Fiocruz confirma: Covid-19 ataca e mata cada vez mais pessoas jovens

Pandemia se espalha cada vez mais pelas camadas jovens da população. Rede privada confirma aumento de casos graves entre pacientes jovens

Paciente jovem em tratamento de ECMO (Foto: Divulgação)
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A morte esta semana do ator e humorista Paulo Gustavo, aos 42 anos, chamou a atenção para o rejuvenescimento da pandemia do novo coronavírus, que já vinha sendo alertado por diversos especialistas e confirmado por estudos nas últimas semanas. Boletim do Observatório Covid-19, editado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado nesta sexta-feira (7), voltou a confirmar o processo de rejuvenescimento da pandemia, com uma clara mudança demográfica.

Hoje, adultos jovens e de meia-idade representam uma parcela cada vez maior dos pacientes em enfermarias e unidades de terapia intensiva. A idade média dos casos internados é de 57 anos, versus idade média de 63 anos na semana epidemiológica anterior. Para óbito, os valores médios foram 71 anos, na semana epidemiológica 1 e 64 anos nesta última. Segundo a Fiocruz, há deslocamento da curva em direção a faixas etárias mais jovens.

Hospital privado confirma aumento de casos graves entre jovens

A Rede Americas, braço médico-hospitalar do United Health Group Brasil, comprovou um aumento de mais jovens graves em suas Unidades de Terapia Intensiva nas 18 unidades do grupo, divididas entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste, além do Norte e o Nordeste do país.

No Rio de Janeiro, o percentual de pacientes na faixa etária dos 18 aos 44 anos passou de 5,3%, em janeiro, para 14,7%, no mês de março. Também chama a atenção, na capital fluminense, as pessoas de meia idade (45 a 64 anos de vida) com aumento de 18% para 42%. Em São Paulo, no grupo dos 18 aos 44 anos, há um aumento de 17% para 19% e, de 37% para 45%, nos acometidos pela doença nas respectivas faixas etárias. 

Victor Cravo, coordenador nacional das UTIs da Rede Americas, analisa os dados e faz um comparativo com os meses de novembro e dezembro em que era percebido um aumento da gravidade predominantemente nos mais idosos. “Hoje, são os adultos jovens e de meia idade que estão cada vez mais presentes nas nossas UTIs, o que pode ser atribuído ao relaxamento nas medidas de prevenção, como o distanciamento social, aumento das aglomerações e a redução quanto ao uso de máscaras, tão necessários enquanto não há vacina para todos”, avalia o especialista. 

Carga viral está mais alta devido à maior exposição

Outra preocupação é a ausência de comorbidades nessa população jovem, que vem agravando devido à Covid-19. “Ainda há muito a ser pesquisado com relação aos problemas desencadeados pelo novo coronavírus, mas essa gravidade pode estar diretamente relacionada à carga viral mais alta somada à grande exposição, o que resultaria em uma capacidade menor de resposta do organismo dessa população”, observa Cravo.  

O estudo também traz um panorama do aumento de adultos nas unidades do Distrito Federal, Norte e do Nordeste do país, com uma escalada de 12% para 17,3%, entre as pessoas dos 18 aos 44 anos e uma queda naquelas pertencentes ao grupo dos 45 aos 64 anos de vida: de 42,2% para 35,2% nessa faixa de idade.  

Um dado positivo é a redução dos octogenários na maioria das UTIs do grupo, o que já pode ser considerado um reflexo da vacinação nessa faixa de idade (queda de 46% para 36%). “Por outro lado, no Nordeste e Distrito Federal, especificamente, ainda há aumento desse público na faixa etária dos 80 anos (de 8,4% para 13.3%)”, diz. 

As idades medianas dominantes nas UTIs da Rede Americas mais prevalentes estão em 69 anos, no Rio de Janeiro; 58 anos em São Paulo e, no Norte, Nordeste e Distrito Federal, entre os 63 anos. “ Os dados novamente nos levam a reforçar a importância da vacina, ainda que exista a nova variante em circulação no país, pois essa faixa etária começou a ser vacinada neste momento e ainda levará um tempo para podermos avaliar a redução da internação desse público”, finaliza o especialista responsável pelo estudo. 

Brasil mantém patamar crítico de casos e mortes

O boletim aponta ainda que a pandemia se mantém em patamar crítico de transmissão, com valores altos de incidência e mortalidade. A análise da Fiocruz, referente às semanas epidemiológicas 16 e 17 de 2021, entre 18 de abril e 1º de maio, destaca as oscilações dos indicadores nos estados, a alta proporção de testes com resultados positivos, bem como a manutenção da sobrecarga de todo o sistema de saúde. Esses indícios revelam que a pandemia se mantém em patamar crítico de transmissão, com valores altos de incidência e mortalidade.

A ligeira redução de casos e óbitos por Covid-19 não significa que o país tenha saído de uma situação crítica, pois as médias diárias de 59 mil casos e de 2,5 mil óbitos nestas duas semanas epidemiológicas se encontram em patamares muito elevados. Somente com a redução sustentada por algumas semanas, associada à aceleração da campanha de vacinação e à intensificação de ações de distanciamento físico e social, combinadas com proteção social, será possível alcançar a queda sustentada da transmissão e a redução da demanda pelos serviços de saúde”, alertaram os pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo boletim.

Quanto ao número de leitos, após muitas semanas em situação muito crítica, as taxas de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) covid-19 no país começam a dar sinais de melhora, embora ainda longe de indicar um quadro tranquilo. Entre 26 de abril e 3 de maio, as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos mantiveram a tendência lenta de queda em quase todo o país.

Número de mortes já passa de 419 mil no país

O número de pessoas que não resistiram à covid-19 no Brasil chegou a 419.114 nesta sexta-feira (7), com mais 2.165 mortes em 24 horas. Ainda há 3.699 óbitos em investigação. Isso ocorre porque há casos em que um paciente morre, mas a causa continua sendo apurada mesmo após a declaração do óbito. Já o número de casos acumulados foi para 15.082.449. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 78.886 novos diagnósticos positivos. Ainda há no país 1.022.857 casos em acompanhamento – pessoas infectadas e com casos ativos de contaminação pelo novo coronavírus.

Boletim/situação epidemiológica da covid 19 no Brasil/07.05.2021

Boletim/situação epidemiológica da covid 19 no Brasil/07.05.2021 – Ministério da Saúde

Estados – O ranking de estados com mais mortes pela Covid-19 é liderado por São Paulo (99.989). Em seguida, vêm Rio de Janeiro (46.171), Minas Gerais (35.424), Rio Grande do Sul (25.807) e Paraná (23.623). Na parte de baixo da lista, com menos vidas perdidas para a pandemia, estão Roraima (1.534), Acre (1.575), Amapá (1.578), Tocantins (2.642) e Alagoas (4.347).

Recuperados – Ainda conforme a atualização, o Brasil tem 13.640.478 pessoas que se recuperaram da Covid-19 desde o início da pandemia. Isso equivale a 90,4% do total de pessoas que foram infectadas com o vírus. Os números são em geral mais baixos aos domingos e segundas-feiras em razão da menor quantidade de funcionários das equipes de saúde para realizar a alimentação dos dados. Já às terças-feiras, os resultados tendem a ser mais altos pelo envio dos dados acumulados.

Vacinação – Até o momento, foram distribuídos a estados e municípios 75,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19. Deste total, foram aplicadas 46,8 milhões de doses, sendo 31,7 milhões da 1ª dose e 15,1 milhões da 2ª dose.

Com Agência Brasil, Agência Fiocruz e Rede Américas

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