Basta de violência: vamos vestir o Rio de ‘coletes do amor’

Um total de 28 estátuas amanheceram vestidas de coletes de papelão nesta terça-feira, dia 22 de agosto (Foto: Divulgação)
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Terça-feira, dia 22 de agosto de 2017. Para enfrentar com coragem e poesia essa onda de violência que assola o Rio, em vez de aderir à polêmica nas redes sociais em torno da editoria dedicada à cobertura da ‘guerra’ em um jornal carioca, um grupo de voluntários decidiu arregaçar as mangas e se unir para transformar essa realidade com uma corrente de amor.

Isso mesmo. A cidade acordou vestindo o #ColeteDoAmor, um movimento contra a violência urbana e, ainda, um convite para cada cidadão – vítima da violência – a dividir suas experiências de superação e resiliência através de histórias de amor em ambiente digital, redes sociais, blogs, sites…

Um total de 28 estátuas da Zona Sul à Zona Norte da cidade amanheceram com coletes de papelão que traziam a hashtag #coletedoamor e o endereço do site www.coletedoamor.com. Lá, encontram-se aplicativos que registram pontos de violência na cidade (a que ponto chegamos!), como Onde Tem Tiroteio, Onde Fui Roubado e Fogo Cruzado. No espaço, fica também o convite para vítimas da violência deixarem recados de amor, algo difícil, mas um exercício de resiliência e superação.

Marketing do bem: apelo de criança antecipa ação

A ação, que garante não ter fins políticos, foi criada pela Agência Somar, da ex-atleta bicampeã mundial de vôlei Carolina Aragão, que se dedica ao marketing social e de causa. Mãe de uma menininha de 4 anos, ela conta que o apelo da filha reforçou ainda mais a necessidade de antecipar o lançamento da campanha ao ouvir som de disparos: “Mamãe, olha, barulho de tiro de novo”. Segundo ela, este é um movimento contra a violência urbana que tem moldes na propagação do amor por moradores da cidade e turistas.

“A maioria dos ativistas levanta uma energia de revolta e eu prefiro deixar uma mensagem de amor”, conta Carolina, lembrando que cariocas e visitantes estão “sufocados e cada vez mais sitiados” em suas casas. E completa: “Escolhemos dialogar com a sociedade através das estátuas porque representam pessoas respeitadas, de valor para a cidade. Cidadãos eternizados em ruas e praças, parte de uma história que não podemos abrir mão: a de Cidade Maravilhosa. O Rio deve ser de paz e de encantos, não vamos abrir mão disso!”.

A ação acontece um dia após completar um ano do encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, o Rio de Janeiro não parece ter muito o que comemorar o tão propagado ‘legado olímpico’ nas esferas municipal, estadual e federal. Foram mais de 2,9 mil mortos entre janeiro e maio, segundo o Instituto de Segurança Pública do Rio.

São vítimas de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e homicídios decorrentes de oposição à intervenção policial. O  aumento foi de 414 mortes, ou 16,4%, em relação à 2016. Apesar das tropas militares nas ruas, armadas até os dentes, seis pessoas foram mortas no Jacarezinho, em apenas um dia. São mais vítimas da violência urbana que torna moradores e visitantes reféns do medo.

Vida & Ação também abraça a campanha

Em sinal de engajamento do Blog Vida & Ação, que também tem como objetivo divulgar ações positivas socialmente responsáveis e sustentáveis, publico abaixo os dois posts que compartilhei em meu Facebook pessoal nos dias 18 de março de 2015 e 26 de abril de 2017, onde relato ter sido vítima de ataques na Lapa, uma das regiões que mais atraem turistas no Rio de Janeiro e, infelizmente, uma das das mais perigosas também. Precisamos, mais do que nunca, divulgar e propagar a cultura de paz. E não mais guerra, que só incentiva a guerra!

Como forma de incentivo a esta e outras ações voltadas a reagir positivamente e promover a paz em nossa cidade, vamos receber também por aqui, na seção Boas Ações, relatos de pessoas que passaram por esta situação e o que propõem para ajudarmos a transformar essa realidade, bem como iniciativas positivas que vêm sendo feitas por ONGs, empresas e outras instituições. Envie seu comentário para redacao@vidaeacao.com.br.

Por uma cultura de paz no Rio

18 de março de 2015, via Facebook – Amigos. Na noite passada fui furtada na Lapa, diante dos olhos de pelo menos 30 colegas dos jornais O Dia, Meia Hora e Brasil Econômico que se confraternizavam no bar da esquina. Ninguém percebeu quando um sujeito que tentava interagir com o grupo surrupiou minha bolsa com todos os meus pertences.

Graças à ação rápida e profissional dos policiais da Operação Lapa Presente, com a força toda especial da nossa “liga da Justiça” da redação – três colegas que investigaram o caso com seu faro jornalístico – conseguimos localizar e prender o ladrão já em sua casa, na Rua Joaquim Silva – sob protestos, ressalte-se, de um pequeno grupo de ativistas dos “direitos humanos dos bandidos” -, onde foi encontrada minha carteira, com identidade, vários cartões, cheque e os R$ 42 que haviam nela.

Meu celular, que acabei de comprar, já havia sido passado à frente para funcionários de um conhecido bar da região. Mesmo assim, o aparelho foi recuperado logo em seguida, já sem o chip, e os suspeitos, detidos e levados até a 5a DP. A bolsa com demais pertences – óculos de grau, óculos de sol, agenda, chaves, crachá funcional, mini-carteirinha com fotografias 3×4, maquiagem etc – não foi encontrada. Provavelmente o ladrão jogou fora ou negociou. Uma dor de cabeça que terei que administrar agora, mas ainda dos males o menor.

Quero ressaltar e agradecer aqui, além do trabalho da PM e da Polícia Civil, que foi espetacular, o apoio, o carinho e a atenção de todos os colegas que ajudaram a acionar a polícia e localizar o suspeito ou me confortaram nos momentos de desespero. Vcs foram incríveis!!! Agradecimento em especial ao Renatinho, do Meia Hora, que ficou bravamente comigo até quase amanhecer, me acompanhando para registrar a ocorrência.

Nunca fui roubada antes no Rio, em 18 anos vivendo aqui, e sempre me orgulhei disso. O Rio – e a Lapa em especial – está contaminado por bandidos e viciados como o que me vitimou ontem, felizmente sem qualquer violência (exceto seus olhares e palavras balbuciadas, tentando me intimidar na delegacia, onde se constatou a sua extensa ficha criminal, com quatro passagens por assalto a mão armada e roubo a banco).

Mas eu acredito na minha cidade, na cidade que escolhi pra viver. E sobretudo confio no trabalho da nossa polícia. Se agirmos desta forma, dentro da legalidade e confiando mais no trabalho dos nossos agentes da lei, é possível virarmos esse jogo. Segurança pública é uma responsabilidade de todos! Por um Rio de paz!!!!

Por Rosayne Macedo

Confira o manifesto do grupo

Um ano após as Olimpíadas e diariamente cerca de 6 milhões de cariocas enfrentam os perigos da cidade do Rio de Janeiro. O termo “Cidade Maravilhosa” hoje não passa de uma velha lembrança de quando era possível usufruir o direito de ir e vir, sem o sentimento paranoico de que a qualquer momento podemos ser vítimas da violência urbana.

O fato é que toda essa violência se converte em ódio, medo e insegurança, na maioria das vezes o carioca não sabe como se prevenir, reagir ou onde procurar ajuda. Diante da crise econômica que o estado vive, acreditamos que nós, cariocas da gema, temos um papel protagonista nessa história.

Te convidamos a vestir o #coletedoamor e se unir a nossa causa, na qual informação e amor ao próximo podem ajudar a superar a dor que a violência traz. Criamos esse espaço para:

  1. compartilhar dicas e informações de como agir em situações de violência
  1. trazer a empatia carioca à tona, unindo cidadãos que já passaram por isso para compartilhar conselhos com quem está sofrendo as consequências da violência.

Fonte: Colete do Amor

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