Alzheimer: 9 mitos sobre a doença que afeta a memória

O Alzheimer afeta principalmente as mulheres acima dos 65 anos
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O Alzheimer afeta principalmente as mulheres acima dos 65 anos
O Alzheimer afeta principalmente as mulheres acima dos 65 anos

Você não consegue lembrar fatos recentes simples, como se foi ao banheiro ou almoçou, mas não esquece acontecimentos do passado, como o primeiro passeio de bicicleta, o primeiro beijo quando adolescente ou aquela bronca que levou do professor na escola primária. Assim podem ser considerados os principais sinais da doença que é lembrada neste 21 de setembro, Dia Mundial do Alzheimer.

Mas quem nunca cometeu um lapso de memória, principalmente se está estressado ou sobrecarregado de muitas informações? Muitas vezes, na rotina do dia a dia, a gente pensa que está sofrendo da doença, que, na prática, não provoca apenas a perda de memória, mas de outras funções cognitivas, como raciocínio, juízo crítico, orientação temporal e espacial.

No país, a doença que possui estágio inicial silencioso já atinge mais de 1,3 milhão de pessoas, segundo dados do Instituto Alzheimer Brasil, causando a morte gradual dos neurônios. O principal público são idosos acima de 65 anos, risco que dobra a cada cinco anos, sendo ainda maior entre as mulheres. Abaixo desta faixa etária, é necessário avaliar o histórico familiar, pois a doença também pode ser hereditária. De acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), a intensidade e a velocidade do agravamento da doença podem variar de pessoa para pessoa.

De 1950 a 2050, o número de idosos na população vai quadruplicar e, com isso, o problema tende a se agravar cada vez mais. “Estatísticas dão conta que hoje a doença custa US$ 800 bilhões por ano em todo o mundo. Em 2018, o prejuízo passará de US$ 1 trilhão por ano. Se o Alzheimer fosse uma empresa, valeria mais que Google e Apple, atualmente as companhias mais valiosas do mundo”, compara o médico geriatra e gerontólogo Espedito Carvalho.

Segundo ele, a doença é progressiva e faz com que a pessoa perca gradualmente a memória, a capacidade de orientar-se no tempo e no espaço, além de trazer dificuldades de comunicação, raciocínio lógico e alterações comportamentais. “O importante é diagnosticar o Alzheimer o mais cedo possível para tratar a doença e combater esta falta de informação e preconceito que existe em volta do assunto”, destaca.

Ele explica que, no início, a pessoa apresenta pequenos lapsos de memória, alterações de comportamento (ansiedade), desorientação espacial e dificuldades em realizar tarefas corriqueiras, como pagar as contas domésticas, esquecer de compromissos, entre outros. Nos estágios mais avançados evolui com dificuldade de se alimentar, se vestir, não reconhece os familiares e acaba restrito ao leito no estágio final da doença.

Mas nem tudo que se fala por aí sobre o Alzheimer é verdade. “A doença não tem cura nem pode ser revertida, infelizmente, mas nem tudo está perdido. A boa notícia é que quanto mais cedo esses sinais forem notados e a doença diagnosticada, maior a chance do tratamento ser bem-sucedido – e de o paciente ter uma vida mais longa e com mais qualidade”, afirma o geriatra membro titular da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia-RJ.

Ao Blog Vida & Ação, Espedito Carvalho selecionou algumas das principais informações que colocam por terra mitos sobre a doença:

1. Esquecer as coisas significa ter o mal de Alzheimer

Esse é um dos grandes mitos. Problemas de memória podem estar relacionados a diversos fatores, como outras demências e principalmente o estresse e a depressão. Além disso, a doença de Alzheimer vai atingir a memória recente, enquanto a memória de fatos acontecidos há mais tempo (como na infância) são preservadas no início da doença. A pessoa com Alzheimer tem memória de curto prazo comprometida, demonstrando dificuldade cada vez maior de memorizar, registrar novas informações e aprender coisas novas. No entanto, sua memória episódica, ou seja, de longo prazo, está preservada, no início.

2. Qualquer lapso de memória é sinal de Alzheimer

Nem sempre. A pessoa com Alzheimer passa a ter comprometimento de atividades recentes. O paciente fica repetitivo, não sabe onde guardou objetos, esquece compromissos e atrapalha-se em trajetos que antes lhe eram familiares. Se comprometer a função cotidiana de uma pessoa que sempre foi organizada para pagar suas contas e, de repente, começa a se desorganizar frequentemente ou começa a esquecer compromissos, repete histórias como não tivesse contado antes, isso merece atenção. O mais importante é comparar o indivíduo com ele mesmo. Se isso for um padrão frequente, merece uma avaliação por um neurologista ou geriatra.

3. A vida acabou

Muita gente acha que só porque o paciente recebeu o diagnóstico da doença a vida acabou. Nada disso! Atualmente, com o tratamento e orientação adequados, uma pessoa com a doença pode sobreviver mais 20 anos, após o diagnóstico. Muitos pacientes, se bem estimulados, têm excelente qualidade de vida, divertem-se, relacionam-se de maneira prazerosa e agradável e levam uma vida bem organizada.

4. É doença de gente idosa

Quem disse?! Estudos mostram que o Alzheimer pode sim se manifestar em pessoas com menos de 65 anos. Embora rara, a Doença de Alzheimer de Início Precoce com menos de 60 anos é caracterizada por um declínio mais rápido das funções cognitivas e possivelmente está relacionada com alteração genética. O fator de risco mais importante é a idade. Mas existem outros fatores relacionados como gênero feminino (após os 80 anos), baixa escolaridade, níveis elevados de colesterol e de pressão arterial na meia idade, diabetes, tabagismo, entre outros.

5. A manifestação da doença é igual para todos

A doença se manifesta de forma muito diferente entre as pessoas. Umas são mais calmas, outras têm alteração do comportamento, outras são fáceis de cuidar e algumas há necessidade de internação devido à complexidade do quadro. Inicialmente as pessoas devem consultar um geriatra, pois é ele que realiza as consultas visando sempre o envelhecimento de forma mais saudável, buscando manter a autonomia e independência com o envelhecimento. Outros especialistas que também podem fazer o diagnóstico são o neurologista e o psiquiatra.

6. O Alzheimer é genético

Na grande maioria não. Somente uma pequena porção da doença tem relação direta com alteração genética. Ainda que não se saiba todos os mecanismos genéticos envolvidos na doença de Alzheimer, alguns genes já estão reconhecidos, mas ainda há um bom caminho a andar. A maior causa da doença ainda é o estilo de vida e seu tratamento a prevenção. A doença poderá ser iniciada aos 20 anos quando já conhecemos as enfermidades dos nossos avós e dos nossos pais e, entendendo que nossa tendência é seguir seus passos, poderemos fazer um planejamento a longo prazo. A grande maioria das pessoas nos procura em torno dos 45 anos, mas os jovens têm surpreendido com seu interesse na prevenção.

7. Falta de memória é o principal sintoma

Isso não passa de um grande mito. A doença atinge sim a parte do cérebro que controla a memória, ela tem que estar presente, mas também afeta a linguagem, o raciocínio e outras áreas da cognição que podem indicar sua chegada. Entre eles estão esquecimentos persistentes de fatos recentes, recados, compromissos, dificuldades com planejamento de atividades, cálculos, controle das finanças, desorientação no tempo e no espaço, dificuldade de executar tarefas rotineiras e alterações de comportamento considerados inadequados e incomuns para aquela pessoa.

8. Quem tem Alzheimer não consegue compreender o que se passa ao seu redor

A pessoa com a doença, apesar das dificuldades de memória e dos outros sintomas, se mantém consciente do que acontece ao seu redor. Apenas nos estágios avançados isso muda. Ao contrário do que muita gente pensa, o idoso com Alzheimer não passa a ser uma criança, continua sendo fonte de sabedoria e merece o respeito de todos.

9. Não é possível prevenir ou atenuar a doença

Controlar pressão alta, diabetes, colesterol, tratar a obesidade, praticar regularmente atividade física, ter alimentação balanceada e saudável podem ser fatores de proteção ou de risco, nos casos de quem não faz nada disso.

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