Dor de cabeça afeta sete em cada 10 mulheres

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Popularmente conhecida como dor de cabeça, a cefaleia afeta mais de 70% das mulheres e 50% dos homens pelo menos uma vez por mês. A enxaqueca – que é um tipo de dor cabeça mais intensa – atinge mais de 30 milhões de brasileiros. A maioria desta população não tem diagnóstico correto e acaba apelando para tratamentos inadequados. Por isso, é extremamente comum o paciente se automedicar, sem procurar tratamento adequado ou acostumar-se a viver com dor.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a 10ª doença mais incapacitante e acomete em torno de 15% da população mundial. No Brasil são aproximadamente 30 milhões de pessoas que sofrem da doença. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a enxaqueca é responsável pela perda de 1,4% do total de anos saudáveis. O 19 de Maio – Dia de Combate à Cefaleia tem como objetivo informar a população sobre o que é a cefaleia (os vários tipos de dor de cabeça, inclusive a enxaqueca) e também se tornar um alerta para evitar a automedicação e o uso abusivo de analgésicos, que causam inúmeros problemas à saúde e um incentivo para que as pessoas busquem orientação médica para seu tipo específico de dor de cabeça.

Mais de 200 tipos e causas muitas vezes desconhecidas

Não faltam motivos que podem desencadear o problema: estresse, obesidade, sono inadequado, jejum, alguns alimentos, cheiros fortes, tempo seco, entre outros. Atualmente há mais de 200 tipos de dores de cabeça, então o primeiro passo é diferencia-la da enxaqueca. Na enxaqueca, a dor ocorre geralmente em um dos lados do crânio, mas pode mudar de lado também.  A dor é latejante ou pulsátil, dura de 4 a 72 horas e pode vir acompanhada de náuseas e/ou vômitos, tonturas, intolerância à luz (fotofobia), barulho (fonofobia), cheiros (osmofobia) e movimentos (cinetofobia). A enxaqueca ainda é mais comum entre as mulheres, pois além de fatores ambientais e emocionais, elas tem também os fatores hormonais.

Muitas vezes é quase impossível identificar as reais causas das intensas dores de cabeça, mas elas ocorrem devido a múltiplos processos do organismo. Durante as crises, há alterações tanto vasculares quanto em vias neurais. O processo da crise começa basicamente com a liberação de substâncias inflamatórias e aumento da intensidade de estímulos elétricos do cérebro, causando a dilatação dos vasos sanguíneos, responsável pela intensidade da cefaleia.  Se uma pessoa que nunca teve dor, apresenta uma cefaleia súbita e intensa, pode estar associado a um quadro de aneurisma. Se o sintoma for febre, rigidez de nuca e vômito, pode ser meningite.

Entendendo o problema

A enxaqueca pode ser com aura e sem aura. É na enxaqueca com aura que ocorrem as alterações visuais como pontos escuros, luminosos, linhas em zig e zag ou manchas na visão que podem anteceder ou acompanhar a dor de cabeça e costumam durar de 5 a 60 minutos ou alterações sensitivas como formigamentos que iniciam na mão, antebraço, braço, hemiface e metade da língua. Já a forma mais comum de enxaqueca é a sem aura, sem essas alterações.

Segundo a neurologista Celia Roesler,  antes de qualquer coisa, é preciso muita cautela, pois nem toda dor de cabeça é enxaqueca mesmo porque existem variações de sintomas que podem indicar doenças diferentes, como cefaleia tensional, cefaleia em salvas, cefaleia causada por sinusite, por alterações do nervo trigêmeo entre outras. “Mas, se você possui uma dor de cabeça constante, isto é, dois episódios em única semana, que duram de 4 a 72 horas, e utiliza analgésicos é importante ficar alerta e procurar ajuda, pois já está fazendo o uso abusivo de medicamentos para as dores. E o melhor, você não é obrigado a conviver com este problema para o resto da vida”, explica Dra. Célia.

Problemas da automedicação

A diretora da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Célia Roesler, vice-coordenadora do Departamento Científico de Cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia, alerta que a enxaqueca tem tratamento e é possível viver sem dor. “O diagnóstico da enxaqueca é realizado em uma consulta médica especializada, por meio de uma entrevista detalhada com o paciente, para saber qual a frequência, intensidade e os sintomas da cefaleia, já que não há exame específico para detectar a doença. Após a consulta, inicia-se o tratamento à base de remédio prescrito pelo médico, que pode ser diário”.

Uma dica importante que a médica costuma dar aos pacientes é que eles anotem sempre os períodos em que tiveram a dor de cabeça e os possíveis fatores desencadeantes, assim como a intensidade (leve, forte, média, muito forte) e, se foi necessário, ingerir algum tipo de medicação. Com esse “diário da dor” é possível traçar um plano terapêutico eficiente. Apesar da eficácia associada a um arsenal terapêutico disponível para o tratamento da enxaqueca, uma grande parte dos pacientes não fica sem dor.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cefaleia, os medicamentos preventivos geralmente são reservados para pessoas que apresentam enxaqueca com alta frequência (mais de dois episódios por semana) ou crises de forte intensidade e que não respondem satisfatoriamente à medicação sintomática. Os profiláticos também são importantes para pessoas que têm cefaleia em períodos previsíveis. “Por isso é importante o paciente procurar um neurologista especializado pois, com o tratamento preventivo, é possível reduzir a frequência do uso de medicações para as crises, diminuindo as chances de cronificação da dor pelo abuso de analgésicos”, destaca Roesler.

Atenção para pacientes grávidas

Para combater a enxaqueca, existem os tratamentos abortivo e o preventivo.  Entre os tratamentos abortivos estão diversos medicamentos como vaso constritores e anti-inflamatórios. Mas na prática, o paciente tem que fazer um tratamento preventivo com remédios que diminuem a frequência e a intensidade das crises. Porém, se a paciente enxaquecosa estiver gestante, é comum durante o primeiro trimestre as dores serem mais constantes, mesmo porque há a oscilação hormonal.

No primeiro trimestre de gravidez ocorrem as oscilações hormonais que em muito contribuem para que a paciente tenha mais dores de cabeça. Além disso, devido aos enjoos, a paciente se alimenta mal e tem crises de enxaqueca por hipoglicemia e pela ansiedade que costuma ocorrer nos primeiros meses.

“Esse é um período muito crítico em que as pacientes têm que tomar muito cuidado com o uso de medicamentos que podem ser teratogênicos ou mesmos abortivos. As mães não devem administrar nenhum tipo de medicação para não comprometer a saúde dos dois, nem correr o risco de haver má formação ou aborto. Nesses casos, a neuromodulação do Cefaly se torna um aliado e tanto na prevenção de dores de cabeça e enxaquecas”, explica a especialista.

Novos tratamentos incluem botox e neuromodelação

Novos tratamentos chegam ao país para combater um dos erros mais comuns de quem sofre com a enxaqueca: a automedicação. A neurologista Célia Roesler explica que há diversos tipos de tratamentos disponíveis no país de acordo com o estágio da doença e o perfil de cada paciente. “O uso abusivo de analgésicos sem prescrição médica pode transformar uma dor de cabeça que era episódica em enxaqueca crônica com dores de cabeça quase diárias”, completa a especialista.

Além de analgésicos, anti-inflamatórios e vasoconstritores isolados ou associados para abortar a dor, entre os tratamentos disponíveis atualmente no Brasil estão o uso da toxina botulínica e a neuromodulação, que permitem uma melhora na qualidade de vida das pessoas com enxaqueca, diminuindo o uso de medicamentos.

No caso da neuromodulação, um novo aparelho em formato de arco que, ao ser colocado na cabeça, gera pequenos estímulos elétricos ao nervo trigêmeo, principal causador das dores de cabeça, e por meio desses impulsos, altera a forma que a dor é assimilada. O método não invasivo e sem efeitos colaterais, é ideal para quem possui dores de cabeça e crises de enxaqueca frequentes como: enxaqueca comum, enxaqueca com aura, enxaqueca oftálmica, enxaqueca episódica, enxaqueca crônica, enxaqueca menstrual, sinusite, dor na região anterior da cabeça e dor de cabeça crônica.

Com duas opções focadas ao tratamento das cefaleias, a primeira deve ser utilizada no momento da crise, voltada a melhora dos sintomas reduzindo a intensidade da dor, já o segundo programa atua na prevenção de enxaqueca e o uso do aparelho deve ser diário, com sessões de cerca de 20 minutos, pois seu uso frequente induz a uma diminuição da quantidade, intensidade ou até mesmo o desaparecimento das dores. Os efeitos são sentidos cerca de um ou dois meses depois. “Seu uso só deve ser feito com acompanhamento médico”, sinaliza Célia.

O Cefaly é um aparelho em formato de arco que, ao ser colocado na cabeça, gera pequenos estímulos elétricos no nervo trigêmeo, principal causador das dores de cabeça, e por meio desses impulsos alivia a dor. Livre de efeitos colaterais, este método preventivo também pode ser utilizado por crianças a partir de oito anos e idosos. “Mas atenção, seu uso só deve ser feito com acompanhamento médico”, alerta.

Pequenas mudanças, grandes resultados

Alguns hábitos da rotina de qualquer indivíduo podem funcionar como um verdadeiro gatilho para a enxaqueca. Dormir menos de 8 horas por dia, consumir muitos alimentos industrializados e carboidratos, chocolates, molhos, queijos amarelos, vinhos, glutamato monossódico, tudo isso pode estar associado às dores. Mas calma: não é preciso abandoná-los, somente tente diminuir o consumo e preste atenção em sua alimentação.

Mudanças na dieta também são fundamentais para garantir uma melhora efetiva. Alguns alimentos, como o açúcar, cafeína, queijos, molhos, embutidos e até o vinho podem provocar crises em pessoas predispostas, pois liberam substâncias inflamatórias que dilatam os vasos cerebrais e ajudam a desencadear a dor de cabeça. A questão não é cortar o consumo de vez, mas pensar em substituições ou na diminuição da ingestão, principalmente em períodos nos quais o paciente sente que uma crise vai se instalar. Exercícios físicos também são uma boa pedida, pois eles liberam endorfinas, que são ótimos aliados no controle da dor.

Crie o hábito de anotar o que pode ser uma verdadeira “bomba” para você no sentido do aparecimento da enxaqueca. Musculação, corrida ou caminhada, pilates, além do yoga, são excelentes práticas que trazem benefícios diretos aos pacientes. “É importante deixar ressaltar que o enxaquecoso consegue ter uma vida normal, desde que esteja atento aos gatilhos que podem desencadear uma crise. Com apenas algumas mudanças de hábito de vida é possível ter uma qualidade de vida melhor”, reforça a neurologista.

As características da enxaqueca

– Duração das crises: 4 a 72 horas, se não tratadas
– Tipo de dor: Pulsátil (latejante), na maioria das vezes.
– Intensidade da dor: Moderada a forte na maioria das crises não tratadas
– Fenômenos acompanhantes: Intolerância à luz (fotofobia), ruídos (fonofobia) e odores (osmofobia), náusea, vômito.
– Fatores de agravamento: Movimentos súbitos ou inclinação da cabeça, esforços físicos ou mentais, decúbito (em alguns pacientes).
– Fatores de melhora: Sono (em alguns casos), aplicação de gelo, compressão das têmporas.

Saiba mais sobre a Enxaqueca no site: enxaquecanao.com.br. Lá também é possível conhecer o App Diário da Cefaleia, que ajuda a população a lidar com a doença, pode meio do registro de crises e sintomas, oferecendo ferramentas para o controle de hábitos e alimentação.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cefaleia

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