Você se lembra do jardim de infância onde estudou?

Série de vídeos produzida por colégio de Niterói (RJ) mostra que espaço e documentação na educação infantil deixam marcas para toda a vida

Aluna da Educação Infantil no Instituto Gay Lussac nos tempos pré-pandemia (Foto: Divulgação)
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Quem nunca teve vontade voltar ao passado e reviver os tempos do jardim de infância? Afinal de contas, o que o espaço educacional pode exercer no imaginário das crianças e influenciar na aprendizagem para o resto de suas vidas? A educadora Luiza Sassi, por exemplo, confessa que tem vontade de revisitar o espaço no qual viveu sua educação infantil no final da década de 60.

Lembro-me da escola de modo particular, com todas as sensações possíveis. Lembro-me da quantidade enorme de cavaletes espalhados pela escola, da marcenaria que, na época, era destinada apenas aos meninos e a casa de boneca do tamanho de gente grande. Lembro-me da terra, da cor do cimento áspero do chão, dos tijolos vazados e de um bonde verde colocado no meio do pátio”, recorda Sassi.

E como vai ficar a memória cognitiva e afetiva das crianças que foram forçosamente afastadas do ambiente escolar – e muitas delas sentem uma enorme falta disso – por conta da pandemia do novo coronavírus? Muitas famílias vêm questionando a importância do ambiente escolar para os pequenos na primeira infância. Alguns pais optaram por tirar seus filhos da escola neste período, pretendendo retornar com eles somente após a chegada de uma vacina contra o coronavírus.

A dificuldade de ensinar aos pequenos a importância do distanciamento social e a adoção de hábitos de higiene que passamos todos a ter que incorporar, como não compartilhar brinquedos e objetos, por exemplo, está por trás de muitas dessas decisões. Em outros casos, a escolha foi sustentada também pela dificuldade financeira de manter os pequenos na escola numa fase em que o avaliação do conteúdo ainda não é exigida.

Mas para especialistas em Educação Infantil, o espaço e a documentação são extremamente importantes para a construção do conhecimento já na primeira etapa da vida escolar. Hoje diretora-geral do Instituto GayLussac, um tradicional colégio de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Luiza explica que a vivência no espaço escolar afeta, por exemplo, a constituição corporal, deixando marcas e memórias afetivas para sempre.

Para explicar isso para pais e educadores, a escola acaba de lançar em suas redes sociais uma série de vídeos que valorizam a Educação Infantil, a fase mais importante da Educação Básica. Além da importância do espaço e da documentação, abordada no primeiro vídeo, a série também mostra que “a inteligência se aprende” e não é um dom que nasce com a gente. O próximo vídeo será nesta sexta (13), sobre o tema ‘Bem-estar e salvaguarda”. Todos os vídeos podem ser conferidos nas páginas da escola no Facebook, Instagram e YouTube.

Um dos exemplos mais claros, para demonstrar como o espaço é algo marcante em nossa infância, é o fato de que a maioria das pessoas se recorda, em memórias sinestésicas, de diversas sensações dos primeiros anos em uma instituição de ensino. É justamente por isto que o espaço precisa ser levado com seriedade”, afirma a pedagoga.

Por isto, segundo a educadora, é importante que pais e responsáveis por alunos de educação infantil, considerem, de forma séria e atenta, estas noções. Ainda de acordo com a pedagoga, uma vez que isto seja garantido, é mais provável que sejam proporcionados o convívio, a brincadeira, a participação, a exploração, a expressão e o conhecimento, uma vez que as experiências sensoriais e a necessidade de movimento são importantes para o pleno desenvolvimento da infância.

“O espaço escolar é um aspecto imprescindível na educação da infância. O espaço é considerado o terceiro educador, que tem uma função importante na experiência de ensino e aprendizagem na infância”, afirma a pedagoga. E cita o educador espanhol Frago, no livro ‘Arquitetura como programa. Espaço, escola e currículo”, que mostra como o espaço escolar traz na sua arquitetura uma mentalidade, uma visão de mundo que indica valores simbólicos, estéticos e ideológicos.

Os espaços influenciam no modo como a educação acontecerá nas relações estabelecidas no cotidiano escolar. Segundo ela, objetos naturais permitem que a criança “possa se relacionar de modo ativo e liberto para que as experiências infantis sejam provocadas como uma forma cultural que deve ser experimentada”. Espaços ao ar livre também são fundamentais. As áreas externas são valiosas para que a escola possa possibilitar campos de experiência que promovam a curiosidade e a criatividade.

A documentação, por sua vez, é a forma como as experiências vividas na escola são registradas. Por meio desta, é possível significar as experiências através das imagens, das artes, das sensações que ficam guardadas como um arquivo vivo. Sassi relembra que a criança revisita, junto à família, a documentação vivida no coletivo e compreende as suas experiências históricas”, complementa a especialista.

O tema é tão sério que, em 2006, o Ministério da Educação lançou um encarte que define, justamente, os “Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil”, que integra o documento Parâmetros Nacionais para as Instituições de Educação Infantil”. O material aborda, majoritariamente, noções de espaço que devem seguidas por instituições e pode ser conferido aqui.

Com Assessoria do Instituto GayLussac

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