Depressão: ‘Alguns amigos acham que é frescura e se afastam’

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A depressão já atinge uma em cada cinco pessoas no mundo. O problema é tão grave que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decidiu dedicar o Dia Mundial de Saúde (7 de abril) a discutir o tema (confira a matéria aqui). Esta semana, o Blog Vida & Ação traz uma série de depoimentos na seção ‘Eu Vivo’ sobre como pacientes enfrentaram e enfrentam a doença. A primeira delas é a carioca Danielly Gonçalves Brito, de 41 anos, que enfrentou longos três anos de tratamento após descobrir que sofria de depressão. Confira o depoimento:

“É uma sensação de total desamparo. Você não tem vontade, ânimo para fazer nada. Nem mesmo coisas básicas, como levantar da cama, cuidar de sua higiene, se alimentar… E muito menos fazer as coisas de que gostava, como ler um livro, conversar com amigos. Tudo se torna muito difícil e você não vê sentido em fazer as coisas. É algo devastador.

Você não vê perspectiva de sair dessa situação. Sua vida perde o sentido, a razão de ser.  Você não acredita que há uma saída. Você acha que a única forma de acabar com esse sofrimento é colocar fim à sua vida. Nesses momentos, você pensa em suicídio e você tenta o suicídio.  E aí você acaba perdendo o controle de sua vida e se torna um problema para sua família e amigos.

Alguns amigos acham que é frescura, se afastam, não dão conta da sua “chatice”. Na verdade, não entendem. É algo muito difícil de entender.  Nem pai, nem mãe e irmãos entendem. Nem os parentes mais distantes entendem.  Algumas pessoas menos esclarecidas falam que é “falta de Deus em sua vida”. Mas aí você pensa: “Mas eu sou uma pessoa correta. Não perco meu tempo fazendo mal a ninguém, eu me guio pelo bem, eu tenho Deus na minha vida.  Onde está o problema? ”

O problema está no preconceito das pessoas que opinam sobre um tema que pouco entendem. A depressão e uma doença grave que precisa ser tratada com terapia, e, em alguns casos mais graves, com remédios, com o acompanhamento de um psiquiatra. Em todos os casos, os suportes familiar ( sejam de laços de sangue ou não) e religioso são muito importantes.

Para superar essa doença, foram fundamentais as sessões de psicanálise, o desenvolvimento da minha espiritualidade e o contato com outras pessoas que também sofriam de depressão e de outros problemas de saúde mental. Tive contato com essas pessoas durante o tratamento em hospital-dia e na sala de espera do consultório de psicanálise. Alguns são meus amigos até hoje.

Eu tive uma reação aguda ao estresse, por causa do trabalho e caí em depressão profunda. Eu poderia ter tido um infarto, um derrame, por causa do estresse no trabalho, mas eu tive a depressão grave e foram cerca de três anos para superar esses e outros problemas psicológicos decorrentes da doença ocupacional. O abuso de autoridade, o excesso de trabalho, as cobranças excessivas, o assédio moral a que tive exposta na empresa onde trabalhava me levaram a adoecer.

Foi algo silencioso e gradativo que foi minando minha auto-estima, meu prazer de trabalhar e de viver. Quando percebi, comecei a sentir pontadas no peito e uma grande necessidade de me isolar, chorar. Graças a Deus, o pior já passou. Hoje continuo frequentando as sessões de psicanálise e ainda tomo remédios para dormir. Por isso, é muito importante que a pessoa se ame e se cuide. Aprenda a fazer o bem para si mesmo. Assim todas as outras coisas se ajeitam: relacionamentos, trabalho….”

* Se quiser enviar o seu relato para a seção Eu Vivo, do Blog Vida & Ação, o nosso email é blogvidaeacao@gmail.com.
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