A relação entre o câncer de próstata e as doenças cardiovasculares

33% dos pacientes já tinham doença cardíaca antes do câncer. A causa de morte não-oncológica mais comum nesses pacientes é por complicação cardiovascular

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câncer de próstata é o segundo mais comum em homens no Brasil, ficando atrás apenas do tumor maligno de pele. Estima-se que durante a vida, um em cada nove homens terão a doença e que a cada 41, um deve morrer por conta da enfermidade. Um dado pouco conhecido, entretanto, é que a causa de morte não-oncológica mais comum nesses pacientes é por complicação cardiovascular e, que cerca de 33% dos pacientes já possuem uma doença do coração associada no momento do diagnóstico do câncer.

Em 2017, mais de 15 mil homens morreram de câncer de próstata segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ainda de acordo com a instituição, para 2019, a expectativa é de pelo menos mais 68 mil novos casos. Estima-se que entre 27 a 34% deles venha a óbito por conta de complicação cardiovascular, a causa de morte não-oncológica mais comum nesses homens. Por isso, além dos cuidados com os hábitos de vida saudáveis, é importante estar atento aos sinais de doenças cardíacas.

Esse tipo de câncer é considerado uma doença da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Seu diagnóstico pode ser feito por meio da ultrassonografia, toque retal, dosagem do PSA e biópsia.

Especialista tira as principais dúvidas

Membro da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), a professora Ludhmila Hajjar, explicou que, nos últimos anos, se tem notado um aumento na incidência da doença no Brasil, segundo tipo de câncer mais comum entre os homens (atrás apenas do de pele não-melanoma).

Coordenadora de Cardio-Oncologia da Faculdade de Medicina da USP e da Rede Américas e chefe da UTI do Hospital Paulistano, ela salientou que a evolução dos métodos diagnósticos, mais conscientização sobre a doença e aumento na expectativa de vida refletem-se nas estatísticas. A especialista tira dúvidas importantes sobre o tema.

Qual é o principal tratamento do câncer de próstata? O bloqueio hormonal faz parte destas opções?
A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida de acordo com o estado do tumor e com as possíveis doenças pré-existentes do paciente.

Para a doença localizada, a cirurgia e a radioterapia são as modalidades de tratamento mais indicadas. Para os casos localmente avançados, radioterapia ou cirurgia em combinação com tratamento hormonal têm sido utilizados. Já em estágio metastático, o tratamento mais indicado é a terapia anti-hormonal.

É verdade que este bloqueio hormonal pode agravar doenças cardíacas pré-existentes? Quais seriam essas doenças?
Sim, é verdade. Contundo, o bloqueio hormonal é um tratamento bastante eficiente e, de acordo com pesquisas, é capaz de reduzir a mortalidade dos pacientes com esse tipo de câncer em 40%.

Pacientes que passam por tratamento contra câncer de próstata têm que ser avaliados e acompanhados por cardiologistas?
O acompanhamento com o cardiologista é essencial ao paciente portador de câncer de próstata. A maioria deles já apresenta múltiplos fatores de risco cardiovasculares e, considerando os efeitos da terapia anti-hormonal no sistema cardiovascular, se faz necessário um acompanhamento do paciente desde o início do diagnóstico do câncer para que se possa estabelecer metas de prevenção cardiovascular, além de realizar diagnóstico precoce e instituir terapias adequadas na presença de complicações.

E em pacientes que não têm doenças cardíacas pré-existentes? É possível que o tratamento seja o pontapé inicial para problemas cardiovasculares?
A literatura tem demonstrado que não só doenças cardíacas prévias, mas a presença de fatores de risco cardiovasculares aumentam de maneira significante a ocorrência de doenças cardíacas no paciente oncológico. O tratamento anti-hormonal pode potencializar fatores de risco pré-existentes e até mesmo induzir a ocorrência da síndrome metabólica e de doenças cardiovasculares.

Qual é a importância da Cardio-Oncologia na medicina? É uma especialidade que tem ganhado espaço no Brasil?
LH: As doenças cardiovasculares nos pacientes com câncer são eventos cada vez mais frequentes, em decorrência de avanços na terapêutica oncológica que resultaram tanto na melhora da qualidade de vida como no aumento da sobrevida dos pacientes. Nas últimas décadas, os progressos no tratamento oncológico resultaram também na maior exposição dos pacientes a fatores de risco cardiovasculares e à radioterapia, quimioterapia e imunoterapia com potencial de cardiotoxicidade.

Atualmente, observa-se uma mudança no paradigma em relação ao prognóstico do paciente oncológico, que passa a ser visto como um portador de uma doença crônica que ao longo de sua evolução pode apresentar descompensações agudas, como as manifestações cardiovasculares. A Cardio-Oncologia tem como meta principal promover a prevenção, o diagnóstico adequado e o tratamento das doenças cardiovasculares, corroborando para o aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes.

Fonte: Socesp

Confira abaixo um infográfico com mais informações sobre o câncer de próstata e sua relação com uma boa qualidade de vida e prevenção de doenças cardiovasculares:

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