarampo registrados este ano ocorreram nas seguintes cidades: Armação de Búzios (1), Barra do Piraí (1), Belford Roxo (14), Duque de Caxias (34), Maricá (1), Mesquita (2), Nilópolis (4), Niterói (21), Nova Friburgo (9), Nova Iguaçu (25), Paty do Alferes (1), Petrópolis (3), Queimados (2), Rio Bonito (2), Rio de Janeiro (54), São João de Meriti (16) e Teresópolis (6). No ano passado, foram registrados 462 casos da doença.

Um doente pode transmitir para até 18 pessoas

O Ministério da Saúde ressalta que sarampo é uma doença infecciosa grave, altamente contagiosa, causada por um vírus, que pode ser fatal. É transmitida por meio da fala, da tosse e do espirro ou quando o doente respira próximo de outras pessoas.

A doença tem alta transmissibilidade. A disseminação do vírus ocorre por via aérea ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Neste caso, não é necessário o contato direto porque o vírus pode se disseminar pelo ar a metros de distância da pessoa infectada. Para se ter uma ideia, uma pessoa infectada pode transmitir para até outras 18 pessoas que não estejam imunes

Os principais sintomas são mal-estar geral, febre, manchas vermelhas na pele, que aparecem no rosto e vão descendo por todo o corpo, manchas brancas na parte interna da bochecha, tosse persistente, coriza e conjuntivite ou irritação nos olhos.

A doença pode ocasionar convulsões, infecções,perda de apetite, diarreia e, em casos mais graves, até lesão cerebral e infecções no encéfalo. A enfermidade é considerada de maior risco para crianças menores de 5 anos, podendo causar meningite, encefalite e pneumonia.

Apesar de, na maioria dos casos, o diagnóstico do sarampo ser feito por meio de avaliação clínica, Deivis Junior Paludo, do grupo Diagnósticos do Brasil ressalta que está disponível no mercado nacional o exame que identifica a doença. “Ele é realizado por meio da sorologia, que detecta a presença de anticorpos IgM e IgG específicos, com resultados em até 10 dias úteis”, explica Deivis.

Vacina protege contra mais duas doenças

Sem um tratamento específico, a única prevenção garantida é a imunização. A vacina é fornecida pelo Ministério da Saúde. As pessoas que receberam a primeira dose devem retornar ao posto de saúde para tomar a segunda. A dose disponível é a tríplice viral, que protege também contra o vírus da caxumba e da rubéola.

Uma dose gera imunidade em aproximadamente 93% dos vacinados. O emprego de duas doses possui eficácia de proteção em torno de 97%”, explica o especialista do grupo Diagnósticos do Brasil.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunização e o Ministério da Saúde, a primeira dose deve ser aplicada aos 12 meses de vida e a segunda aos 15 meses, que pode ser substituída pela vacina tetravalente. “A vacina contra o sarampo é altamente efetiva e com certeza a melhor forma de prevenir a doença”, confirma  Aier Adriano Costa, clínico geral e coordenador médico da Docway.

Quem não pode tomar a vacina

Pessoas que apresentarem doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até modificação do quadro com o intuito de não se atribuir à vacina as manifestações da doença. Também não é indicado o imunizante a quem recebeu imunoglobulina, sangue e derivados, transplantados de medula óssea, e também a quem apresenta alergia ao ovo e gestantes.

Gestantes e imunodeprimidos (pessoas cujo sistema imunológico está enfraquecido) não devem se vacinar. Adultos que ainda não foram imunizados contra o sarampo, também devem seguir as indicações das autoridades: pessoas de até 29 anos devem receber duas doses para a imunização.

Para a população entre 30 e 49 anos, o indicado é que recebam uma dose da vacina tríplice viral. A exceção fica para pessoas imunodeprimidas, acima 50 anos ou mulheres grávidas, que não devem tomá-la”, completa o Dr. Aier.

Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de erradicação do sarampo, emitido pela Organização Pan-Americana de Saúde, mas o título foi retirado em fevereiro de 2019. O motivo da epidemia da doença é extremamente preocupante, pois se resume à redução da cobertura vacinal, proporcionando um ambiente populacional menos protegido ao vírus.

A vacina contra o sarampo integra o calendário nacional de vacinação, e é de extrema importância que a população retome seus cuidados em segui-lo à risca. Afinal, esta é a única maneira comprovada de se prevenir contra essa e muitas outras doenças que podem ter consequências graves”, reforça Deivis.

Com Assessorias e Redação

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!