Como se desligar do mundo hiperconectado por 8 minutos

Uso exagerado de redes sociais é testado em experiência audiovisual ‘Quiet Room’. Peça ‘Selfie’ mostra saga de homem hiperconectado

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

Apesar de não oficial, o termo “hiperconexão” remete à necessidade constante de acesso à internet. E nem é preciso recorrer a estudos ou estatísticas para constatar que grande parte das pessoas passa o dia todo conectada a sites, aplicativos de mensagem e redes sociais. O problema, segundo profissionais de saúde mental, é que este comportamento tem ajudado a aumentar os níveis de ansiedade da população, uma vez que o tempo parece ganhar outra velocidade em ambiente virtual.

Nesse sentido, ‘dar um tempo’ pode ser um passo importante para evitar ou diminuir os sintomas do transtorno. Agora, já imaginou uma experiência audiovisual absolutamente deslumbrante, e você sem poder registrar e postar nas redes sociais?! É isso que propõe a instalação de arte e tecnologia Quiet Room, aberta para visitação do público até 10 de outubro no Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, Rio de Janeiro

A experiência, com entrada gratuita de quarta-feira a domingo, das 12h às 18h, propõe um exercício de introspecção por meio da desconexão da internet e dos dispositivos “smart”. O objetivo é que, ao menos por alguns minutos, os visitantes desliguem-se das redes e mergulhem no momento.

Para participar da experiência, o primeiro passo é colocar o telefone celular no bolso. Depois, o visitante é convidado a entrar em uma sala escura, na qual, ao longo de 8 minutos, se conectará com sons e projeções interativas de paisagens, que proporcionam uma experiência de mindfulness (estar totalmente presente no momento).

Como se desligar do mundo hiperconectado

O trabalho envolveu diversos testes e neles foi possível observar como ‘se desligar do mundo’ pode ser mais difícil do que parece, como explica Felipe Reif, fundador da Deeplab Project, responsável pela concepção da instalação em colaboração com o artista francês Parse/Error e Regina Giannetti, instrutora de mindfulness e podcaster do Autoconsciente.

“No início da experiência, que é menos visual, os visitantes sentiam falta da recompensa que o cérebro fornece quando acessamos nossos celulares. Porém, na medida em que a experiência evolui a sensação de ansiedade diminui e percebemos uma quietude absoluta na sala”, revela.

Regina explica que o mindfulness é o estado de consciência que surge quando focalizamos a atenção no aqui – agora. “A instalação convida à experiência desse estado por meio da respiração, de movimentos e da interação com o ambiente. Convida também à reflexão do quanto estamos alheios ao que nos cerca enquanto a mente viaja para o futuro, o passado ou outro lugar. E é no presente que a vida realmente acontece”, avalia a especialista.

Segundo Steffen Dauelsberg, CEO da Dellarte Soluções Culturais, responsável pela co-produção da instalação em parceria com a BM Produções, Quiet Room sugere uma importante reflexão sobre hiperconexão, mas de uma forma leve e única.

“Além de entretenimento, a experiência proporciona uma reflexão importante sobre essa necessidade de estarmos conectados o tempo todo, motivo pelo qual nos interessamos em produzir a instalação. As características tecnológicas e que respeitam esse momento de pandemia também contribuiu na escolha do projeto”, aponta CEO da Dellarte.

Público quer fotografar as projeções

Com cinco metros de largura, quatro de altura, e 10 de profundidade, a instalação é cercada de recursos tecnológicos, como sensores que captam a movimentação dos participantes a distância.

Desde a sua concepção, Quiet Room previa a interação sem necessidade de contato físico e, com a pandemia, novas medidas foram adotadas, como cortina de tecido, tratamento antibacteriano e equipamentos de filtragem do ar. Há também limitação de 8 pessoas por sessão, respeitando o distanciamento social.

Apesar de entender a proposta de Quiet Room, as pessoas que participaram dos testes sempre pediam para repetir a experiência, com o intuito de fotografar e filmar as projeções.

“Todos os participantes solicitaram uma segunda sessão para que pudessem registrar as paisagens com seus telefones celulares. Decidimos, então, adicionar dois minutos livres no final da experiência. Nos vimos num paradoxo diante desses pedidos, mas encontramos paz no equilíbrio”, avalia Felipe.

Experiência tem acesso gratuito

A visitação segue todos os protocolos de segurança sanitária determinados pelos órgãos responsáveis, com controle de entrada e capacidade de lotação máxima de 40% em locais fechados. A retirada de ingressos deve ser feita diretamente na bilheteria do espaço. O Centro Cultural Oi Futuro fica na Rua Dois de Dezembro 63 – Flamengo, zona sul do Rio.

Quiet Room faz parte de uma série de quatro experiências autorais propostas pela Deeplab Project, sobre temas relevantes da sociedade por meio de instalações que misturam arquitetura, design e tecnologia. Redes sociais, interação do Homem com o ambiente e conexões humanas são interpretados pelo estúdio em exposições itinerantes que percorrem o país nos mais diversos espaços culturais.

No Rio, Quiet Room é apresentada pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura em conjunto com a Oi, Oi Futuro e a Serede/Rede Conecta. A experiência tem patrocínio do Instituto Oi Futuro, da Serede/Rede Conecta e da Ecology, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.

Leia mais

Como o sono e a memória são afetados em tempos pandêmicos?
Um terço dos novos pais sente-se só em um mundo hiperconectado
Nomofobia: quando a conexão virtual vira síndrome
Pandemia põe à prova fragilidade da saúde mental dos jovens

‘Selfie’: peça revela homem superconectado

Imaginem um homem super-conectado que armazena toda a sua vida em computadores, redes sociais e nuvens? Debruçado sobre um projeto de criar um sistema único para armazenamento de todos os dados de uma pessoa, ele vê seu sonho ir água abaixo quando deixa cair um café em seu equipamento, que sofre uma pane e apaga tudo.

Mateus Solano e Miguel Tirré na peça ‘Selfie’, agora em formato digital (Divulgação)

Esta é a história de Claudio (interpretado pelo ator Mateus Solano), que torna-se um homem sem passado, já que não se lembra de nada, pois toda sua memória era virtual. A partir daí, ele inicia uma saga em busca da memória perdida, recorrendo a vários personagens de sua vida (11, ao todo, vividos por Miguel Thiré) para reconstituir sua trajetória.

Depois do sucesso em 2019 nos palcos brasileiros, o espetáculo ‘Selfie’, com texto de Daniele Ocampo, estreou em formato digital em agosto e pode ser visto no canal oficial da Bradesco Seguros no YouTube.

“Essa peça é essencial para refletirmos sobre nossos comportamentos com uso da tecnologia. Estar conectado é importante, mas aproveitar os momentos é muito mais”, diz o diretor Marcos Caruso.

Vale a pena conferir e dar boas risadas!

Ebook: ‘As minorias e o mundo digital pós-Covid’

A pandemia de Covid-19 afetou toda a Humanidade de forma nunca vista no último século. Cada indivíduo, em sua esfera de atuação precisou rever muitas de suas práticas, crenças e planos. Porém, grupos mais bem representados nas esferas de poder, a saber brancos, em sua maioria homens sofreram as consequências de forma muito diferentes daqueles com menor visibilidade social.

Para dar voz a esses grupos e discutir como o mundo digital, o grande ambiente de relacionamento do nosso século, foi capaz de amenizar as consequências e criar novas conexões para facilitar a vida, o programa de cursos De Olho na Rede elaborou o e-book “As minorias e o mundo digital pós-Covid 19”.

A publicação traz relatos e estudos sobre as condições dos idosos, mulheres, mulheres negras, pessoas com deficiência, periféricos, além de outros temas como educação e gordofobia. São 130 páginas com 16 artigos de estudiosos, jornalistas e membros dos grupos representados. O livro tem navegação acessível para deficientes visuais e está disponível gratuitamente para download.

Ficha Técnica

Ebook: As minorias e o mundo digital pós-Covid-19

Organização: Naia Veneranda Gomes da Silveira e Ivone Ananias dos Santos Rocha

Número de páginas: 130

Download gratuitodeolhonaredecurso.com.br/e-book  

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!