Vitória para os milhares de pacientes obesos mórbidos que aguardam na fila do SUS para a redução de estômago no Estado do Rio de Janeiro. O Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica, que comemora 10 anos nesta terça-feira (1/9), será ampliado com a criação de quatro novos polos de atendimento. Atualmente, apenas o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, na Zona Norte, realiza o procedimento.
A novidade foi anunciada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), dias após o coordenador do programa, Cid Pitombo, alertar para o risco de uma paralisação das atividades por conta da crise na saúde pública do Rio, em live do #PapodePandemia do ViDA & Ação. À jornalista Rosayne Macedo, Dr Cid falou sobre os riscos que uma interrupção no programa poderia causar a milhares de pessoas que sofrem comorbidades por causa da obesidade, custando até mesmo suas próprias vidas.
De acordo com o secretário de Estado de Saúde, Alex Bousquet, quatro novos polos para cirurgia de redução de estômago serão implantados: Metropolitana I, Médio Paraíba, Noroeste e Metropolitana II. Os nomes das cidades não foram revelados. Hoje, no Estado do Rio de Janeiro existe um fila de espera por cirurgia bariátrica de 5.500 pessoas.
Com a criação de quatro novos polos, além de ampliar o cuidado a pessoas superobesas, a expectativa da SES é reduzir drasticamente a fila por cirurgia bariátrica ou zerar. Outro ponto positivo, segundo o secretário, é ofertar o atendimento em unidades mais próximas das residências dos pacientes, evitando grandes deslocamentos.
No entanto, a SES ainda não informou quando a implantação dos novos polos e a ampliação das vagas começam efetivamente, nem o número de procedimentos que deverão ser realizados por meio desse projeto de expansão para o interior. Por enquanto, o jeito é aguardar. E torcer logo para chegar a sua vez!
Hospital Carlos Chagas é referência em cirurgias
As operações começaram em um cenário onde eram realizadas apenas 20 intervenções por ano, em média, pelo SUS, e passaram para 480 operações de redução de estômago feitas pelo estado. Hoje, o programa é o mais importante da rede pública brasileira e o único a oferecer o procedimento pelo SUS por videolaparoscopia, que é minimamente invasivo.
Nessa luta contra a balança, 3.200 pacientes já tiveram as vidas transformadas, como ser mãe e vencer a luta contra droga, e deixaram para trás 157 toneladas de peso excedente. Desde a retomada das cirurgias, no dia 13 de julho deste ano, 80 pessoas já realizaram o procedimento.
O próximo a recuperar os benefícios de uma vida saudável será João Rafael Zippel, técnico de Mecânica Industrial, morador de Seropédica, que deu entrada no programa em 2019, com 270kg, e este ano, em meio à pandemia, perdeu inacreditáveis 100kg.
Encontrei na cirurgia bariátrica uma motivação e, com muito esforço, perdi mais de um terço do meu peso e controlei a compulsão, mesmo com o confinamento ao seguir as orientações da equipe multidisciplinar. Quero ter uma vida normal, sem discriminação e conseguir uma vaga no mercado de trabalho”, relata o paciente, de 28 anos, que está na fase de realização de exames para a cirurgia prevista para ocorrer ainda este ano.
Uma coleção de histórias de superação
Conheça algumas histórias de vida inspiradoras que o programa ajudo u a revelar em 10 anos de existência:
O desafio de usar a camisa do ‘homem de ferro‘
Quando seu filho completou 12 anos, Rodrigo Teixeira da Cruz, de 40 anos, morador da Ilha do Governador, deu a ele uma camisa do Homem de Ferro e disse que um dia iria usá-la. Passados 12 meses da cirurgia, ela coube no corpo do consultor de vendas que ostenta hoje 74kg. “A satisfação foi imensa, ainda mais ao descobrir que o tamanho era “P” infantil. A minha bermuda teve uma redução drástica, passando do número 66 para 40. Outro bônus, com o procedimento, em 2017, foi ter a saúde recuperada, como o fim da pressão alta e do diabetes”, conta.
O desejo de ser mãe se torna uma realidade
A dor pela perda da mãe, que aconteceu em 2012, aumentou a ansiedade e fez o peso da dona de casa Vivian Aparecida, de 40 anos, moradora de Santa Maria Madalena, disparar para 160kg, adiando o sonho de ser mãe. A maternidade começou a virar realidade com operação feita, em 2016. Três anos depois, sem problemas orgânicos, ela deu à luz a Isadora, que está com dez meses de vida, e seu peso está na casa dos 90kg. “Acordar com aquele sorriso e seu chorinho é bom demais. Quando você acredita tudo acontece”.
Ex-usuária de drogas conquista dois empregos
A vida e suas voltas. Em um certo momento, Daniela Lopes, de 40 anos, mergulhou no universo das drogas e resolveu substituir os entorpecentes pela comida. Como consequência da ação, a moradora de Jacarepaguá, passou a pesar 242kg. A mudança veio, em 2017, com a operação e a conquista de dois empregos: empregada doméstica e funcionária de buffet. Hoje, ela pesa 74kg. “A cirurgia foi um divisor de águas na minha vida. Renasci, conquistei autoestima e não passo por constrangimento. Frequento academia, tenho 74kg e qualidade de vida. A borboleta saiu do casulo”.
Como se habilitar para a cirurgia
Para se candidatar a uma cirurgia bariátrica pelo SUS, o paciente deve procurar atendimento em uma Clínica da Família próxima da residência para que um médico avalie a necessidade da cirurgia. Se a operação for indicada, o médico solicita uma segunda avaliação para a Central Estadual de Regulação (CER), que encaminha o pedido de forma on-line. O paciente é contatado e tem uma consulta de avaliação marcada.
Antes da cirurgia, há um rigoroso programa de preparo obrigatório, com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar (médico, enfermeiro, nutricionista e psicólogo). A idade para realização do procedimento varia dos 16 anos aos 65. Após o procedimento cirúrgico, os pacientes ainda são acompanhados por cinco anos no Hospital Estadual Carlos Chagas.
Com Assessoria SES