Entenda a trombose, uma complicação no caso de Marisa Leticia

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trombose

Internada desde o dia 24 de janeiro numa Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por conta de um  acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, provocado pelo rompimento de um aneurisma, Marisa Leticia, mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está sendo tratada agora também de uma trombose venosa profunda dos membros inferiores. A doença costuma acontecer em casos de pacientes internados por mais de três dias, por conta do tempo em que o paciente permanece deitado.

De acordo com angiologistas, a trombose é tratada por meio do uso de anticoagulantes, que, no caso da ex-primeira dama, não foram receitados por conta do AVC. A equipe médica optou por usar um filtro de veia cava para  impedir que coágulos se desloquem até outras partes do corpo e causem uma embolia, o que pode ser fatal. Para Carlos Peixoto, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), o quadro de trombose agrava a situação de Marisa.

“A trombose venosa ocorre nos pacientes que ficam acamados além de três dias, como ela não pode usar anticoagulante, a chance de ter uma trombose é maior, pois está parada, a perna esticada sem movimentos. E também quando você tem uma situação como essa, com hemorragia cerebral, o sangue fica mais grosso e há chances maior de trombose”, explica.

Ainda segundo ele, a  ex-primeira dama está com quadro de anisocoria, que é um resultado de um mau funcionamento do cérebro. “Isso acontece após hemorragia cerebral, entre três a 14 dias porque há um vasoespasmo e o sangue circula com dificuldade pra dentro do cérebro por conta da presença do sangue que ocupa em espaço e produz irritação no local. Logicamente ela está entubada, usando oxigênio, corticoide, entre outros medicamentos para que esse processo inflamatório reduza”, acrescenta.

Mas afinal, o que é a trombose? É possível evitá-la? De acordo com  Carlos Peixoto, a trombose é a formação de coágulos (ou trombos) dentro do sistema circulatório do corpo humano. A forma mais frequente é a trombose venosa profunda (TVP), que ocorre no sistema venoso profundo. Na maioria das vezes, a TVP se localiza nos membros inferiores, porém, pode atingir qualquer outra parte do corpo, como, por exemplo, membros superiores, sistema nervoso central, retina e o sistema arterial.  Atualmente, a doença venosa é a 14ª doença crônica mais comum no mundo e a sexta doença crônica que mais incapacita ao trabalho no Brasil. Sendo assim, somente um especialista poderá prescrever e examinar com mais propriedade e profundidade.

Segundo ele, é preciso redobrar a atenção aos problemas com vasinhos, muitas vezes vistos somente pelo lado estético.  “As varizes podem ter reflexos muito além do que se vê. Elas podem gerar cansaço nas pernas, dores e inchaço, sinalizando que a saúde vascular precisa ser avaliada. Quando não tratadas, as varizes podem desencadear outras doenças vasculares, como tromboflebites, tromboses venosas, embolia pulmonar, hemorragias e úlceras varicosas (feridas), além de insuficiência venosa crônica, caracterizada pela incapacidade de as veias das pernas bombearem um volume suficiente de sangue de volta ao coração”, explica.

O cirurgião vascular Marcelo Monteiro, diretor da clínica Inovas, no Rio de Janeiro, preparou um guia sobre o assunto, a pedido do blog Vida & Ação. Confira:

O que é trombose?

A trombose nada mais é do que a coagulação do sangue dentro do vaso sanguíneo, um local onde o mesmo deveria se manter na forma líquida. A coagulação existe como um mecanismo de proteção, visando impedir a morte por hemorragia diante de um simples ferimento. Mas o sangue não deveria coagular dentro do vaso sanguíneo. Mais comumente acomete as veias do sistema venoso profundo, recebendo o nome de Trombose Venosa Profunda.

Porque acontece? É mais comum em pessoas mais idosas?

A lentidão no fluxo venoso pode precipitar a coagulação do sangue, podendo ocorrer durante longos períodos de inatividade. O local mais comum de ocorrência são nas veias profundas dos membros inferiores, local onde o fluxo de sangue é muito dependente da atividade muscular. Portanto, os pacientes acamados são os mais suscetíveis à ocorrência de tromboses venosas. Vale lembrar que o seu risco aumenta a partir dos 60 anos, em pacientes portadores de neoplasias ou doenças crônicas, em pacientes desidratados (situação onde a viscosidade do sangue aumenta), em pacientes submetidos a grandes procedimentos cirúrgicos, principalmente as cirurgias ortopédicas de grande porte, entre outros.

Qual a relação entre trombose e AVC?

O AVC, acidente vascular cerebral, pode ser isquêmico ou hemorrágico. Este costuma ser consequente à ruptura de um aneurisma cerebral, evoluindo com sangramento no tecido cerebral e suas trágicas consequências. O isquêmico se caracteriza pelo “entupimento” de um vaso cerebral, podendo ter como origem um trombo (coágulo) que se forma em algum ponto da circulação arterial e migra (embolização) até um vaso de menor calibre, ocluindo-o. Isso leva à morte celular por falta de sangue das células que até então eram irrigadas por este vaso, o que caracteriza o AVC isquêmico.

É possível prevenir a trombose?

No paciente ativo, capaz de se movimentar sem auxílio, a atividade física e o uso de meias compressivas é o suficiente em grande parte dos casos para prevenir uma trombose. Para pacientes internados, acamados, existe uma forma bastante difundida de profilaxia da trombose, realizada através da injeção subcutânea de um medicamento anticoagulante. Este medicamento reduz a capacidade do sangue de coagular, diminuindo drasticamente a incidência da TVP. Uma outra forma bastante utilizada em ambiente hospitalar são os sistemas de bombeamento intermitente dos membros inferiores, que são meias que são insufladas de tempo em tempo, levando ao bombeamento constante do sangue nos membros inferiores. Vale ressaltar que os hospitais atualmente seguem protocolos bastante organizados para prevenir a TVP e suas complicações.

Que exames ajudam a detectar um AVC inicial?

O diagnóstico do AVC, ou “derrame”, como é popularmente conhecido, é inicialmente clínico, devendo ser suspeitado em um grupo de pacientes de maior risco para a doença, composto pelos pacientes hipertensos, diabéticos e tabagistas, mais propensos a complicações da aterosclerose. O paciente que apresenta alterações na fala, desvios faciais, dificuldade motora, entre outros, deve prontamente ser levado a uma unidade de emergência para que sejam tomadas as medidas iniciais de suporte à vida. Dentro desta unidade, os exames que podem ser realizados para confirmar o diagnóstico são a Ressonância Nuclear Magnética ou a Tomografia Computadorizada, visando detectar a causa e a área acometida pela lesão.

Leia mais sobre o risco de embolia pulmonar 

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