‘A cirurgia bariátrica mudou minha vida completamente’

Impacto social da cirurgia bariátrica: após um ano de operados, pacientes conquistam emprego e gastam menos com saúde, higiene e alimentação

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Ex-dependente química, a doméstica Daniele Lopes, de 39 anos, substituiu as drogas pela comida. Engordou mais de 70 quilos. Há dois anos precisava tomar remédio para controlar a pressão e o diabetes com regularidade. Mesmo com receita do SUS, a despesa apenas com essas duas medicações comprometia 10% do seu orçamento. Hoje, além de estar livre da obrigação de tomar remédio todos os dias, conseguiu um extra fixo num bufê, aumentando a renda, e conquistou qualidade de vida.
A cirurgia bariátrica mudou minha vida completamente. Além de me dar a chance de ver meus filhos crescerem, eu tenho mais disposição para trabalhar, melhorei minha remuneração e ainda consegui um extra”, conta Daniele.

Ela é uma das quase 3 mil pessoas que foram operadas pelo médico Cid Pitombo, coordenador do Programa de Cirurgia Bariátrica do Estado do Rio de Janeiro. O cirurgião acaba de concluir estudo com os pacientes do SUS, que demonstra o impacto social do tratamento da obesidade: os pacientes tem uma melhora socioeconômica real, gastando menos com a saúde e conquistando emprego.

O estudo aponta que 86% das pessoas que passaram pelo tratamento da obesidade pararam de gastar mensalmente com medicamentos. Dos que estavam desempregados, 33% dos que eram desempregados conseguiram uma colocação profissional após a cirurgia. Gastos com alimentação, higiene e vestuário diminuíram 50%. A conclusão é que 86% deles pararam o uso contínuo de medicamentos pela solução de doenças associadas à obesidade.

O estudo conduzido pelo cirurgião mostrou ainda que 73% dos pacientes do programa iam com frequência mensal a posto de saúde ou Clínica da Família fazer algum tratamento. Depois da cirurgia de obesidade, somente 9% ainda mantém idas à assistência básica, assim mesmo com frequência menor do que três vezes ao ano.

“O paciente do setor público é sempre mais carente de recursos. Por isso, quando pensamos que o tratamento da obesidade ajuda na vida econômica deles, vale levar em conta também que reduz o custo desse cidadão para o SUS; permitindo que esses recursos sejam investidos no atendimento de outras pessoas”, destaca o médico.
Segundo ele, o paciente tratado da obesidade deixa de pegar medicamentos na rede pública para as doenças associadas; precisa de menos internações em hospitais; não precisa mais buscar atendimento médico na rede básica e especializada para tratar as comorbidades. Também deixa de precisar fazer outras cirurgias, desde as mais simples como para tratar problemas dermatológicos, passando pelas mais complexas, como os casos ortopédicos de implantação de próteses de joelho. “Sem falar que o obeso mórbido representa, muitas vezes, duas forças de trabalho perdidas no mercado, a dele e a do seu cuidador”, acrescenta.

Metodologia

O estudo foi feito com 500 pacientes do Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica do Rio de Janeiro, sendo 50% homens e 50% mulheres. Os pesquisados têm entre 22 e 45 anos, renda entre R$ 600 e R$ 3 mil e foram avaliados os prontuários de acompanhamento dos pacientes após um ano de operados.

O programa atende a moradores de todo o estado do Rio de Janeiro, inseridos no Sistema de Regulação da Secretaria de Estado de Saúde. Por ano, são 1.600 novos pacientes de primeira vez, que passam a ser acompanhamos pela equipe multidisciplinar formada por médicos, nutricionistas e psicólogos. Anualmente passam pela cirurgia bariátrica 500 pessoas, ou seja, entre operados e atendidos, são mais de 2 mil por ano.

Como ter acesso à bariátrica pelo SUS

Para se candidatar à cirurgia bariátrica no programa do Estado, o paciente deve procurar um atendimento ambulatorial próximo de sua casa para que um médico avalie a necessidade da cirurgia. Se a operação for indicada, o médico da atenção básica deve inserir o paciente na Central Estadual de Regulação, que faz o encaminhamento para o Programa de Cirurgia Bariátrica do dr. Cid Pitombo. As regras da fila são estipuladas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde.
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