Rinite e asma são fatores de risco para Covid-19?

Alergistas e imunologistas explicam que medicamentos de controle, como nebulizadores e corticoides, não podem ser abandonados

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Estamos atravessando uma pandemia por uma nova cepa de coronavírus humano, o SARS-COV-2, que causa manifestações clínicas com gravidades diversas, nominadas pela Organização Mundial de Saúde  como Covid-19. Desde a primeira notificação de caso, em dezembro de 2019 em Wuhan, China, a doença tem se disseminado pelo mundo.

Existe uma grande preocupação na população em geral quanto aos fatores de risco para gravidade das manifestações da Covid-19. Por ser considerada uma doença respiratória crônica,  a rinite representaria um risco aumentado para SARS-COV2?

Os especialistas da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI) afirmam que portadores de rinite não são grupo de risco para Covid 19 nem em infectividade e nem em maior gravidade. Já os pacientes com asma, mesmo são sendo mais propensos a adquirir a infecção por coronavírus, podem desenvolver complicações, se infectados pelo novo coronavírus.

Paciente com asma não é mais propenso a se contaminar pelo coronavírus, mas se for contaminado, poderá desenvolver formas graves da doença, devido ao quadro asmático de base”, esclarece Flavio Sano, presidente da Asbai.

Por isso, nestes períodos de grande circulação de vírus respiratórios, o paciente deve manter a rinite e a asma sob controle. Muitas vezes há a sobreposição de manifestações – rinite e asma– se a rinite estiver fora de controle, os sintomas de asma serão muito mais frequentes e graves.

Quanto aos corticosteróides tópicos utilizados para o controle da rinite, até o momento, as recomendações de órgãos internacionais de referência, são a favor da manutenção do tratamento anterior à pandemia, inclusive em casos infectados. Ou seja, temos que nos manter, na medida do possível, estáveis em relação às manifestações respiratórias.

Além da asma, outras comorbidades devem ser controladas, tais como diabetes, hipertensão arterial e imunodeficiências primárias para reduzir o risco de infecção grave. Portanto, o mais importante será não interromper o tratamento da asma. Em caso de dúvida, o paciente deverá pedir auxílio e orientações ao seu médico assistente.

Sintomas da rinite e da covid-19

Os sintomas clássicos na exacerbação da rinite incluem coriza, prurido nasal e ocular, espirros em salva, sensação de obstrução nasal, sem sintomas de febre, adinamia e dores musculares. Já a covid-19 leva a uma infecção viral sistêmica, ou seja, um estado gripal. No estado gripal clássico, assim como acontece com outros virus, como a influenza, o paciente não apresenta localização inicial da doença.

Na covid-19, o paciente ode sentir cansaço, falta de energia, dor muscular, cefaléia, dor na garganta, perda do olfato, além de febre. Pode haver também sintomas que se sobreponham aos da rinite, como coriza e obstrução nasal. A presença de tosse evoluindo para dispnéia já denota uma maior gravidade do quadro.

A associação já divulgou recomendações sobre COVID-19 e medicações de uso contínuo. Também preparou orientações para urticáriaasmaimunodeficiênciasimunoterapia e alergia ao ovo x vacina da gripe.

Veja as principais recomendações para quem tem asma

USO DE CORTICOSTEROIDES INALATÓRIOS NA ASMA – recomendação de manter o uso.

O tratamento da asma está baseado em corticosteroides inalatórios para controle da inflamação broncopulmonar, redução de sintomas e exacerbações. Essas medicações não devem ser abandonadas, nem tampouco retiradas do tratamento do paciente com asma. O uso regular e correto de medicações inalatórias deve ser preconizado independente da circulação do coronavírus.

As exacerbações são as principais causas de morbidade em pacientes com asma. A associação entre doenças virais respiratórias e exacerbação da asma é bem conhecida e um número relevante de agentes virais já foi identificado. Muitos destes grupos virais aumentam a inflamação brônquica e alérgica causando danos às estruturas respiratórias, epitélio e endotélio.

USO DE CORTICOSTEROIDES ORAIS NA EXACERBAÇÃO DA ASMA – recomendação manter o uso na menor dose necessária prescrita pelo médico assistente.

Durante as exacerbações, o uso de corticosteroide oral em doses preconizadas deverá ser utilizado com parcimônia e sob orientação médica. A ausência de controle da inflamação na asma pode promover exacerbações graves e morte por asfixia em um subgrupo de pacientes.

O corticosteroide sistêmico tem sido utilizado em pneumonias graves por coronavírus com resultados conflitantes. Em estudos observacionais o uso de corticosteroide em doses baixas ou moderadas tem beneficiado pacientes com lesão pulmonar aguda e reduzido a inflamação causada pela infecção viral. Entretanto, não existem evidências de que o uso de corticosteroide oral reduza a mortalidade por pneumonia ou choque séptico causado pelo coronavírus.

ESPIROMETRIA E INFECÇÃO RESPIRATÓRIA – realizar o exame apenas se for essencial para diagnóstico ou condução do paciente.

O emprego de espirometria como teste de função pulmonar poderá ser limitado aos pacientes com asma em que seja essencial a avaliação da função pulmonar. Na presença de sintomas respiratórios gripais ou exacerbações deverá ser postergada até a melhora do paciente. Os espirômetros portam filtros que devem ser trocados para cada paciente após a realização do exame. Estudo recente observou correlação entre as viroses respiratórias (altas e baixas) de pacientes submetidos à espirometria e as culturas do filtro do espirômetro, indicando ser este um possível meio de contaminação.

NEBULIZADORES – uso com restrição.

Reservatórios de nebulizadores são potenciais fontes de contaminação. Estudos de culturas de microorganismos em máscara e copos de nebulizadores utilizados em pacientes com fibrose cística mostraram proporção significativa de nebulizadores contaminados (71%) por microrganismos potencialmente patogênicos.  Pacientes com asma deverão utilizar seus dispositivos inalatórios, em aerossol dosimetrado ou inalador de pó, de forma individual, sem compartilhamento. Quando possível, o uso de nebulizadores em serviços de urgência deve ser evitado.

IMUNOBIOLÓGICOS – pacientes em uso devem manter o tratamento. A interrupção do tratamento deve ser avaliada individualmente.

Não existem evidências ou ensaios clínicos que avaliem o efeito imunossupressor ou potencializador de respostas antivirais com os agentes imunobiológicos utilizados para tratamento adjuvante da asma. Não foram identificados estudos específicos sobre o coronavírus. Pacientes em uso de biológicos apresentam asma grave e devem ser monitorados cuidadosamente, além de tomar todas as medidas de contágio.

Fonte: Asbai, com Redação

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