Cigarro envelhece a pele: saiba como ocorre e evite

Principal causador de rugas profundas no rosto, especialmente nas mulheres, fumo contribui para o envelhecimento precoce

cigarro-envelhece-a-pele Pesquisas indicam que quem fuma tem a pele com aparência envelhecida em pelo menos dois anos e meio (Fofo: Reprodução de internet)
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Muito além da exposição solar, há um tipo de dano que afeta a pele por meio de um vício relativamente comum: o cigarro. O hábito de fumar já é considerado o principal causador de rugas profundas no rosto, especialmente nas mulheres. Pesquisas recentes mostram que a nicotina aumenta a produção de uma enzima que destrói as fibras as fibras de colágeno, conhecida como metaloproteinase.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Nagoya (Japão) verificou uma queda de 40% na produção do colágeno quando adicionada fumaça de cigarro a fibroblastos (células da pele que produzem o colágeno). Sem ele, a pele perde a elasticidade, acelerando o processo de envelhecimento precoce.

A nicotina também bloqueia as ligações cruzadas da elastina (proteína fibrosa e elástica presente na pele), reduz à lubrificação cutânea e os níveis de vitamina A (antioxidante que combate os radicais livres). E o que é pior: diminui o calibre dos vasos sanguíneos que irrigam o tecido cutâneo, prejudicando a oxigenação das células.

Além do envelhecimento da pele, na área dermatológica o tabagismo predispões a uma série de consequencias como má cicatrização de feridas, cancer de pele, acne, psoríase, desidratação (ressecamento), e queda de cabelo. Dentre os efeitos do tabagismo para o envelhecimento cutâneo está a vasoconstrição, diminuição da umidade do estrato córneo, aumento da produção de metaloproteinases e de radicais livres, e a formação de rugas e linhas proeminentes.

“A pele do fumante apresenta-se ainda, precocemente envelhecida, com rugas e linhas proeminentes, flacidez e pigmentações amareladas, avermelhadas ou acinzentadas, informa Gabriella Albuquerque, membro da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro.

Alguns estudos mostram que as mulheres apresentam um risco de envelhecimento precoce, pelo cigarro, maior do que os homens porque a nicotina interfere no fluxo de estrógeno (hormônio atuante na síntese do colágeno e da elastina) para a pele.

Segundo a dra. Gabriella, apenas um cigarro, já é capaz de reduzir o nível de oxigênio na pele em cerca de uma hora.  Imagina quem fuma um maço inteiro? . O sol agride, mas os estragos do cigarro ainda são maiores.  Em geral, o tabaco age de forma semelhante aos mecanismos do fotoenvelhecimento.

Não podemos esquecer que o cigarro é constituído por aproximadamente 4.700 substâncias tóxicas diferentes, como monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, nicotina e alcatrão. Sem dúvida informar a população e desenvolver campanhas é o melhor caminho para evitar os efeitos danosos do fumo”, ressalta.

Uma série de problemas de pele

O farmacêutico Lucas Portilho afirma que os compostos tóxicos do cigarro estão envolvidos em várias desordens cutâneas, como dermatites, ressecamento, inflamações, envelhecimento precoce, psoríase e até câncer de pele, como melanomas e carcinomas.

“Os efeitos do fumo no envelhecimento foram avaliados no norte da Finlândia, onde os efeitos cumulativos da exposição solar são baixos. Os fumantes aparentavam 2 anos a mais que suas idades reais, enquanto os não-fumantes tinham uma média 0,7 ano a menos – justamente por conta dos baixos índices de radiação. O fumo é um dos principais fatores envolvidos no aparecimento de rugas, principalmente em fumantes pesados que fumam mais de 20 cigarros por dia”, afirma o farmacêutico, que é consultor e pesquisador em Cosmetologia e diretor científico da Consulfarma.

De acordo com Lucas, o tabagismo é associado com diversas desordens cutâneas, mas até então era desconhecido como o fumo influencia no fator natural de hidratação. Um estudo avaliou 99 homens, sendo que os fumantes foram classificados como fumantes leves e moderados (menos de 20 cigarros por dia) e fumantes pesados (mais de 20 cigarros por dia).

Foi demonstrado atraso na recuperação da barreira, variando de acordo com o local do corpo, com taxas negativamente relacionadas com o número de cigarros consumidos diariamente. Ou seja, fumantes pesados apresentam uma recuperação de barreira comprometida, deixando a pele mais ressecada, o que pode contribuir, em parte, para um aumento da prevalência de certas desordens cutâneas”, afirma Lucas.

A nicotina atua de forma negativa nas funções das células mais superficiais, estimulando o estresse oxidativo e a liberação de comunicadores pró-inflamatórios, isto é, que vão causar inflamação na pele, segundo Lucas. “Esses comunicadores podem beneficiar o reparo e regeneração da pele, mas quando ocorre uma inflamação excessiva, quando são ativados de maneira constante, eles podem prejudicar a função de barreira da pele.” O estresse oxidativo inibe a proliferação dos queratinócitos, prejudicando a renovação celular.

Além disso, a nicotina está envolvida em um processo de desregulação do equilíbrio da pele, então ela pode também estimular a produção de sebo e inibir a síntese de proteínas. “Com isso, os fumantes apresentam uma oleosidade maior nas áreas contendo muitas glândulas sebáceas e há pontos de ressecamento extremo em áreas com poucas glândulas sebáceas. Isso é ambivalente: ao mesmo tempo em que a pele está oleosa, ela está ressecada”, diz Lucas.

O especialista afirma que os resultados de uma metanálise que avaliou os artigos dos últimos 40 anos que relacionam Dermatologia e tabaco sugeriram forte associação com numerosas condições dermatológicas, por conta de alterações sanguíneas, reações inflamatórias e imunossupressão.

“Com relação à alteração sanguínea, há um aumento da vasoconstrição e de danos à camada epitelial dos vasos, o que dificulta a cura de ferimentos e favorece problemas como tromboangeíte obliterante e doenças arteriais periféricas obstrutivas. Também há reações inflamatórias, pois há efeitos imunológicos excessivos induzidos pelo cigarro, favorecendo doenças como psoríase, dermatite atópica, acne e lúpus eritematoso”, afirma Lucas.

Segundo ele, a imunossupressão é causada pela nicotina, que pode contribuir para a patogênese da infecção por HPV, de melanoma maligno e também de tumores epiteliais e em mucosas.

Dicas para minimizar os danos causados pelo cigarro

Para tratar os problemas relacionados ao envelhecimento da pele, o especialista sugere, além do abandono do vício, o uso de cremes antioxidantes e altamente hidratantes. Por fim, Lucas lembra que é sempre importante consultar um médico dermatologista para que ele faça uma avaliação completa da pele e prescreva uma fórmula ideal para o tratamento das alterações. Confira também as dicas da Dra Gabriella.

  1. Alimentação: Os antioxidantes são moléculas de carga positiva que anulam a ação de oxidação dos radicais livres. E eles estão maisao alcance do que se imagina: nos alimentos. Estudos mostram que uma alimentação rica em frutas, legumes, vegetais, hortaliças e cereais garantem uma boa proteção contra os radicais livres e ainda reduzem consideravelmente o risco de envelhecimento precoce.
  1. Filtro solar: Pessoas que passam a fazer uso de protetor solar diariamente têm, após um período de quatro anos, uma chance 24% menor de apresentar sinais visíveis de envelhecimento da pele causado pelo sol em comparação às que não se protegem adequadamente.
  2. Bioestimuladores de colágeno injetável: São substâncias biocompatíveis e biorreabsorvíveis que quando aplicadas na pele produzem reação inflamatória que estimula o aumento na produção das fibras de colágeno. O tratamento é injetável e pode ser realizado no abdome, glúteo, braços e pernas com o objetivo de melhorar a flacidez e a firmeza da pele. Os mais eficazes são o ácido polilático, a hidropaxiatia de cálcio, e mais recentemente, a policaprolactona.
  1. Laser Fotona: Trata-se de um grande aliado em procedimentos para rejuvenescimento de diversas áreas do corpo. De forma não invasiva e segura, o laser promove a melhora da textura da pele, estimulando a produção de colágeno, enquanto reverte danos causados pelo sol.
  1. Tratamento anti-idade: Métodos caseiros como o uso de cremes noturnos com fator de crescimento, ou seja, à base de proteína, suplementação de ácido hialurônico ou de colágeno hidrolisado minimizam os efeitos colaterais da liberação de radicais e auxiliam na regeneração da pele.

Da Redação, com Assessorias

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