Movimento defende parto seguro e respeitoso no Brasil

No mundo, mais de 830 mulheres morrem de complicações na gravidez e no parto e no Brasil, são mais de 300 mil partos prematuros. Óbitos por Covid agravam o problema

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

No mundo, todos os dias, 830 mulheres morrem por causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto. E, anualmente, 2,5 milhões de recém-nascidos morrem a cada ano, o que representa 47% de todos os óbitos de menores de 5 anos. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS) e lançam luz sobre um grave problema de saúde pública no Brasil.

Somente por aqui, foram 300 mil nascimentos prematuros registrados em 2019, o que faz com que o país seja o 10º colocado no ranking mundial de prematuridade, segundo o próprio Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A situação se agravou durante a pandemia. De acordo com o Observatório Obstétrico Brasileiro, 38 óbitos maternos por Covid-19 foram registrados a cada semana no Brasil.

Hemorragias, infecções, abortos inseguros, eclampsia (com convulsões durante a gestação e no puerpério) e parto distócico (quando há dificuldade na passagem do bebê pela bacia) são as complicações responsáveis por mais de 70% das mortes maternas (OMS, 2021).

A complexidade dos problemas no Brasil exige não apenas que as organizações de saúde tomem iniciativas específicas, mas principalmente demanda uma resposta coletiva, abrangente, multiprofissional. Especialistas garantem que essa situação dramática pode ser evitada com atendimento adequado às gestantes e aos neonatos.

Em defesa desse atendimento, quase 50 entidades criaram a Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso para o Dia Mundial da Segurança do Paciente 2021, comemorado em 17 de setembro, para atender ao chamado da OMS, que escolheu o tema “Cuidado materno e neonatal seguro”. 

Além da adoção de práticas seguras, as diretrizes abarcam questões relevantes que precisam ser destacadas constantemente: com relação à equidade, por exemplo, o Ministério da Saúde informa que 65% dos óbitos maternos ocorridos em 2018 foram de mulheres negras ou pardas. Segundo ele, com alguma melhoria na qualidade da atenção ao pré-natal, ao parto e ao puerpério, o Brasil conseguiu reduzir a RMM (razão da mortalidade materna) em 8,4% em um ano (de 2017 para 2018).

A Aliança  reúne em torno de 50 entidades, entre as quais a Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e a Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp). Todas compromissadas a atuar em favor da redução da mortalidade materna e neonatal, além de buscar garantias a direitos básicos para o parto e para o nascimento seguros no país.

Pela redução das desigualdades

“Trata-se de um problema grave de saúde pública, que demanda resposta coletiva, abrangente, multiprofissional. E essa é a razão da aliança – queremos unir forças para potencializar os resultados”, diz Victor Grabois, presidente da Sobrasp. O objetivo não é apenas nos dirigir aos profissionais da saúde, mas aos gestores e, fundamentalmente, às mulheres, às famílias e à população em geral.

Ele acrescenta que a pobreza, a falta de informação e acesso a serviços de saúde adequados impedem as mulheres de receberem cuidados durante a gestação e o parto. “Para melhorar a saúde materna, as barreiras que limitam o acesso a serviços de qualidade devem ser enfrentadas em todos os níveis do sistema de saúde”, diz.

“Nossa campanha compreende o enfrentamento de desigualdades e do racismo. Estamos falando também de respeito, o que inclui o acolhimento, a escuta. Há um conjunto de questões que tornam a ação urgente. É preciso informar, fazer com que essa causa seja abraçada, reconhecida e explicitada por todos os brasileiros”, conclui Grabois.

Gerente de Estímulo à Inovação e Avaliação da Qualidade Setorial da Agência Nacional de Saúde (ANS), Ana Paula Cavalcante comenta que, desde 2015, é promovido pela agência o Movimento Parto Adequado, com o objetivo de estimular uma melhor experiência de parto e nascimento para mulheres e bebês na saúde suplementar.

“Os hospitais participantes protagonizaram a criação de um novo modelo de assistência materno-infantil e, entre outras medidas, evitaram a realização de 20 mil cesarianas desnecessárias. O Brasil é o segundo país no mundo com maior proporção nas realizações de cesarianas”, conta.

Ana Paula reforça a importância da Aliança Nacional como integradora de ações: “Precisamos fortalecer a parceria entre os principais agentes do setor para avançar. Além disso, é fundamental fortalecer o protagonismo e empoderamento das mulheres”.

Carta-compromisso e monumentos iluminados

“Aja agora para um parto seguro e respeitoso” é o slogan da campanha difundida ao longo do mês de setembro pelas entidades que compõem a Aliança. O site da Aliança reúne as diretrizes gerais da campanha – elaboradas por um Conselho Científico – e disponibiliza publicações das diferentes entidades com informações e orientações para a segurança de mulheres e bebês.

As principais diretrizes dizem respeito à Equidade, Respeito, Redes de Atenção, Parto Adequado, Prevenção à Mortalidade Materna, Prevenção da Prematuridade, Letramento, Empoderamento e Engajamento e Participação da Família.

Para ser ainda mais efetiva, a Aliança prepara – para lançamento até o fim de setembro – uma carta-compromisso com medidas de redução da mortalidade materna e neonatal. A intenção é de que o documento seja assinado como um compromisso por autoridades dos poderes Executivo e Legislativo nas esferas nacional e estadual.

Também no Dia Mundial da Segurança do Paciente, monumentos públicos em diversas cidades do país serão iluminados com a cor laranja da campanha. Estão confirmados, até agora: Castelo da Fundação Oswaldo Cruz e Cristo Redentor (Rio de Janeiro) Palácio de Karnac e prédio do COREN (Teresina); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Natal); Palácio dos Leões (São Luís); Hospital Regional Wenceslau Lopes (Piancó) e Hospital Regional de Cajazeiras, ambos no sertão da Paraíba; Hemocentro Unicamp (São Paulo); Elevador Lacerda (Salvador), e muitos outros.

O problema em números

No mundo:

830 mulheres morrem todos os dias por causas evitáveis relacionadas à gravidez e ao parto (OMS, 2021).

2,5 milhões de recém-nascidos morrem, todos os anos, o que representa 47% de todas as mortes de menores de 5 anos (OMS, 2021)

Hemorragias, infecções, abortos inseguros, eclampsia e parto distócico são as complicações responsáveis por mais de 70% das mortes maternas (OMS, 2021).

No Brasil:

300 mil nascimentos prematuros em 2019

O Brasil é 10º colocado no ranking mundial de prematuridade (Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 2020)

11,7% dos partos ocorrem antes das 37 semanas de gestação no Brasil (UNICEF e Ministério da Saúde).

A mortalidade materna em 2018 foi da ordem de 59,1 óbitos maternos/100.000 nascidos vivos. A meta fixada pelo Brasil junto à Organização das Nações Unidas é de 30 óbitos maternos/100.000 nascidos vivos até 2030 (MS, 2020).

38 óbitos maternos por Covid-19 foram registrados a cada semana no Brasil durante 2021 (Observatório Obstétrico Brasileiro, 2021).

Uma de cada cinco mortes maternas por Covid-19 ocorreu fora de uma unidade de terapia intensiva (Observatório Obstétrico Brasileiro, 2021).

65% dos óbitos maternos ocorridos em 2018 foram em mulheres com a cor da pele negra/parda (MS, 2020).

Como posso contribuir para o parto seguro e respeitoso?”

Para impulsionar a conscientização acerca do tema, o Hospital Santa Teresa, em sintonia com as iniciativas nacionais, promoveu dinâmicas e realizou uma palestra para colaboradores da instituição com o tema “Cuidado Materno e Neonatal Seguro – Como posso contribuir para o parto seguro e respeitoso?”.

O evento teve como principal objetivo compartilhar informações sobre fatores que podem contribuir para a redução da taxa de mortalidade de mães e bebês, visando reforçar os protocolos que garantem a segurança e a humanização do processo de parto na unidade.

As palestrantes foram Marcelle Arruda, supervisora da maternidade do HST, e Ana Paula Meirelles, coordenadora de Segurança e Experiência do Paciente da instituição. O conteúdo do evento envolveu temas como a relevância da saúde neonatal, a história da obstetrícia, os principais protocolos de segurança que garantem os direitos das mães e o cenário nacional sobre mortes durante o parto e nascimento prematuro.

“Nosso objetivo é sensibilizar os colaboradores sobre como cada um pode contribuir para um parto seguro, mostrando que é uma responsabilidade de todos. Ações simples como um olhar solidário, uma mão amiga ou o apoio emocional podem ajudar as pacientes neste momento delicado”, comenta Marcelle.

Maternidade Segura – Ao longo dos dois últimos anos, o HST vem aprimorando os cuidados e as práticas humanizadas em sua maternidade através do projeto Maternidade Segura, que busca reduzir os eventos adversos decorrentes da assistência e aumentar a adesão às práticas humanizadas durante o parto, através do aprendizado e da disseminação de conteúdo técnico.

“O objetivo do projeto Maternidade Segura foi aprimorar as boas práticas já existentes nas unidades e organizá-las de forma ainda mais eficiente, por meio de estratégias para melhorar a qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes. Em quase dois anos, reduzimos em 63,2% os eventos adversos e aumentamos em 84,6% a adesão às práticas humanizadas. Nosso projeto teve êxito no redesenho dos protocolos aplicados, garantindo o melhor cuidado para as mães e os bebês”, completa Daniela Menezes, gerente de Qualidade e Segurança do Paciente da Rede Santa Catarina, instituição filantrópica à qual o HST pertence.

Com Assessorias

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!