Especialistas alertam: com festas de fim de ano, catástrofe será pior em janeiro

ViDA & Ação reuniu várias dicas e recomendações de médicos e especialistas para um fim de ano seguro, , sem risco de contaminação

Imagem de Rudy and Peter Skitterians por Pixabay
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O Brasil está se aproximando da marca de 200 mil mortes por Covid-19 e, de acordo com o Ministério da Saúde, até essa segunda-feira (21/12) se depara com dois novos casos de reinfecção no País e 58 casos suspeitos em análise. Depois de um ano muito difícil, as pessoas iniciaram um processo de relaxamento das formas de controle da Covid-19 que parecem simples, mas são essenciais.

No entanto, todos devem continuar atentos na luta contra a Covid-19, já que os casos vêm aumentando nas últimas semanas e, após todo o empenho deste ano, a melhor escolha é continuar seguindo as recomendações de saúde e preservar quem mais se ama. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as pessoas não se encontrem fisicamente neste ano – essa é a “aposta mais segura”.

Com o final do ano, chegam as comemorações de Natal e Ano Novo, momentos em que familiares e amigos costumam se reunir para celebrar. Porém, com a pandemia do novo coronavírus tornando a crescer no Brasil desde o início de novembro, o sinal de alerta aumenta e as precauções precisam ser redobradas.

É fato que o Natal e o Ano Novo também serão diferentes em 2020. Um ano atípico e bastante desafiador para toda a Humanidade. Por isso, ainda é preciso reforçar cuidar de si e se preocupar com o outro. Mas, sendo o brasileiro afetuoso, como pensar nas festas de fim de ano sem os tradicionais abraços e as trocas de presentes com amigos ou em família? Em tempos de pandemia, muitas dúvidas surgem em relação às festas: “Pode se reunir com a família?”, “O que seria mais seguro?”, “Sem beijos e abraços?”. 

Reunimos aqui dicas importantes de especialistas a respeito do tema. Confira!

Médico sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo (Foto: Divulgação)

Para o médico sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública do Centro Universitário São Camilo, Para o especialista, o uso da máscara, o distanciamento social e a lavagem frequente das mãos sempre que estiver fora de casa tem que ser um novo hábito na vida de todos, até que tenhamos uma vacina com comprovação científica de sua eficácia e tempo de proteção”. Sobre as festas de fim de ano, ele faz um alerta:

Se tivermos reuniões e encontros para celebrar as festas de fim de ano, nós podemos ter uma catástrofe ainda maior em janeiro. Não é possível ter uma reunião familiar ou mesmo uma pequena reunião se as pessoas que estão presentes, circularam desprotegidos entre os comércios e atividades, mesmo que só algumas vezes, nos 14 dias que antecedem esses encontros. Isso pode se transformar numa bomba relógio de casos de Covid-19. Esperamos que isso não aconteça, mas o comportamento do vírus e as informações cientificas que temos disponíveis, todas apontam nesse sentido. É preciso muito cuidado e muito respeito com a epidemia. Só faça reuniões familiares e sociais com pessoas que estejam totalmente protegidas e que não tenham se exposto durante este período”.

No mês de dezembro,  o Brasil voltou a ter a quantidade de óbitos que tinha no início da pandemia, quando o descontrole era absoluto, mesmo com todos os avanços, inclusive nas terapias. “Tínhamos melhorado a mortalidade, que havia caído 30%, o que torna esses óbitos de hoje uma informação mais grave do que seria há sete meses”, ressalta.

De acordo com o médico sanitarista, o vírus está com uma circulação extrema e não há nenhum indício de que as autoridades irão controlar a circulação das pessoas. “Nós vemos isso por meio do estímulo do comércio popular totalmente sem critério. Existe um recrudescimento, um aumento importante da transmissão do vírus na comunidade, sobretudo nos jovens. A epidemia está em um modo rápido e avassalador”, afirma Zanetta.

Ainda segundo ele, as próprias ações do governo fizeram com que as pessoas saíssem de casa. “Os erros de progressão do fim do isolamento foram importantes e não foram bem analisados. O governo acabou passando a impressão de controle e calmaria e, nos últimos meses, as pessoas assumiram uma cultura de que estão invulneráveis, sobretudo jovens. Houve uma grande circulação e interação das pessoas e com isso o aceleramento da transmissão do vírus na sociedade”, destaca.

Medidas de proteção precisam ser mantidas

É claro que todos sabem o que fazer: lavar as mãos com frequência, usar máscara e álcool em gel 70%, limpar e desinfetar presentes, objetos e compras, entre outras orientações. Mas como tudo será neste fim de ano? Eduardo Finger, clínico geral e imunologista credenciado da Rede Plus – Care Plus, e do Hospital Oswaldo Cruz, afirma que as medidas de proteção precisam ser mantidas.

O ideal seria as pessoas de fato não se reunirem. Mas, caso contrário, deve-se manter um grupo pequeno, o menor possível, excluindo quem se expõe às aglomerações. Todos precisam usar máscara, além de manter, no mínimo, um metro e meio de distância. Deixem todas as janelas abertas ou optem por ambientes externos, lavando sempre as mãos com sabão ou álcool em gel”, recomenda.

Segundo o imunologista, o grande desafio deste fim de ano é tentar fazer com que as pessoas não se abracem e não se toquem, nem usem pratos alheios ou compartilhem utensílios. “Uma opção é que uma única pessoa, que não está contaminada, faça e entregue a comida em pratos individuais, lavando as mãos entre cada porção servida. Evitar contatos próximos, beijos e abraços é fundamental. É essencial também não dividir copos, pratos ou talheres e, principalmente, não aceitar convidados de última hora. Se alguém apresentar qualquer tipo de sintoma, deve se afastar de todos imediatamente e ir para casa”, conta.

Zinco não funciona – Para aqueles que sempre têm um “remedinho” contra o novo coronavírus, Eduardo Finger afirma que Zinco não funciona e aconselha: “Os sintomas como perda de olfato ou paladar tendem a regredir com o tempo, mesmo que isso possa demorar meses. Em termos de tratamento, é necessário que um médico acompanhe o processo a partir do diagnóstico. Não se pode confiar em soluções práticas indicadas por não profissionais da área. Enquanto a vacina não chega, o nosso único remédio é a paciência”, diz Eduardo Finger.

Atenção aos prazos para os testes de farmácia

Sobre os testes que podem ser realizados até mesmo em farmácias antes das saídas, o professor Sérgio Zanetta esclarece: “Não adianta fazer teste sorológico antes, pois o único que detecta o vírus é o PCR, que não está disponível para todas as pessoas, mas que também tem uma sensibilidade de quase 70%, o que significa que um terço das pessoas mesmo fazendo o teste podem estar com falso negativo”.

Por fim, como especialista relata que esses atos comportamentais poderiam ser criminalizados a fim de conter a transmissão do vírus: “Todo e qualquer tipo de festas e encontros são crimes contra a Saúde Pública e tratados apenas como um delito comportamental, que as autoridades públicas deixam de criminalizar. A polícia e a Vigilância Sanitária não agem da forma correta e estão recolhidas pelo Estado”.

Mitos e verdades

Longe dos mitos e reforçando as verdades, o funcional mesmo é unir a máscara ao distanciamento social. Preferir ambientes abertos e usar sempre álcool em gel ou sabão nas mãos. Seguindo assim, é muito difícil se infectar.

De acordo com as estatísticas, em caso de contato de pessoas não infectadas com as que possuem o novo coronavírus, os sintomas da infecção tendem a aparecer entre o quarto ou quinto dia após o contato. E quem já pegou a doença pode sim ser novamente infectado – não é frequente, mas é possível.

Idealmente, você não deveria ter contato com ninguém que você não possa certificar que está respeitando o isolamento, pois você pode estar assumindo um risco grande. Se houve o contato, mantenha a comunicação para saber se alguém desenvolveu sintomas da infecção. Se sim, vá e faça o teste. Se em dez dias após o contato ninguém tiver desenvolvido a doença ou se o teste for negativo, provavelmente não houve contaminação”, afirma o médico.

E, para os viajantes de plantão, um conselho em tempos de pandemia: não existe mágica. A exposição a qualquer ambiente externo ou viagem é um risco de contrair a infecção.

Diagnostiquei com a Covid-19 muitas pessoas que viajaram e não só pegaram como também passaram para a família toda. Você só tem controle sobre o que faz, não controla o que os outros fazem, muito menos em ambientes abertos, como a praia. O vírus continua circulando. Meu conselho: não viaje”, alerta Finger.

‘Este será o fim de ano da responsabilidade’, diz especialista

De acordo com o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Ivan França, a regra de ouro é não se reunir com familiares e amigos, nem realizar festas. “Esse será o fim de ano da responsabilidade. Os casos de Covid-19 vêm aumentando em todo o país. Precisamos ser responsáveis, cuidarmos de nós mesmos e do próximo”, comenta. A indicação também é a recomendada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que fez um alerta de que o mais seguro seria não realizar as tradicionais reuniões familiares desta época.

Com intuito de diminuir o risco de uma explosão de casos de Covid-19, para este final de ano, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz, lançou uma cartilha com recomendações sobre a forma mais segura de passar o Natal e o Réveillon. O primeiro passo, como já apontado pelo infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é ficar em casa, e no máximo celebrar com aqueles que convivem na mesma residência. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos aponta que o ideal seria reunir até seis pessoas, a depender do tamanho do local, sempre respeitando o distanciamento social de dois metros.

Caso não seja possível evitar visitas em casa, certifique-se de que os convidados estejam tomando todas as medidas de segurança para evitar o contágio de Covid-19. O primeiro passo é manter o maior isolamento possível dias antes destes encontros. Também é fundamental utilizar máscaras durante todo o tempo, só retirá-las na hora das refeições e guarda-las em um local adequado, além de higienizar as mãos com frequência, manter distanciamento seguro ao sentar à mesa e não compartilhar objetos, como pratos e copos. Após tocar utensílios domésticos compartilhados com outros convidados, como talheres de servir, jarras, ou qualquer outro item, lave as mãos com água e sabão ou utilize álcool em gel 70° INPM. Também é recomendado que as pessoas responsáveis pelos pratos que vão compor as ceias usem máscaras enquanto manuseiam as receitas.

Se possível, montar as ceias em lugares abertos e mais arejados, como salas com janelas ou quintais. O ideal seria que os idosos e pessoas do grupo de risco não fizessem parte de nenhuma reunião presencial, mas caso não seja possível, outra dica seria as mesas de jantar dos mais idosos ou grupo de risco estarem separadas”, explica Dr. Ivan. Infelizmente, o especialista aponta que não será um ano para celebrar com abraços, apertos de mãos e beijos. “Isso terá que ser evitado, o risco de contágio nestes tipos de manifestações de afeto é muito grande”, reforça.

Importante também não ter música alta para que as pessoas não tenham que gritar ou aumentar o volume da fala, pois caso alguém esteja contaminado, o vírus pode ser “lançado” em um número maior de partículas virais no ambiente. Pessoas que estão com sintomas da Covid-19 ou que tiveram contato com alguém infectado não devem sair de casa. Esses casos exigem isolamento total.

Muitos países começaram a vacinação, mas isso não quer dizer que a pandemia está acabando. O processo ainda vai demandar duas doses, estima-se que deve levar no mínimo um ano e meio para vacinar toda a população brasileira, por isso é extremamente importante que as recomendações sejam seguidas para evitar que o cenário piore ainda mais no início do próximo ano”, comenta o infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Época de férias

Nesta época do ano, muitas pessoas tiram férias e as viagens também preocupam no caso de risco de contaminação pelo coronavírus. A recomendação dos órgãos sanitários internacionais é a de não viajar, mas caso não seja possível, as dicas são as seguintes:

• Tenha preferência por viagens com carro próprio. Se for viajar de avião ou ônibus, não retire a máscara e dê preferência pelo uso das cirúrgicas ou a N95;

• Verifique se há hospitais com capacidade de atendimento para caso de alguma urgência no local de destino;

• Evite ir a restaurantes e bares, se puder, leve alimentos e bebidas de casa;

• Caso planeje fazer refeições em restaurantes, evite os que servem comida a quilo;

• Use máscara em todo e qualquer ambiente, como hotéis, restaurantes, praias, ruas e passeios ao ar livre;

• Verifique se o local da sua hospedagem está seguindo os protocolos de segurança e higienização, e respeitando a taxa de ocupação de conforme protocolo da cidade.

• Quando voltar da viagem, fique pelo menos 14 dias em isolamento para garantir que, caso tenha se contaminado, não transmitirá o vírus a outras pessoas.

Não é só o coronavírus: 6 cuidados importantes para evitar contágio

Uma das lições que o ano de 2020 deixou foi que aglomerações, mesmo que pequenas, podem ser ambientes de transmissão de Covid-19 e outras doenças com formas de contágio similares, tais como meningite, pneumonia, coqueluche e sarampo. Pensando em como as famílias podem aproveitar as festas sem descuidar da saúde, Jessé Reis Alves, infectologista e gerente médico de vacinas da GSK, destacou 6 cuidados importantes.

1. Prevenção através da vacinação
Muitas doenças infectocontagiosas são preveníveis pela vacinação e o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferta gratuitamente, desde os recém-nascidos até a terceira idade, vacinas que protegem contra mais de 40 doenças. Na rede privada estão disponíveis vacinas para a imunização de todas as faixas etárias, complementando o calendário vacinal do PNI. Porém, nos últimos anos o país vem registrando baixos índices de cobertura vacinal, o que torna a população vulnerável.

Esse cenário foi agravado ainda mais pela pandemia, que também evidenciou uma nova contradição de saúde pública que compromete a qualidade de vida de todos: se por um lado a população anseia pela chegada de uma vacina contra a Covid-19; por outro, ela negligencia todas as outras imunizações que já estão disponíveis. Dados do PNI apontam que, em 2020, até o décimo mês do ano, nenhuma das vacinas que integram o PNI ultrapassou os 71% do público-alvo imunizado.Esses índices estão bem abaixo da meta de 90% ou 95% de cobertura para cada uma, estabelecida pelo Ministério da Saúde.

“Vacinar é um ato de proteção para si mesmo e para quem amamos, pessoas com quem estaremos juntos nas festas de fim de ano. O coronavírus não é a única ameaça atual. Várias outras doenças infectocontagiosas também são perigosas, mas já têm prevenção por vacinas eficazes disponíveis no PNI e na rede privada. É fundamental manter a caderneta de vacinação em dia para minimizar riscos e garantir a proteção”, pontua Dr. Jessé.


Acompanhar a rotina de vacinação é um cuidado não apenas para as crianças, mas para todas as faixas etárias. Além de saber quais vacinas tomar, é necessário se atentar para a quantidade de doses em cada fase da vida. Assim, a vacinação cumpre seu papel na saúde pública: mais do que uma proteção individual, seus efeitos são coletivos, beneficiando toda a sociedade. Com a chamada “imunidade de rebanho”, quando uma alta porcentagem da população está imunizada, até quem não pode receber algum tipo de vacina se beneficia da proteção.

2. Evitar abraçar e beijar

Nada mais típico do brasileiro do que ser afetuoso com as pessoas. Porém, é importante lembrar que, ao abraçar, beijar ou até mesmo apertar as mãos, expõe-se ao risco de entrar em contato com vírus, bactérias ou outros agentes infecciosos

Quando beijamos ou abraçamos alguém, ficamos muito próximo de mucosas como boca e nariz, que contém secreções que podem estar infectadas. As mãos são partes do corpo que intuitivamente levamos ao rosto e têm grande potencial de também estarem contaminadas. Lembrando que nem todas as pessoas que estão doentes e transmitindo a infecção apresentam sintomas. Por isso devemos tomar cuidado em todas as situações. Precisamos ainda nos reeducar a ter um comportamento afetuoso sem contato físico”, explica o Dr Jessé.

3. Higienizar as mãos

Hábito que ganhou força este ano, o ato de lavar as mãos parece simples mas foi revolucionário na medicina e na saúde pública. Lavar as mãos é ato reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos principais instrumentos contra epidemias e capaz de evitar casos e óbitos de várias enfermidades.

A lavagem das mãos deve ser feita com água e sabão, por cerca de trinta segundos, sempre que assoar o nariz, tossir ou espirrar, tocar o rosto, tocar outra pessoa, tocar superfícies em ambientes comunitários, depois de usar o banheiro, antes e depois de comer. Em situações em que não há como lavar as mãos, o álcool em gel é uma alternativa de desinfetante.

4. Etiqueta respiratória

Ao tossir ou espirrar, deve-se cobrir nariz e boca com a parte interna do cotovelo, e não com as mãos, para diminuir os riscos de contaminação. Para a higiene nasal, utilize um lenço descartável.

É importante, ainda, que quem esteja com sintomas de infecções, como febre, tosse, secreções e dores, se ausente da reunião e fique em casa para se recuperar. Sabemos que são momentos que todos gostamos de participar, mas a saúde deve ser prioridade diante as comemorações, preservando a si mesmo e às demais pessoas”, recomenda o Dr. Jessé.

5. Precauções alimentares

Natal e Ano Novo são festas com fartura de comida, quesito em que o cuidado também é essencial. Toda a ceia e utensílios devem permanecer cobertos ou tampados; ao se servir, as pessoas devem usar máscara e luvas descartáveis nas mãos; deve-se lavar as mãos antes e depois de se servir; e não gerar aglomeração no ambiente onde a comida está. Outra precaução é não compartilhar talheres e copos.

6. Usar máscara

Mesmo em reuniões mais intimistas, com número reduzido de convidados, como é o recomendado atualmente, é fundamental o uso da máscara. Ao retirá-la, nos momentos de refeição, o item deve ser guardado devidamente e trocado a cada duas horas.

Cuidados complementares como o distanciamento entre as pessoas e a boa ventilação do ambiente também são indispensáveis.

Com Assessorias

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