Covid-19 já matou 600 mil brasileiros, mas número pode ser maior

Brasil fica em segundo lugar no mundo em mortes por Covid-19, mas subnotificações são reconhecidas até por órgãos oficiais

Manifestação em frente ao Hotel Copacabana Palace lembra os 600 mil mortos pela Covid-19 (Foto: Rio de Paz)
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No Brasil inteiro, a marca de 600 mil mortes causadas pela Covid-19 foi lembrada nesta sexta-feira (8/10). Até o fim da tarde, o Ministério da Saúde indicava que 599.810 brasileiros haviam morrido pelo novo coronavírus. Mas, segundo dados divulgados pelo consórcio de veículos de imprensa, em boletim extra, o país chegou a 600.077 mortos.
Em várias partes do Brasil, como na Praça dos Três Poderes em Brasília, atos também lembraram as vidas perdidas. Em Copacabana, na altura do Copacabana Palace, ativistas da ONG Rio de Paz penduraram 600 lenços brancos em um grande varal em memória dos 600 mil brasileiros mortos pela Covid-19.
A manifestação também é um sinal de repúdio ao modo como o Governo Federal e parte da sociedade vem tratando a pandemia desde o início da crise sanitária. Para o o presidente da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, “houve um morticínio no Brasil”.
“Se queremos tirar alguma lição dessa espantosa perda de vidas a fim de que sofrimento como esse não se repita no nosso país, precisamos responder a uma pergunta central: quem são os responsáveis por esta tragédia?”, questiona. “Três palavras sintetizam os erros cometidos pelo Governo Federal, principal responsável por estatística que nos põe no topo do número de óbitos no mundo: incompetência, irresponsabilidade e insensibilidade”, diz ele.

Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), também foram notificados 17.758 novos casos da doença, totalizando 21.516.832 desde o início da pandemia, em março de 2020. Trata-se do segundo país com mais mortes no mundo, mas líder em vítimas neste ano.

A média móvel de mortes, calculada em sete dias, está em 462, mantendo tendência de estabilidade após movimento de queda observado desde a segunda quinzena de abril. O mesmo é observado em relação à média de novos casos, que está em 16.775.

A primeira morte por covid-19 no Brasil foi registrada em 17 de março de 2020. Em agosto do mesmo ano, o País já havia chegado a 100 mil mortes. Em janeiro de 2021, o número chegou a 200 mil e o ritmo das mortes acelerou, com a marca de 300 mil mortos registrada em março e de 400 mil em abril.
Com o andamento da vacinação, o ritmo de crescimento no número de óbitos desacelerou. A marca de 500 mil mortes foi registrada em junho de 2021 e nesta sexta-feira,  quase três meses depois, o número chegou a 600 mil mortes.

 

Subnotificações mascaram dados oficiais

Segundo o IHME, cujos cálculos são utilizados por EUA e Reino Unido, o Brasil perdeu 595,9 mil pessoas, 46% a mais do que o índice oficial. Subnotificações respondem por discrepância de números no mundoAs subnotificações de óbitos por Covid-19 no Brasil – denunciadas por cientistas e reconhecidas até mesmo pelo governo federal – escondem uma realidade ainda mais aterrorizante do que a tragédia noticiada no país.

Um estudo divulgado em maio deste ano pelo Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), da cidade americana de Seattle, o Brasil já tinha, pelo menos, 187 mil mortos pela doença que não estão nos registros oficiais até o dia 6 de maio, quando o país contava com 406 mil vítimas fatais. Segundo cálculos do IHME, o Brasil, na verdade, perdeu 595,9 mil pessoas para a Covid-19. Isso equivale a 46% a mais do que as mortes oficiais.

Os modelos matemáticos do instituto servem de base para ações dos governos dos EUA e do Reino Unido. Ainda de acordo com as projeções do IHME, o planeta perdeu quase 7 milhões de vidas, mais do que o dobro dos 3,2 milhões registrados no dia 6 de maio. O instituto atribui a discrepância às subnotificações nos registros de óbitos.

“Muitas vítimas de Covid-19 acabam não sendo reportadas porque alguns países só contabilizam as mortes que acontecem em hospitais, ou quando houve testagem das vítimas indicando diagnóstico positivo para a infecção pelo vírus”, esclareceu o IHME, em comunicado. “Em muitos lugares, falta de testes e fragilidades nos sistemas de saúde aumentam o desafio”, destacou o instituto.

Pelos dados do IHME, “a nova estimativa só inclui mortes causadas diretamente pelo novo coronavírus, sem levar em conta outras mortes eventualmente causadas pela obstrução que a pandemia gerou nos sistemas de saúde ou por problemas mentais, como depressão”.

Pelo levantamento do centro, a Índia tem quase o triplo de mortes do que o número oficial: são 654,3 mil mortos, ante a 221,1 mil óbitos relatados até maio. Do mesmo modo, os EUA apresentam perto do dobro de óbitos, um salto de 547 mil vítimas fatais para 905,2 mil mortes.

“Por mais terrível que a pandemia de Covid-19 já possa parecer, a análise mostra que o saldo real é significativamente pior”, destacou o diretor do IHME, o médico Chris Murray, no portal do instituto.

“Muitos países dedicaram esforços excepcionais para medir o número de vítimas da pandemia, mas nossa análise mostra como é difícil rastrear com precisão uma doença infecciosa nova e de disseminação rápida”, apontou o pesquisador.

Segundo Murray, o instituto espera que o levantamento possa contribuir para que países tenham capacidade, a partir de uma noção mais realista da dimensão da crise, de implementar ações eficazes de combate ao surto.

“Esperamos que o relatório de hoje incentive os governos a identificar e abordar as lacunas em seus relatórios de mortalidade COVID-19, para que possam direcionar com mais precisão os recursos da pandemia”, declarou o médico.

Senadores da CPI da Covid lamentam as perdas
Pelas redes sociais, diversos senadores – principalmente aqueles que integram a CPI da Covid – também lamentaram as perdas nesta sexta-feira (8) e apontaram ineficiência do governo no combate à Covid-19.
“Muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas, caso a vacinação tivesse começado antes e outras medidas fossem adotadas para amenizar o contágio. O Senado, então, instalou a CPI e, além da aceleração da vacinação reduzindo a velocidade dos contágio, temos a responsabilidade de evitar que isso se repita. Faremos o nosso trabalho”, disse o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), muitas mortes não deveriam ter ocorrido. pelo Twitter.

Ao longo dos últimos meses, senadores como o vice-presidente da Comissão, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), têm exibido placas com o número de vidas perdidas para a covid-19 no Brasil. Para Randolfe, a marca representa um momento triste para o País e tem relação com a estratégia adotada pelo governo no controle da pandemia.

“Hoje atingimos a triste marca de 600 mil óbitos. A maioria dessas mortes poderiam ser evitadas, caso a estratégia adotada pelo governo federal fosse diferente. Nossa solidariedade a cada um e cada uma neste momento. Também sentimos muita falta de nossos entes queridos”, lamentou o senador.

Protestos em Brasília no dia em que o Brasil atingiu a marca de 600 mil mortes (Foto: Epa)

Também pelo Twitter, o líder do Cidadania, senador Alessandro Vieira (SE), apontou fatores que considera responsáveis pelo número de mortes e afirmou que a reparação exigirá esforço.

“Seiscentos mil mortos pela COVID no Brasil. Uma sensação triste de que muitas vidas se foram pela soma de ineficiência do estado, desinformação e ganância. É hora de enxugar as lágrimas e começar a longa caminhada pela reparação da dor de cada família. Precisamos reconstruir o Brasil”, disse.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que a marca de 600 mil mortes é a prova de que a doença não deveria ter sido subestimada. “Fica uma tristeza enorme saber que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse buscado a vacina e não o negacionismo”, argumentou.

O líder do PT, senador Paulo Rocha (PA), compartilhou imagem que atribui ao presidente Jair Bolsonaro parte da responsabilidade 600 mil mortes. “Uma tragédia caiu sob o Brasil desgovernado”, disse o senador.  Ele também compartilhou uma notícia que mostra que, apesar da desaceleração do ritmo da pandemia, em razão da vacinação, ainda é preciso se proteger contra a doença.

Na mesma linha, a líder do PP, senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), pediu que a população mantenha os cuidados para evitar o contágio. “Passamos da estarrecedora marca de 600 mil vidas levadas pela COVID-19. A vacinação avançou, o número de mortes diminuiu, mas ainda precisamos nos cuidar e cuidar das outras pessoas. A todas as famílias enlutadas por esse vírus destruidor, a minha irrestrita solidariedade”, publicou a senadora.

Fabiano Contarato (Rede-ES) lembrou que é preciso enxergar mais que o número.  “Não é uma gripezinha. Muito mais do que um número, são vidas! Pais, mães, avós, irmãos. Seiscentos mil brasileiros com suas dores e sonhos que, agora, deixam um vazio no coração de outras milhares de pessoas. Que Deus nos conforte.”, publicou o senador nas redes sociais.

A senadora Leila Barros (Cidadania-DF) expressou solidariedade ás famílias atingidas. “São milhares de famílias enlutadas e destroçadas por essa tragédia que infelizmente ainda não terminou. Quero expressar meus sentimentos e solidariedade a todos aqueles que, como eu, perderam pessoas queridas. Tamanho sofrimento não pode ser menosprezado ou esquecido. Pelo contrário. Deve servir para que tiremos lições sobre nossas prioridades e escolhas. Vamos seguir com a vacinação, respeitando os protocolos sanitários, até que possamos, juntos, superar essa pandemia”.

Para o líder do MDB, senador Eduardo Braga, as vidas perdidas significam uma dor que não acaba “Seiscentas mil vidas perdidas. São pessoas, histórias e famílias destruídas. A todos a minha solidariedade. Uma dor que não acaba, um luto que entristece o país inteiro”, lamentou pelo Twitter.

Da Redação, com informações de IHME, Valor, Rede Brasil Atual e Agência Senado

 

 

 

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