70% dos casos de câncer cervical são por contato sexual

Conhecido como câncer de cólo de útero. câncer cervical é o terceiro mais incidente no país e pode ser prevenido com vacina entre 9 e 13 anos

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Doença de evolução lenta, o câncer cervical (ou câncer de cólo de útero) atinge mulheres e homens transsexuais a partir de 25 anos e já é considerado o terceiro que mais mata esse público. Segundo a OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), 70% desses casos são causados por dois tipos de HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), um grupo de vírus comum, transmitido por contato sexual, com ou sem penetração.

O vírus infecta a pele ou mucosas (oral, genital ou anal), provocando verrugas e há o risco de a infecção se tornar crônica e a lesão pré-cancerosa evoluir para o câncer cervical invasivo. No especial que marca o Dia Mundial do Câncer (4/2), o Portal ViDA & Ação traz o alerta de especialistas para o risco de incidência do câncer cervical, indicando as melhores formas de prevenção à doença.

  • Vacina em crianças pode prevenir câncer no futuro
  • Nunca se falou tanto em vacinação, uma das medidas mais importantes para a prevenção de doenças, como nos últimos tempos. Por ano, a vacinação evita de dois a três milhões de mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, a pandemia da Covid-19 colocou o assunto em destaque. Então este é o momento para falar de outras vacinas também. Você sabia que uma vacina pode evitar até mesmo o câncer de cólo do útero?

“O tumor de colo uterino é um câncer prevenível com a vacina contra o HPV, que está disponível no Brasil e incluída no Programa Nacional de Imunização (PNI) desde 2014 para meninas de 9 a 13 anos e meninos de 11 a 13 anos. Idealmente,  ela deve ser aplicada antes do primeiro contato com o HPV, ou seja, antes da primeira relação sexual. Por isso, a faixa etária definida para as meninas e os meninos”, pontua Leonardo Silva, oncologista do Grupo SOnHe, especialista em tumores femininos.

Além dos exames ginecológicos, é importante realizar a vacinação contra o HPV como forma de prevenção primária à doença. A imunização é disponibilizada gratuitamente em todo o território nacional, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o oncologista, a vacina administrada é a chamada tetravalente e tem cobertura principalmente contra quatro cepas de HPV causadores de câncer: 6, 11, 16 e 18. Além disso, ela é capaz de oferecer certo grau de proteção cruzada contra outras cepas menos comuns.

Baixa cobertura vacinal contra o HPV

Apesar da disponibilidade da vacina gratuita no Brasil, a cobertura vacinal ainda é considerada baixa. Os dados oficiais mostram que, no período de 2014 a 2017, um total de 72% das meninas haviam recebido uma dose, mas apenas 45% completaram o esquema de duas doses. Os dados para os meninos são ainda piores, com uma cobertura de apenas 20%.

“Um fator agravante recente foi a pandemia de COVID-19, que teve impacto direto na atenção à saúde, incluindo a cobertura vacinal contra o HPV”, lamenta o oncologista. No final de 2020, a OMS lançou um projeto global ambicioso com o objetivo de acelerar o processo para a eliminação do câncer de colo uterino.

“O alvo a ser atingido até o ano de 2030 é garantir a vacinação de 90% das meninas contra o HPV antes dos 15 anos de idade, o rastreamento de 70% das mulheres, e o tratamento adequado e em tempo hábil para os casos de lesões precursoras (pré-cancerosas) e de câncer propriamente dito. A OMS estima que, se atingirmos esses três objetivos, seremos capazes de reduzir em 40% o número de novos casos de câncer de colo uterino e evitar 5 milhões de mortes pela doença até o ano de 2050”, ensina.

Para o Dr. Leonardo é importante ressaltar que o tempo transcorrido entre a infecção pelo vírus e o desenvolvimento do câncer de colo do útero leva em média de 20 a 30 anos. Sendo assim, os efeitos benéficos da vacinação contra o HPV serão percebidos de forma mais significativa daqui a algumas décadas.

Terceira causa de morte por câncer entre as mulheres

A cada ano, mais de 300 mil mulheres em todo o mundo morrem em decorrência desse tipo de câncer, e cerca de 90% dessas mortes ocorrem em países de média e baixa renda.

Trazendo o foco para o Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estima que a cada ano mais de 16.000 mulheres são diagnosticadas com câncer de colo uterino. No ano de 2019, mais de 6.500 mulheres morreram em decorrência dessa doença.

O câncer cervical, ou câncer de colo do útero, é o quarto mais incidente no país, representando 7,4% do total de 625 mil novos casos da doença estimados para o triênio 2020/2022. Hoje, representa a terceira causa de morte por câncer entre elas.

Embora tenhamos observado redução significativa no número de novos casos de câncer de colo uterino no Brasil, nos últimos 20 anos, ainda persistem importantes diferenças regionais.

Apesar de a Região Norte apresentar uma queda em comparação com dados de 2018, em Rondônia, por exemplo, a quantidade de casos do câncer cervical permaneceu a mesma, respondendo por quase 15% do total de casos da doença na população rondoniense.

“Tão surpreendente quanto esses números, é o fato de que o câncer de colo uterino pode ser evitado. Vacinação pode mudar positivamente esse cenário . Sim, vacinas salvam vidas”, afirma Dr. Leonardo.

Como detectar o câncer cervical

Por ser assintomática, a realização anual de exames e testes ginecológicos favorecem o diagnóstico precoce da doença, facilitando sua cura. “O exame citopatológico (Papanicolau) é o principal método para diagnosticar o câncer cervical. Quando ele é feito no estágio inicial da doença, há até 90% de chance de cura”, explica Márcia Guzman, médica e diretora técnica do o Hospital Bom Pastor (HBP), localizado em Guajará-Mirim (RO).

A rotina recomendada pela OMS para o rastreamento e diagnóstico do câncer de colo do útero, é a repetição do exame Papanicolau a cada três anos. Essa recorrência visa reduzir as chances de um resultado falso-negativo no rastreamento. “Por isso, é essencial manter consultas de rotina, que podem ser realizadas nas unidades básicas de saúde, por exemplo. O acompanhamento regular favorece o diagnóstico precoce e facilita o tratamento”, complementa a especialista.

“É importante fortalecermos concomitantemente o programa de rastreamento do câncer de colo uterino inicialmente baseado na realização de exames de Papanicolaou (citologia oncótica do colo uterino), que são feitos quando a mulher procura uma unidade de atenção básica para a realização do teste ou por outros motivos”, acrescenta o Dr Leonardo.

Segundo ele, outros métodos de rastreamento, incluindo a pesquisa de material genético do HPV, já existem e estudos estão sendo conduzidos analisando a viabilidade de sua utilização no programa do SUS.

Os principais fatores de risco

  • Infecção pelo HPV;
  • Não realizar Papanicolau com regularidade;
  • Relação sexual sem preservativo, ou contato genital direto com a pele;
  • Histórico familiar da doença;
  • Más condições de higiene;
  • Baixa imunidade;
  • Tabagismo.

Com Assessorias

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