Atitude sustentável: ‘O Carnaval é diferente do mundo cinza do lixão’

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Para Tião, hoje empresário do ramo de reciclagem, o Carnaval é um "conto de fadas" (Foto: Fernando Souza - Divulgação)
Para Tião, hoje empresário do ramo de reciclagem, o Carnaval é um “conto de fadas” (Foto: Fernando Souza – Divulgação)

Ele começou como catador de latinhas aos 11 anos, no Aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, para ajudar a família. Hoje, é um empresário no ramo de reciclagem que já viajou pelo mundo, protagonizou um documentário e lançou até livro. Fã de Carnaval, Sebastião Carlos dos Santos, o Tião, de 38 anos, hoje gera empregos e não perde a alegria por trabalhar enquanto todos se divertem. Ao contrário, esta é a melhor época do ano para quem vive do lixo.

“O Carnaval é um conto de fadas para os catadores. É a expectativa de mais renda. A latinha que eu bebi em um bloco pode causar um impacto negativo na vida de alguém. Mas, se chegar a uma cooperativa, vira inclusão social”, diz o politizado Tião. O menino que acordava às 5h da manhã, andava até 5km para catar latinhas pelas ruas e ganhava em média R$ 50 por dia fundou uma associação de catadores e atualmente, além de administrar a cooperativa, dá aulas e palestras. É também diretor da 3Rs Consultoria e Consultor do Banco Internacional de Desenvolvimento (BID) e lançou o livro ‘Tião, do lixo ao Oscar’.

Sua vida começou a mudar em 2010, quando estrelou ‘Lixo Extraordinário’,  um documentário de Vik Muniz que trouxe Tião e um grupo de trabalhadores em um aterro sanitário do Rio como protagonistas. O filme foi indicado ao Oscar de documentário. Com a venda por 45 mil dólares, em uma casa de leilões em Londres, de uma fotografia em que Tião aparece numa banheira descartada em pleno lixão de Gramacho, ele conseguiu comprar sua casa. Hoje, Tião e seus colegas são fonte de inspiração e ajudam Muniz a criar obras de arte que são compradas por colecionadores internacionais.

Durante os últimos cinco anos Tião e sua cooperativa trabalham nos blocos. Esse ano ele trabalhou no Sargento Pimenta, no Flamengo, e no Escangalha, na Gávea. “É legal porque é todo mundo junto e misturado. Mesmo você sendo catador de latinha, trabalhando na Zona Sul, todo mundo te cumprimenta. As pessoas, mesmo sendo de outras classes sociais, reconhecem sua importância”, conta Tião. Sua história concorre em uma ação da Antarctica, #coisaboageracoisaboa”, que dará prêmio de R$ 40 mil ao melhor projeto social envolvendo catadores de lixo.

“Reciclagem não é coisa de gente pobre. É avanço da cidadania, de uma sociedade mais justa e igualitária. Hoje ganho a vida com palestras, mas continuo trabalhando na Associação de Catadores por questão ideológica. É ligado à história da minha mãe, da minha família”, ressalta Tião.

Confira o depoimento de Tião

“A primeira lembrança que eu tenho do Carnaval é da primeira vez que entrei no Sambódromo, em 2001, como catador de latinha. Comecei a trabalhar catando latinha nessa época e com o dinheiro extra paguei a primeira festa de aniversário da minha filha. Ela nasceu no dia 27 de fevereiro, em pleno Carnaval.

Depois que vi a Mangueira na Avenida, virei mangueirense doente mesmo. Após alguns anos, em 2012, desfilei pela Grande Rio, com o tema de superação. O Carnaval é diferente daquele mundo cinza e preto do lixão. É um mundo colorido, de fantasia. <CW-20>Mesmo no lixão de Gramacho, o Carnaval sempre foi um momento alegre. É um momento de maior consumo (de bebidas), e a latinha é o que tem mais valor econômico na reciclagem.

Nós, catadores, viemos de uma história de exclusão e isso diminui muito nossa auto estima. A visibilidade da reciclagem trouxe um reconhecimento aos catadores. Temos que romper esse paradigma”.

 

 

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