Como identificar se uma pessoa está tendo um AVC?

Dia Mundial do AVC chama atenção para importância da prevenção. Médicos esclarecem as principais dúvidas sobre a doença

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Popularmente conhecido como “derrame”, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) mata uma pessoa a cada 6 segundos no mundo. Mais de 6 milhões de mortes por AVC são registradas por ano em todo o mundo e, em países em desenvolvimento, esta é a segunda maior causa de mortes. Estima-se que uma em cada 4 pessoas terá a doença ao longo da vida. No Brasil,  o AVC faz cerca de 70 mil vítimas fatais por ano, é o maior responsável pela maioria das internações hospitalares e por incapacidade para o trabalho e está relacionado a 40% dos casos de aposentadoria precoce.
 
Essa condição pode acometer qualquer pessoa, independentemente de gênero, idade ou classe social. Ou seja: a próxima vítima pode ser você. Com o objetivo de chamar atenção para o aumento do número de casos e a importância da prevenção, na semana dedicada ao Dia Mundial do AVC (29/10), o Portal ViDA & Ação abre uma série especial sobre o tema.  Nesta matéria, ouvimos três especialistas, que alertam para a necessidade de socorro urgente para os pacientes. Confira!

Quando e como acontece o AVC?

O AVC é uma condição que ocorre quando a circulação de sangue para o cérebro é interrompida de alguma forma, impedindo que o órgão obtenha nutrientes e oxigênio. Pode afetar diferentes áreas do cérebro e trazer sequelas sensoriais e motoras, como paralisação dos movimentos ou dificuldade para andar e/ou falar, assim como levar ao óbito.

Entre os principais sintomas do AVC estão a perda súbita da força, formigamento ou dormência em um dos lados do corpo, dificuldade repentina de falar, fala arrastada ou compreender o que se fala, perda visual (particularmente quando afeta um lado só da visão), tontura ou desequilíbrios súbitos, além de uma dor de cabeça intensa e boca torta.

De acordo com Guilherme Torezani, coordenador de Doenças Cerebrovasculares do Hospital Icaraí, em Niterói (RJ), para que as chances de sequelas diminuam, é importante que ao menor sinal da doença, o paciente e seus familiares procurem ajuda especializada.

“Entre os sinais de que o paciente está tendo um AVC, atente-se para fraqueza dos braços e/ou pernas, formigamento ou perda de sensibilidade, principalmente se acometer todo um lado do corpo ou face, bem como para dor de cabeça súbita e intensa sem causa aparente, perda da fala, tonturas súbitas (vertigem/ver o mundo girar), desvio da boca para um dos lados, fala enrolada ou confusa, dentre outros sintomas que iniciem de uma hora para outra”, alerta o médico.

Urgência pode determinar recuperação

Marcio Costa, neurocirurgião e neurorradiologista intervencionista com atuação no Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP), em Marabá (PA), lembra que nesses casos o paciente deverá ser levado no menor espaço de tempo possível para um hospital capacitado no tratamento do AVC a fim de possibilitar o tratamento. “Temos poucas horas para intervir no AVC com chances de reverter a lesão e evitar sequelas permanentes. A cada um minuto que passa, 2 milhões de neurônios morrem no cérebro do paciente com AVC”, alerta.

O especialista do HRSP reforça que, assim que identificado algum sintoma do AVC, é fundamental que a pessoa seja levada imediatamente para uma unidade de saúde. “Se o paciente for tratado em uma hora, as chances de recuperação são muito maiores do que se for atendido duas, três ou mais horas depois. Na maioria dos casos, depois das primeiras quatro horas, a perspectiva de recuperação diminui muito”, ressalta.

AVC isquêmico é o mais comum

Marcio Costa destaca que os principais tipos de AVC são o “isquêmico” que ocorre quando há a obstrução de uma artéria cerebral, que interrompe o fluxo de sangue, e o “hemorrágico”, tipo mais grave, que surge quando um vaso sanguíneo se rompe espontaneamente, causando um sangramento dentro do tecido cerebral. São vários os fatores de risco, como obesidade, sedentarismo, alcoolismo, hipertensão arterial sistêmica, o tabagismo, a diabetes mellitus, as doenças cardiovasculares entre outros

O clínico geral Guilherme Penna, intensivista da Casa de Saúde São José (Rede Santa Catarina), no Rio de Janeiro, explica que “em um acidente vascular cerebral isquêmico, que é o tipo mais frequente, há obstrução do fluxo sanguíneo em um vaso do cérebro, causando falta de oxigenação. Por isso, alguma parte do corpo será afetada, de acordo com a região cerebral”, explica.

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Tire suas dúvidas

Dr Guilherme Penna esclarece algumas das principais dúvidas relacionadas à doença. Confira!

– O diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento ajudam na recuperação?  

Sim. O médico reforça a importância de se buscar rapidamente um hospital, pois a eficácia do tratamento, seja via remédio trombolítico para dissolver a obstrução ou com a realização de um cateterismo, precisam ser feitos em um curto espaço de tempo após o AVC. “Isso melhora a sobrevida do paciente e reduz as chances de um déficit neurológico, o que pode levar a uma eventual incapacidade”, afirma.

– A idade e o histórico familiar do paciente são os únicos fatores de risco a serem observados?  

Penna explica que há fatores não modificáveis, como idade, genética, sexo e raça (homens e pessoas negras têm maior chance de ter um AVC). Mas, na prevenção da doença, devemos estar atentos também aos elementos de risco modificáveis, como pressão alta, diabetes, colesterol, tabagismo e sedentarismo. Segundo ele, a recomendação é para que todos façam pelo menos 150 minutos de atividades físicas por semana, além de evitar consumo de álcool e ter uma dieta equilibrada. “Outros fatores de risco são gordura abdominal e apneia obstrutiva do sono”, afirma.

– Todos os pacientes de grupos de risco devem fazer uso de aspirina como prevenção? 

Não. Penna afirma que essa conduta é indicada apenas para pacientes que já tiveram um AVC como forma de evitar um novo episódio. Para quem nunca teve a doença, o uso do medicamento não é recomendado, com exceção de casos individualizados, de acordo com orientação médica e avaliação de fatores de risco.

– É possível relacionar o AVC com a Covid-19? 

De acordo com o médico, um dos efeitos da Covid-19 são eventos trombolíticos, entre eles um AVC. Porém, não é possível afirmar que, se uma pessoa tiver a doença dois ou três meses após a Covid-19, a causa foi o novo coronavírus ou se está relacionada a algum outro fator de risco já existente. Segundo ele, na fase aguda da Covid-19 não foi comum o registro de evolução para um AVC em pacientes internados. “Apenas 1% das pessoas hospitalizadas apresentou AVC”, completa.

Método SAMU para identificar sinais do AVC

Sorria: Peça para a pessoa dar um sorriso, caso um dos lados da face entorte ou paralise, é provável que seja um AVC;

Abrace: Veja se a pessoa consegue levantar os dois braços, se um deles cair, pode ser outro sintoma;

Música: Incentive a pessoa a repetir uma frase de uma música preferida, se ela não conseguir pronunciar corretamente, pode ser mais uma indicação da doença;

Urgente: Caso tenha identificado alguns dos sintomas, busque ajuda de um profissional médico imediatamente. Entre os serviços públicos de emergência está o telefone 192, para remoção de pacientes.

Com Assessorias

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