Coaching no Outro Lado do Paraíso gera polêmica

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Sou formada em Coaching, mas não exerço esta atividade, embora me mantenha conectada com este ambiente, por meio do grupo Coaching, que criei em 2012 no Facebook e atualmente reúne mais de 6 mil perfis do Brasil e do mundo, a maioria profissionais que atuam com este processo. Fiquei chocada ao ver a jovem personagem de ‘O Outro Lado do Paraíso’ – que sofre de um trauma psicológico profundo, causado por abuso sexual do padrasto – procurar ajuda no Coaching…e ser atendida! Totalmente irresponsável a abordagem da novela sobre os benefícios desse processo de autodesenvolvimento.

O assunto está causando polêmica nas redes sociais e os profissionais realmente sérios estão indignados com esta abordagem equivocada. O Conselho Federal de Psicologia também se manifestou a respeito, repudiando a trama. Uma das mais respeitadas escolas de formação em coaching do mundo, o Erickson College criticou o uso indevido do coaching na novela. Para diretora do Erickson College, Iaci Rios, ao apontar o coaching como tratamento psicológico, a novela está desinformando o público e estimulando as pessoas a procurar profissionais que não estão habilitados a lidar com situações críticas de saúde mental. “É muito triste ver um veículo de comunicação com tamanho impacto na população brasileira, como é ainda a TV, veiculando comportamentos incorretos”, diz Iaci Rios.

Ainda segundo ela, a novela está apresentando uma prática de coaching totalmente equivocada e antiética. Desrespeitando não só os profissionais sérios de coaching, mas os psicólogos e psicanalistas. A especialista, que também é psicóloga, além de formadora de coaches, prossegue: “Evidente que um caso de trauma e sofrimento psicológico como o retratado nesta novela não pode ser tratado por um coach, mas sim por um psicólogo preparado para isso ou um médico psiquiatra”. “Evidente também que não se pode ‘arrancar a verdade’ de uma pessoa sob efeito de hipnose e muito menos um coach pode usar a hipnose, ainda mais para situações desse tipo”, reage a diretora.

“Nós do Erickson College, em uníssono com a ICF (International Coach Federation) e com todos os coaches profissionais éticos e responsáveis, repudiamos essa tremenda desinformação”, conclui. Ela lembra que a ICF, que representa especialistas do mundo todo, “define o coaching como uma “parceria entre profissional (coach) e cliente (coachee) em um processo criativo e instigante que inspira o cliente a maximizar seu potencial pessoal e profissional”.

Iaci Rios acredita que os autores da novela também são vítimas do uso indiscriminado do termo coaching por pessoas que não têm a formação adequada para esta atividade. Atualmente, muitos profissionais se apresentam como “coaches” para oferecer os mais diversos tipos de serviço, que nada têm a ver com a prática desta atividade reconhecida pela ICF.

Por fim, a diretora do Erickson College entende que os autores da novela ainda têm a oportunidade de prestar um serviço educativo à população, mostrando quais são práticas corretas do coaching e qual o tratamento adequado para a situação de trauma psicológico vivida pela personagem.

Banalização do coaching: como encontrar um bom profissional

Todos sabemos que vivemos em uma sociedade que busca fórmulas mágicas, que vão desde o emagrecimento a qualquer outro objetivo como, por exemplo, desenvolver a competência de liderança, em quem não tem minimamente o perfil para tal. Nesse cenário, a figura do coach aparece como mágico, e estes são especialistas em diversas áreas. Mas como distinguir um profissional preparado de um despreparado?

Para a professora dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), executive coach, mentora de carreira e coordenadora acadêmica do curso de Analista e Capacitação em RH em nível Brasil, Anna Cherubina Scofano, alguns coaches sem a devida formação e um quantitativo mínimo de clientes e horas de atendimentos, simplesmente se aproveitam de uma onda de modismo do termo coaching, de forma insipiente e por vezes até irresponsável. Segundo ela, isto representa um risco para os desavisados na contratação deste tipo de serviço. “Alguns, ditos coaches se utilizam de conhecimentos terapêuticos, outros do marketing pessoal, de retórica, holístico e, principalmente, das fragilidades e necessidades humanas. No mercado qualquer pessoa pode se dizer e se diz coach”, alerta Anna Cherubina Scofano.

Eu, por exemplo, sou formada em Jornalismo, mas tenho especialização em Coaching pela Academia Brasileira de Coaching (Abracoaching), em 2012, quando essa nova especialidade começava a explodir no Brasil. Criei e modero no Facebook o grupo Coaching com mais de 6 mil perfis de profissionais de renome nacional e internacional, muitos deles palestrantes e escritores. Desenvolvi, há cinco anos, uma metodologia de Media Coaching, que mescla conceitos de Media Trainning com o Coaching, para ajudar estudantes e profissionais que querem se reinventar na profissão e também executivos e demais profissionais que precisam aprender a se comunicar melhor com seus públicos, mas de algum modo enfrentam bloqueios.

Entretanto, não me considero nem me apresento como coach porque acabei retornando à lida diária do Jornalismo em Redação e não concluí as horas necessárias de sessões práticas, para estar com as ferramentas afiadas a desenvolver um trabalho sério, ético e responsável, que realmente contribuia para conduzir o coachee (como é chamado o cliente) a um processo efetivo de autoconhecimento e transformação. Mas como uma apaixonada por Coaching, penso que é importante abrir os olhos para a explosão de coaches que está no mercado, oferecendo a preço alto ajuda a pessoas que muitas vezes estão desesperadas em busca de soluções para seus problemas – seja de ordem pessoal, interna, familiar ou profissional.

A professora esclarece, no entanto, que o coaching é um processo voltado, especificamente, ao desenvolvimento de competências. Que não se trata de um processo de aconselhamento, tampouco de autoajuda. Muitas pessoas confundem chegando a chamá-lo até de consultoria, quando esta é voltada a processos organizacionais ou de negócios. “Ambos são completamente distintos em sua aplicação, objetivos, meios e fins”, explica Anna Cherubina.

A professora da FGV ressalta que um coach despreparado pode prejudicar pessoas ludibriando-as, ou mesmo, prometendo aquilo que não está apto a entregar. De acordo com ela, atendendo como coaches, esses profissionais lesam seus clientes, quando na verdade eles, em grande parte, precisam de outro tipo de apoio, seja de um psicólogo, psiquiatra, mentor, enfim, algo que não esteja contido no processo do coaching.

“O fato de mantê-los como clientes, em detrimento de orientá-los na busca de outro tipo de serviço profissional, pode representar algum tipo de prejuízo considerável ao indivíduo. As principais credenciais de um coach são suas referências de outros clientes e, as experiências com uma quantidade mínima de horas/atendimento realizadas. Quem atua na área deve ter a formação como coach, em uma Escola de coaching, credenciada pela ICF (International Coach Federation)”, explica a especialista.

Da Redação, com Assessorias

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