Dor física e emocional: qual a relação entre reumatismo e suicídio?

Dores crônicas causadas por doenças reumatológicas, quando não tratadas adequadamente, duplicam a incidência de depressão, diz especialista

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As pessoas não sabem, mas dores físicas constantes são desesperadoras e podem causar depressão profunda. Para pacientes de doenças crônicas, como as reumatológicas, o Setembro Amarelo e a pandemia do novo coronavírus chegaram com aumento nos casos de transtornos de ansiedade e depressão, que pioram ainda mais os quadros de dor articular. Com o corpo exaurido, dolorido, desde a hora que acorda, até quando vai dormir, nível de estresse e irritação altíssimo, para muitos a única solução parece ser a morte. Dados que não podem ser aceitos.

Infelizmente pouco conhecidas, as doenças reumatológicas podem afetar cerca de 20 milhões de brasileiros, segundo dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), e muitos desses pacientes podem apresentar em um alto índice de depressão. Com mais de 120 tipos de doenças ligadas às articulações, músculos, ligamentos ou ao sistema imunológico, o reumatismo é uma terminologia que acomete mais mulheres que homens. Atualmente as mulheres representam cerca de 60% dos casos no Brasil.

Para que as doenças sejam controladas, as pessoas devem entender que procurar o diagnóstico correto pode ajudar a aliviar as consequências dessas enfermidades. Jaqueline Barros Lopes, especialista e médica reumatologista da Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, vê diariamente entre seus pacientes sintomas depressivos:

As dores crônicas, decorrentes de doenças reumatológicas, não tratadas adequadamente, duplicam a incidência de depressão. Pacientes, com dores crônicas também apresentam taxas aumentadas de ideação suicida, tentativas de suicídio e lamentavelmente, em alguns casos, conclusão deste”, destaca a médica.

O contrário também é verdadeiro, a depressão pode ser um gatilho para a doenças reumáticas em pessoas com predisposição genética. Isso já é era bem estabelecido em relação ao Lupus Eritematoso Sistêmico e, a partir de um estudo realizado na  University of Calgary, Canadá, a depressão também começou a ser vista como gatilho para a Artrite Reumatoide. “Realmente, não é raro, identificarmos os primeiros sintomas da artrite reumatoide surgirem após um estresse emocional como a perda de um ente querido”, acrescenta.

Para que o quadro não evolua para o suicídio, é necessário também o tratamento de uma equipe multidisciplinar, como um psicólogo e psiquiatra, bem como o apoio incondicional da família.

Algumas doenças reumatológicas são mais propensas ao desenvolvimento de depressão, como artrite psoriásica e fibromialgia. Em outras o quadro de depressão, como já citei, pode fazer parte da atividade da doença como no Lupus Eritematoso Sistêmico e artrite reumatoide. Logo, é fundamental o acompanhamento constante desses pacientes tanto da parte do reumatologista, no sentido de investigar os sintomas de depressão, quanto da parte dos psiquiatras em encaminhar os pacientes com dores para o reumatologista”, afirma a Dra Jaqueline Lopes.

O Setembro Amarelo é uma data importante não apenas para alertar a questão do suicídio, mas também para mostrar que há uma imensa preocupação com os gatilhos que causam esse quadro psiquiátrico.

Números sobre depressão e suicídios

Atualmente, 12 mil suicídios são registrados no Brasil e mais de um milhão no mundo. A Associação Brasileira de Psiquiatria já destacou que 96,8% dos casos no país estão relacionados a transtornos mentais. E hoje, a Organização Mundial de Saúde divulgou que uma pessoa morre a cada 40 segundos por suicídio.

Os dados assustam, mas fundamentam a relevância da campanha Setembro Amarelo, que surgiu para alertar a população sobre a importância de se falar sobre o assunto; e do Dia Mundial de Combate ao Suicídio, comemorado em 10 de setembro.

O suicídio é um problema de saúde pública que não pode ser ignorado. As estatísticas, tanto no Brasil quanto em outros países, têm aumentado exponencialmente. É importante saber que o trabalho de prevenção do suicídio nunca é solitário, envolve uma parceria com a família e os diversos profissionais (médico, psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta, etc), para que se possa estabelecer um plano de segurança. Além disso, pode-se recorrer ao Centro de Valorização à Vida, através de ligação para o número 188.

Com Assessorias

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