Fiocruz recomenda ‘lockdown’ por 14 dias para conter explosão da Covid

Apenas Amazônia e Roraima aparecem na zona de alerta intermediário de leitos. Fioruz também lança cartilha com orientações para a Páscoa

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Um dia após o Brasil registrar um novo recorde macabro – 3.780 mortes em um só dia, um terço das mortes registradas no mundo -, o colapso hospitalar no país fica mais crítico a cada dia. A Fundação Oswaldo Cruz alerta que as taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos são superiores a 80% em quase todo o país.

Em edição extraordinária, o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz informa que apenas dois estados e suas respectivas capitais aparecem na zona de alerta intermediário de leitos: Amazonas, com 76%, e Roraima, com 62%. Todos os demais estados e o Distrito Federal permanecem na zona de alerta crítico. Em 17 estados, a taxa é superior a 90%, segundo dados obtidos em 29 de março.  

Para reverter o contexto atual, os pesquisadores reafirmam a necessidade de combinar medidas de contenção (lockdown) e redução das pressões sobre o sistema de saúde. O lockdown recomendado é de cerca de 14 dias, tempo mínimo necessário para redução significativa das taxas de transmissão e número de casos (em torno de 40%). São recomendadas medidas de resposta para a adequação de oferta de leitos e a ampliação das ações de saúde da Atenção Primária em Saúde (APS), com abordagem territorial e comunitária.

Situação de São Paulo acende alerta para extensão da crise

Responsáveis pelo Boletim, os pesquisadores do Observatório apontam que a situação de São Paulo serve como um alarme do quanto a crise atual afeta o sistema de saúde e o quadro sanitário do país. O estado é o mais rico e populoso do país (concentra 21,9% da população) e contava, em fevereiro de 2020, com 111 municípios com estrutura hospitalar para o enfrentamento da Covid-19 (26,4% em relação ao total do país).

Já os estados de Roraima e Amazonas, que já passaram por crises e colapsos e são os únicos na situação de alerta intermediário neste momento, totalizavam 0,4% dos municípios do país com esta capacidade instalada e possuem 2,3% da população estimada para 2020. 

Neste novo patamar da pandemia, a situação mudou drasticamente. Se Manaus (Amazonas), com o colapso do seu sistema de saúde, constituiu um alerta do que poderia ocorrer em outros estados, a situação hoje de São Paulo (São Paulo) é um alarme do quanto esta crise pode ser mais profunda e duradoura do que se imaginava até então”, destacam os pesquisadores.

Medidas de restrição no feriadão ainda não se refletem nos casos

O estudo lembra ainda que as medidas de restrição de mobilidade, adotadas nos últimos dias por diversas prefeituras e estados, ainda não produziram efeitos significativos sobre as tendências de alta de todos os indicadores que vêm sendo monitorados pelo Observatório. “Esses indicadores sempre estão defasados no tempo, e que o crescimento do número de casos na última Semana Epidemiológica (21 a 27 de março) pode ser resultado de exposições ocorridas em meados de março”, ressalta o documento.

Dezessete estados e o Distrito Federal encontram-se com taxas de ocupação de leitos de Covid-19 para adultos superiores a 90%: no Norte, Rondônia (98%), Acre (97%), Amapá (100%) e Tocantins (97%); no Nordeste, Piauí (96%), Ceará (94%), Rio Grande do Norte (95%) e Pernambuco (97%); no Sudeste, Minas Gerais (94%), Espírito Santo (94%) e São Paulo (92%); no Sul, Paraná (93%), Santa Catarina (99%) e Rio Grande do Sul (95%); e no Centro Oeste, Mato Grosso do Sul (100%), Mato Grosso (97%), Goiás (94%) e Distrito Federal (97%).

Outros sete estados apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos entre 84% e 89%: no Norte, Pará (85%); no Nordeste, Maranhão (88%), Paraíba (84%), Alagoas (86%), Sergipe (86%) e Bahia (86%); e no Sudeste, Rio de Janeiro (88%).

Cartilha alerta para cuidados durante a Páscoa

Com o aumento do contágio e mortes por Covid-19 em todo o país, feriados como a Páscoa, quando famílias costumam se reunir, tendem a se tornar causas de agravamento da pandemia. Com o objetivo de orientar sobre como se proteger, a Fiocruz atualizou a cartilha de recomendações para os festejos de fim de ano, que deve servir de norte para todos os que pensam em promover encontros durante a Semana Santa e no domingo de Páscoa.

A cartilha Covid-19 – preservar a vida é a melhor maneira de celebrar a Páscoa está disponível no formato digital. A principal mensagem é: a forma mais segura de celebrar a Páscoa é ficar em casa, apenas com as pessoas que moram com você. Nenhuma medida é capaz de impedir totalmente a transmissão da Covid-19. 

Para diminuir os riscos, é preciso seguir com atenção todas as orientações relativas ao uso da máscara: usar na maior parte do tempo, ter um saco para guardá-la enquanto estiver comendo ou bebendo e ter sempre uma máscara limpa extra, para o caso de necessidade de troca (tempo de uso, umidade ou sujeira).

A cartilha traz também informações sobre o preparo e manuseio de alimentos, limite de pessoas e ventilação nos ambientes, descarte de lixo e disponibilização de álcool em gel. As recomendações sobre lavagem das mãos permanecem. No fim da cartilha, estão listadas as situações e as condições de saúde que impedem as pessoas de participarem de confraternizações.

Da Agência Fiocruz de Notícias, com Redação

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