Fake news ‘ressuscitam’ doenças já erradicadas

Cobertura vacinal caiu nos últimos anos, causando a volta de doenças já erradicadas, como o sarampo. Aumentar esta taxa é desafio para autoridades de saúde

vacina contra a gripe
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No Dia Mundial da Saúde (7 de abril), uma preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é com a queda no número de pessoas vacinadas. O fenômeno  também chamou atenção das autoridades públicas de saúde aqui no Brasil.  Levantamento do Ministério da Saúde aponta que em 2017 os índices atingiram o nível mais baixo do país nos últimos 16 anos e identificou que todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano não alcançaram a meta.

Dentre os motivos, estão as fakes news, que contribuíram para essa queda vacinal. A redução no número de pessoas vacinadas contra doenças que podem ser evitadas por este email levou o governo federal a entrar em estado de alerta para evitar a volta de doenças já erradicadas no mundo. O tema escolhido pelo país neste ano para celebrar o Dia Mundial da Saúde se deve ao registro de baixas coberturas vacinais que permitiram o reaparecimento de doenças que já estavam eliminadas no país, como o sarampo.

Para o médico infectologista Alberto Chebabo, do Lâmina Medicina Diagnóstica, laboratório da Dasa, esta data serve de alerta para que todos tenham em mente o quanto a prevenção por meio da vacinação é importante para pessoas de todas as idades.

As redes sociais e aplicativos de mensagens dissipam diversas notícias falsas que podem confundir a população sobre a importância das vacinas. Alguns canais, mesmo sem muita credibilidade, influenciam muito o comportamento das pessoas em diferentes esferas, inclusive em saúde. E, alguns movimentos antivacinas repercutiram informações falsas sobre o tema”, explica.

Segundo ele, é fundamental desenvolver ações junto aos nossos pacientes para esclarecimento e estímulo sobre a importância da vacinação para a saúde, não apenas nesta data, mas durante todo o ano. A imprensa séria e responsável também deve colaborar.

Vacina contra o sarampo

A vacinação contra o sarampo, por exemplo, atingiu um pico em 2003, mas, no geral, vêm caindo ano a ano, até chegarem próximo a 80% no ano passado, patamar longe da meta de, no mínimo, 95%. Por isso, foi estabelecida a vigilância e vacinação como meta prioritária de governo.

A população pode se vacinar gratuitamente nas mais de 36 mil salas de vacinação localizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o país. Para isso, basta comparecer a um posto de saúde com o cartão de vacinação em mãos.

Caso  tenha perdido o cartão de vacinação, o Ministério da Saúde orienta procurar o posto de saúde mais próximo onde recebeu as vacinas e resgatar o histórico, assim como, refazer uma nova caderneta. É importante lembrar que a falta da Caderneta de Vacinação não é um impeditivo para vacinar.

Vacinas gratuitas o ano inteiro

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente 19 vacinas que integram o Calendário Nacional de Vacinação, protegendo contra 18 doenças imunopreveníveis cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.  São vacinas que contemplam crianças, adolescentes, idosos, gestantes e povos indígenas. Por ano, o Ministério da Saúde aplica mais de 300 milhões de doses de vacinas na população brasileira.

O Programa Nacional de Imunização (PNI) oferece de graça 27 vacinas para a população. Essas vacinas combatem doenças como sarampo, caxumba, rubéola, tétano, tuberculose, febre amarela, difteria, coqueluche, poliomielite, influenza, HPV, entre outras.

O Ministério da Saúde ressalta que todas as vacinas distribuídas pelo SUS são seguras. Elas passam desde o processo de produção por avaliação de qualidade e segurança. Além disso, por validação e aprovação de instituto reguladores e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda no intuito de fortalecer a vacinação no país e no mundo, o Ministério da Saúde tem trabalhado na melhoria dos sistemas de informação e monitoramento para medidas de prevenção e controle; a ampliação das estratégias a adesão da população à imunização; a instituição de uma “força tarefa” para apoiar os estados e municípios na investigação e manejo de casos de doenças imunopreveníveis, entre outras ações.

No Paraná, vaga em escola só com vacinas em dia

Todos os estudantes menores de 18 anos, das redes pública e privada do Paraná, devem apresentar a Declaração de Vacinação para fazer a matrícula para o ano letivo de 2019. A regra entrou em vigor após a aprovação da Lei Estadual 19.534/18. Todos os alunos devem estar em dia com as vacinas consideradas obrigatórias.

A ausência do documento não impossibilita a matrícula ou rematrícula, mas os pais ou responsáveis devem regularizar a situação em um prazo de 30 dias. Caso contrário, a escola é obrigada por lei a comunicar a situação ao Conselho Tutelar. A declaração pode ser impressa na Unidade de Saúde ou na Megaunidade da Unimed Laboratório, mediante a apresentação e conferência da carteira de vacinação.

De acordo com o infectologista da Unimed Laboratório, Jaime Rocha, a lei garante a imunização, principalmente das crianças, que necessitam ser levadas pelos pais ou responsáveis para serem vacinadas. “Infelizmente, é alarmante a queda na cobertura vacinal de bebês e crianças no Brasil.

O Brasil foi pioneiro na incorporação de diversas vacinas no calendário do Sistema Único do Saúde (SUS) e é um dos poucos países no mundo que ofertam de maneira universal diversos imunobiológicos. “O Programa Nacional de Imunização (PNI) é referência mundial e sempre teve como característica a alta taxa de cobertura vacinal. O sucesso do programa pode ser justamente um dos fatores responsáveis pela queda na imunização.

A população adulta hoje foi amplamente imunizada na infância e não viu os estragos que algumas doenças podem causar. Esses pais viveram uma infância livre de patologias graves erradicadas no Brasil por conta da vacinação. Agora, eles não acreditam que elas possam acometer seus próprios filhos e ainda causar sequelas irreversíveis”, alerta o médico.

Há ainda o crescimento irresponsável de movimentos antivacinas, que ameaça os resultados conquistados nos últimos anos pelas campanhas de imunização.  “Estamos presenciando o aumento significativo da ocorrência de algumas doenças, como o sarampo. Os pais precisam ter consciência de que o esforço para impedir que doenças já eliminadas voltem a ser registradas é um trabalho de toda a sociedade”, ressalta Rocha.

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Dia Mundial da Saúde

Criado em 1948, pela Assembleia Mundial da Saúde, o Dia Mundial da Saúde visa conscientizar a população a respeito da qualidade de vida e dos diferentes fatores que afetam asaúde populacional. A data coincide com a de fundação da Organização Mundial da Saúde.

O tema escolhido pela Organização Pan-Americana da Saúde/ Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), para a campanha do dia Mundial da Saúde de 2019 foi “Saúde para todas e todos. Em todos os lugares”.

Os organismos internacionais chamam a atenção para a importância da saúde universal – que significa garantir que todas as pessoas e comunidades tenham acesso aos serviços de saúde sem qualquer forma de preconceito e sem sofrerem dificuldades financeiras.

A OMS define saúde como “um completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou enfermidade”. Neste ano, a Organização tem metas ambiciosas que pretende trabalhar por meio de campanhas de conscientização.

Uma delas, refere-se à hesitação para vacinar – a relutância ou a recusa, apesar da disponibilidade da vacina – ameaça reverter o progresso feito no combate a doenças que podem ser prevenidas por meio da imunização.

Da Redação, com Assessorias

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