140 mil mortos por Covid-19. E podemos chegar a 180 mil antes da vacina

Ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta diz que avisou Jair Bolsonaro dessa projeção, mas ele preferiu o negacionismo e a raiva

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O número de brasileiros infectados pelo novo coronavírus desde o início da pandemia subiu para 4.692.579 nesta sexta-feira (25). O país registrou 826 mortes pela Covid-19 nas últimas 24 horas, chegando ao total de 140.709 óbitos desde fevereiro, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa, a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, consolidados às 20h.

Em entrevista à Globonews nesta sexta, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que alertou o presidente Jair Bolsonaro que as projeções indicavam que o país pode chegar a 180 mil mortos antes da chegada da vacina. Mas ele não deu ouvidos. Ao contrário, reagiu com raiva e negacionismo. E iniciou o processo de fritura do até então aliado.

Mandetta acaba de lançar um livro – “Um Paciente Chamado Brasil: Os Bastidores da Luta contra o Coronavírus”, pela Editora Objetiva – em que conta detalhes de sua gestão à frente da pasta até 16 de abril de 2020, quando foi exonerado no meio da crise sanitária. Na publicação, ele fala das dificuldades em fazer o presidente e alguns ministros entenderem a real dimensão da pandemia.

Eu nunca falei em público que eu trabalhava com 180 mil óbitos se nós não interviéssemos, mas para ele [Bolsonaro] eu mostrei, entreguei por escrito, para que ele pudesse saber da responsabilidade dos caminhos que ele fosse optar. Foi realmente uma reação bem negacionista e bem raivosa. Eu simbolizava a notícia e ele ficou com raiva do ‘carteiro’, ficou com raiva do Ministério da Saúde”, revelou Mandetta durante o “Conversa com Bial” na madrugada desta sexta (25), na Rede Globo.

Segundo Mandetta, 180 mil mortos era o pior cenário traçado por ele no início da pandemia, durante reunião em 27 de março com outros ministros em que, pela primeira vez, se projetava um cenário oficialmente. No mais otimista, contava 30 mil mortos e no mais realista, 80 mil. Mas Bolsonaro preferiu fazer ouvidos moucos e dar atenção a quem dizia o que ele queria ouvir.

“Ele nunca aceitou sentar comigo para ver a realidade que o seu governo estava para enfrentar”, queixa-se o ex-ministro em Um Paciente Chamado Brasil, em depoimento dado ao jornalista Wálter Nunes, do jornal Folha de São Paulo. Segundo Mandetta, Bolsonaro preferiu se manter alheio aos fatos e optou pelo caminho da negação, sempre minimizando o impacto do coronavírus no sistema de saúde público.

OMS já projeta 2 milhões de mortos em todo o mundo se países não adotarem ações coletivas

Em todo o mundo, o número de mortes pela doença já se aproxima de ‘ milhão. Até esta sexta, o mundo registrou mais de 32 milhões de casos e mais de 979 mil mortes por coronavírus, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda nesta sexta-feira, o diretor de emergência da OMS Michael Ryan, lamentou o mundo se aproximar da marca de 1 milhão de mortes por coronavírus e alertou que o número de vítimas poderá dobrar se os países não tomarem ações coletivas em larga escala contra a pandemia.

Não esperávamos perder 1 milhão de pessoas nove meses atrás, e a vacina contra a Covid-19 ainda pode demorar mais 9 meses”, afirmou Ryan durante coletiva nesta sexta-feira (25), citando a data da descoberta do primeiro caso de coronavírus na China, em dezembro de 2019.

O diretor lembrou que, apesar do mundo ter cerca de 200 vacinas em teste contra o coronavírus, os governos não podem esperar pela vacina para conter a evolução da pandemia.

Se não fizermos o nosso melhor, o número que você me falou (dois milhões) não é somente possível como, infelizmente, muito provável”, disse o diretor, em resposta a um jornalista sobre o avanço dos casos e óbitos no mundo.

10 países têm mais de 70% das mortes: Brasil segue em segundo

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanon, lembrou que os números da pandemia não estão distribuídos uniformemente pelos 235 países que registram transmissão da Covid-19. “Mais de 70% do número de mortes e 70% do número de casos vieram de apenas 10 países”, disse Tedros.

Brasil e Estados Unidos seguem como os países com o maior número de mortes e casos da Covid-19. Enquanto os americanos somam mais de 200 mil mortes, o Brasil registrou mais de 32 mil novos casos nas últimas 24h e se aproxima das 140 mil mortes.

Média de mortes no Brasil cai 10% em uma semana, mas varia muito em alguns estados

Em apenas 24 horas, foram registrados 31.911 novos diagnósticos positivos para Covid-19 no Brasil, somando 4.692.579, contra 4.657.702 da véspera. A média móvel de novas mortes no Brasil nos últimos 7 dias foi de 693 óbitos, uma variação de -4% em relação aos dados registrados em 14 dias.

A média móvel de casos foi de 27.878 por dia, uma variação de 0% em relação aos casos registrados em 14 dias. No total, 3 estados apresentaram alta de mortes: RJ, AP e RR. Em Roraima, em 14 duas semanas, a média de mortes por dia passou de 2 para 3.

A média diária de mortes por Covid-19, de acordo com a média móvel de sete dias, no Brasil chegou a 687,86 casos nesta sexta (25), segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Houve queda de 10,35%, ou 79,23 registros a menos, em relação à sexta-feira anterior (18), quando haviam sido registradas 767,29 mortes.

A média móvel de sete dias é calculada somando-se o número de mortes nesse intervalo de tempo (o dia de referência mais os seis dias anteriores) e dividindo-se o total por sete. Com isso, é possível reduzir o impacto de oscilações diárias.

Esse é o menor número médio de mortes desde o dia 9 de setembro (682,86). O pico de mortes (1.095,14) foi atingido em 25 de julho. Desde então, apresentou tendência de queda (com oscilações e leves altas) até o dia 9 de setembro. Depois disso, as mortes voltaram a aumentar até chegarem a 814,57 no último dia 15 e depois caíram novamente.

A média diária, de acordo com a média móvel de sete dias, de novos casos é de 27.587,86. Também aqui há uma tendência de queda, mas desde o dia 16 de setembro, quando foram registrados 31.374,86 novos casos.

Entre os estados, há aqueles que apresentaram na última semana altas e aqueles que apresentaram queda. Entre as quedas, destacam-se Rondônia (-46%), Pará (-43,34%), Santa Catarina (-26,17%) e Rio Grande do Sul (-20,26%).

Entre as altas ocorridas do dia 18 de setembro até ontem aparecem Paraíba (17,5%), Sergipe (15,29%), Espírito Santo (12,44%). Roraima e Rio Grande do Norte não tiveram seus dados divulgados ontem.

São Paulo registra menor taxa de mortes e fecha hospital de campanha

São Paulo registrou entre a quinta e esta sexta-feira (25), 5.554 novos casos de Covid-19 foram registrados no estado. Além disso, São Paulo marca agora 34.877 mortes causadas pela doença desde o início da pandemia. Os casos são 964.921 no total. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, a curva da pandemia se aproxima da registrada em junho.

Havia nesta sexta 4.799 pacientes internados em enfermarias, entre casos confirmados e suspeitos, e 3.672 pacientes graves em leitos de UTI. O boletim aponta 105 mil altas hospitalares até agora. A ocupação dos leitos de UTI apresenta uma queda contínua há algumas semanas. Atualmente, o estado possui 46,6% dos leitos ocupados e a Grande São Paulo 45,6% de ocupação.

Pessoas na rua
Agência Brasil/Rovena Rosa Secretaria atualiza dados da Covid-19 em São Paulo

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou nesta sexta-feira o encerramento das atividades no hospital de campanha do Ibirapuera no dia 30 de setembro. É o último que ainda está em funcionamento no estado. A instalação temporária inaugurada em maio deste ano com o objetivo de aumentar o suporte da saúde para atender pacientes da Covid-19. é o último que ainda estava em funcionamento no estado.

De acordo com o governador, a decisão foi tomada com base na queda no número de internações do estado. As atividades serão suspensas após cinco meses de atividades contínuas. Ao todo, foram 3,2 mil pacientes atendidos por 800 profissionais, sendo mais de 200 médicos, cerca de 450 profissionais de Enfermagem, além de equipes de Fisioterapia, Farmácia, Assistência Social, Nutrição, Psicologia, Fonoaudiologia, apoio técnico e recepção. 

Com informações do G1, IG e Agência Brasil

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