Doença do Beijo: número de casos aumenta no Carnaval

Ouvimos especialistas que explicam como a mononucleose pode surgir após a folia. Vírus também pode ser transmitido por objetos compartilhados

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

Marchinhas, blocos na rua e escolas prontas para entrar na Sapucaí. O carnaval é um dos feriados mais esperados do ano e são também uma época marcada pela combinação de festas, bebidas e muita paquera. Está declarada aberta a temporada de beijar muito na boca, mas na euforia de aproveitar as festas, muitos foliões podem acabar esquecendo de alguns cuidados básicos com a saúde.

É justamente no Carnaval que a mononucleose, também conhecida como Doença do Beijo, costuma aparecer com mais frequência para atrapalhar a curtição. A mononucleose é uma infecção causada por um vírus que pode estar presente na saliva, chamado Epstein-Barr (EBV), da mesma família do vírus da herpes. A infectologista Miriam de Freitas Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, afirma que a doença afeta principalmente jovens entre 15 e 25 anos. A doença causa sintomas como garganta inflamada, náuseas, fadiga, dores musculares e de cabeça, febre e inchaço no pescoço e nas axilas.

“A transmissão dessa doença se dá pelo contato direto entre a saliva contaminada e a mucosa saudável. Por isso, a mononucleose é conhecida como a ‘Doença do Beijo’ e tem registro de aumento de casos no Carnaval, sendo que adolescentes e jovens-adultos costumam ser os mais afetados. É importante fazer esse alerta, principalmente nesse período de festas”, destaca o médico do Hapvida, Fernando Chagas.
Além do contato íntimo de salivas, pode ser transmitida pelo contato com secreções orais pela tosse ou espirro. A transmissão pode ocorrer pelo contato com objetos infectados, como copos, garrafas ou escovas de dentes. Por isso, enquanto se aproveita a folia de carnaval, também é importante ingerir alimentos e bebidas de procedência conhecida e de recipientes próprios ou descartáveis.
Menos comumente, a mononucleose também pode ser transmitida pelo contato sexual ou transfusão de sangue, e as pessoas infectadas podem contaminar outros indivíduos mesmo após os sintomas cessarem.

As pessoas são infectadas via orofaringe e, depois, o vírus atinge os linfócitos B (também conhecidos por glóbulos brancos), responsáveis pela produção de anticorpos. Como outros vírus da família dos herpes, uma vez infectado e, após o quadro clínico agudo inicial, o vírus permanece no organismo ao longo da vida. Mesmo sem apresentar nenhum sintoma a pessoa pode ser um transmissor da doença.

Sintomas

O vírus pode ficar incubado no organismo por um período que varia de 30 a 45 dias, para então apresentar os sintomas. A pessoa pode ter a doença de forma assintomática ou apresentar sintomas como febre alta persistente, presença de nódulos (gânglios) pelo corpo e muito cansaço e falta de apetite. Sensação de mal-estar, dores de cabeça e de garganta, febre, surgimento de ínguas e uma hepatite leve, podendo até provocar diarreia e dores no corpo.

Com o tempo, grande parte dos casos podem desenvolver febre de até 40°C, dor e inflamação da garganta, tosse e nódulos no pescoço. Outros sintomas menos comuns são o aumento do fígado e do baço, e em cerca de 5% das infecções ocorre o aparecimento de manchas na pele, que lembram o sarampo. Uma segunda infecção raramente apresenta sintomas, pois o primeiro contato com o vírus gera imunidade permanente.

Diagnóstico

A partir do momento em que notar os sintomas, o ideal é procurar um médico. O diagnóstico é clínico, associado a exames de sangue. “É coletada uma sorologia especifica para o vírus Epstein-Baar para identificar a presença de anticorpos”, ressalta o especialista. “O vírus, que é da mesma família do herpes, apresenta sintomas que podem ser confundidos com uma gripe ou resfriado”, explica.

O médico alerta ainda que pessoas que estiverem com o sistema imunológico mais debilitado ficam mais vulneráveis e podem adquirir as infecções. “Principalmente no Carnaval, em que as pessoas comem pouco e bebem muito, o organismo fica um pouco mais suscetível a essas doenças. Por isso, é importante manter uma boa alimentação e evitar os exageros”, recomenda o médico infectologista Alberto Chebabo, do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica – laboratório da Dasa.

Tratamento

Por ser uma doença viral, não existe nenhum tratamento específico para a mononucleose, por isso a recomendação médica é tratar dos sintomas, como febre e dor de garganta, já que, na maioria dos casos, a doença regride dentro de 4 a 6 semanas. Recomenda-se bastante repouso, ingestão de alimentos leves e muita água. “O tratamento é basicamente repouso, tomar bastante líquido e o uso de remédios para dor e febre. É fundamental aguardar a resposta do organismo que irá fazer com que a doença desapareça, sendo que isso pode durar dias ou até semanas”, complementa Chebabo.

Já o Dr Chagas alerta que o tratamento é realizado com antiviral. Porém, os medicamentos apresentam toxicidade sobre os glóbulos sanguíneos e os rins e, por isso, exigem cuidado na administração intravenosa e acompanhamento clínico e laboratorial criterioso. O tratamento tem duração variável, mas deve ser feito por pelo menos um mês.

prevenção

Confira abaixo as dicas de prevenção da infectologista Flávia Cunha Gomide, membro da Doctoralia:

·         Tenha hábitos saudáveis. Exercícios, boa alimentação e horas adequadas de sono aumentam sua resistência para se defender contra infecções;

·         Cubra a boca com a parte interna do braço, quando for tossir ou espirrar;

·         Não compartilhe alimentos, pratos, copos e outros utensílios;

·         Higienize as mãos com álcool gel;

·         Mantenha a sua vacinação em dia.

Doenças que podem ser transmitidas pelo beijo

Com relação à saúde bucal, além do vírus estar presente na saliva, sendo a principal forma de contágio, a boca de uma pessoa contaminada também pode apresentar sintomas. Segundo informações da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, uma a cada quatro pessoas contaminadas podem manifestar múltiplos pequenos pontos avermelhados na mucosa do palato (“céu da boca”). Esses pontos, geralmente, surgem e desaparecem em um período de 24h a 48h.

Ainda segundo a Câmara Técnica, outras doenças costumam atingir a saúde bucal em época de Carnaval. Algumas infecciosas – como herpes, candidíase e HPV – podem ser transmitidas pela saliva. Em caso de qualquer sensação de dor ou desconforto na região da boca, é fundamental procurar atendimento de um cirurgião-dentista.

A prevenção é evitar o contato íntimo com muitas pessoas, já que nunca é possível saber aquelas que estão infectadas pelo vírus transmissor dessa doença. Além da mononucleose, outras doenças também podem ser transmitidas através do contágio oral, como a tuberculose, gripe e candidíase.

Veja a lista de doenças que podem ser transmitidas pelo beijo:

Herpes labial: a doença provocada pelo vírus da herpes simples provoca feridas nos lábios, face ou interior da boca semelhantes a aftas. A crise dura cerca de uma semana e volta de tempos em tempos, principalmente em situações de baixa imunidade. Medicamentos antivirais podem ser indicados para tratar as crises.

Sapinho ou candidíase oral: trata-se de uma micose provocada pelo fungo Candida Albicans. Ela se manifesta por pontos brancos e escamosos na língua e na parte interna das bochechas. O tratamento pode envolver o uso de medicamento antifúngico.

Cárie e gengivite: como doenças infecciosas provocadas por bactérias, também podem ser transmitidas pelo beijo. No entanto, quem mantém uma boa higiene bucal não deve ser infectado ainda que entre em contato com as bactérias.

Sífilis: a sífilis secundária, segunda fase da doença, pode provocar lesões na pele e boca. Nesta fase, a bactéria Treponema pallidum, que provoca a doença, pode ser transmitida pelo beijo.

 

Cuidados com a saúde bucal

A maioria dos brasileiros sabe que a higienização da boca tem que ser uma preocupação diária e não pode esquecer a rotina de cuidados em nenhum dia, incluindo aqueles de folia, que neste mês de fevereiro são muito presentes por conta do Carnaval.

De acordo com um estudo epidemiológico, realizado pela Secretaria de Estado de Saúde, com apoio da FAPESP, em 163 municípios paulistas, problemas de saúde bucal, sobretudo dor de dente, sangramento na gengiva e doença periodontal, são motivo de incômodo para 50,57% dos adultos no Estado de São Paulo.

O dentista Fábio Sato alerta que nesta época do ano, o consumo de bebidas alcoólicas tende a aumentar, mas é importante ter cautela e beber com moderação. Além de não fazer bem para a saúde, as altas temperaturas adicionadas ao álcool levam a uma rápida desidratação, que atinge também a boca, retardando a produção de salivas e deixando a região desprotegida.

“A desidratação é uma das principais portas de entrada para doenças e problemas bucais, como por exemplo, cárie, gengivite e mau hálito, que pode prejudicar muito durante o bloquinho”, conta. Uma dica essencial é sempre ter um pouco de água, pois ela vai ser essencial nessas situações.

Os desfiles que acontecem durante o dia faz com que os foliões fiquem muito tempo expostos aos raios solares e é muito importante fazer o uso de protetor solar nos lábios, porque o excesso de sol pode causar crises de herpes labial.

Como evitar o mau hálito no Carnaval

As cervejas e os drinques mais doces são as bebidas que mais fazem sucesso no Carnaval, mas que podem representar um perigo a mais para a saúde bucal. Quando ingeridas, tanto o açúcar quanto o álcool presente nessas bebidas, deixam o pH da boca mais ácido o que pode causar erosão no esmalte dos dentes, dor, sensibilidade, cárie e até mesmo o mau hálito, uma preocupação que assombra os adolescentes.
Segundo a cirurgiã dentista Daniela Yano, como o álcool tem efeito diurético também acontece uma desidratação do corpo e consequentemente uma redução do fluxo salivar, deixando assim a boca mais seca. Cenário que favorece a proliferação de microrganismos que causam a placa e o mau hálito.

 

Para evitar essas situações, os cuidados precisam ser recorrentes, como a escovação dentária, mais de duas vezes por dia, e uso de fio dental após as refeições. “Uma dica de ouro, que costumo comentar com meus pacientes adolescentes, é que eles não fiquem muito tempo sem se alimentar, pois isso aumenta a possibilidade de surgir o mau hálito e, também, os constrangimentos”, conta Dr. Sato.

Além de se prevenir de todos esses possíveis problemas, saiba como manter o hálito fresco durante a folia.

• Escovar os dentes pelo menos três vezes ao dia e utilizar o fio dental.

• Tomar muita água se ingerir bebidas alcoólicas. A hidratação evitará a desidratação e, consequentemente, o mau hálito também.

• Evite beijar muitas pessoas em curto espaço de tempo. A troca exagerada de microrganismos potencializa as chances de doenças.

• Se sentir que esta com mau hálito, escove os dentes, não substitua por balas ou chicletes que podem provocar cáries e outros problemas bucais.

• Dê preferência a chicletes sem açúcares. Mas lembrando novamente que eles não substituem a escovação.

• Se alimente bem.

Com Assessorias
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!