Menos sódio, mais saúde à mesa: governo quer reduzir uso de sal nos alimentos

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sal

O brasileiro ingere atualmente 12 gramas de sódio por dia, mais que o dobro do máximo sugerido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 5 gramas – ou 2g de sódio, o equivalente a uma colher de chá ou 5 pacotinhos de 1g, normalmente disponíveis em restaurantes.Um novo acordo entre Ministério da Saúde, Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) e a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), assinado nesta terça-feira (13), tem como meta retirar, voluntariamente, 28,5 toneladas de sódio da alimentação dos brasileiros com a redução de sódio nas massas alimentícias e pães industrializados.

A primeira categoria a reduzir sódio em sua composição no novo acordo envolve pães, bisnaguinhas e massas instantâneas. As metas sãoatingir o teor máximo de 450g de sódio a cada 100g em 2017, passando a 420mg em 2018 e 400mg em 2020. Bem presente na mesa dos brasileiros, os pães podem contribuir na redução de ingestão de sódio diária. Em 2011, quatro fatias de pão por dia representavam 40% da quantidade de sódio diária (796 mg). Após o acordo, esse índice, em 2016, passou a ser de 22% (450 mg). Em 2020, a expectativa é chegar a 20% (400 mg).

Em 2011, a Abimapi já havia firmado um termo de compromisso para limitar a quantidade de sódio dos produtos que representa e os resultados alcançados foram significativos. De acordo com o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os índices de 2016 comparados aos de 2008/2009 indicam que o biscoito recheado apresentou queda de 34% no teor de sódio, o salgado de 16,6%, e o doce de 9,6%; já no pão de forma e no cereal matinal o teor caiu 2,8% e 6,1%, respectivamente. “É importante esclarecer que, apesar da significativa participação do ingrediente nos alimentos processados, é no sal de mesa e dos condimentos à base de sal que o consumo se destaca”, explica Mariana Nacarato, consultora em nutrição da Abimapi.

O consumo alimentar impacta na prevalência de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e obesidade que, juntas com as doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer respondem por 72% dos óbitos no país. “Existe, hoje, a necessidade de ajustar os hábitos alimentares dos brasileiros para prevenir a obesidade e doenças como diabetes e hipertensão. Também é fundamental incentivar a atividade física para o brasileiro ter uma vida mais saudável. Esse acordo é uma das medidas que ajuda nesse desafio”, declarou o ministro Ricardo Barros.

Risco maior de hipertensão

A nutricionista Claudia Bastos de Oliveira, da Clínica Dr. Pop, de Curitiba,  explica que, depois do sal de cozinha, os alimentos que apresentam uma grande quantidade de sódio são os produtos industrializados, como o macarrão instantâneo, com cerca de 1.600 mg, correspondendo a 67% do valor diário recomendado. “Uma dieta rica neste mineral pode provocar alguns sintomas como sede e vontade de urinar mais vezes para eliminar o excesso. Porém, algumas vezes o rim não consegue eliminar todo o sódio, o que leva ao aumento no volume sanguíneo, já que o sódio retém água, fazendo com que o coração bata mais forte”, explica Claudia.

Segundo ela, muitos brasileiros abusam do sódio, nutriente responsável pela manutenção do equilíbrio hídrico do corpo e da pressão arterial. Para reduzir o consumo de sódio, a nutricionista sugere substituir o sal comum pelo sal de ervas, que pode ser preparado com uma mistura de sal grosso e temperos frescos como orégano, alecrim e sálvia, tomilho ou estragão, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias no organismo.

O excesso de consumo de sódio, assim como gordura, e álcool, é apontado como uma das causas para o aumento nos casos de hipertensão, que já atinge, no Brasil, cerca de 30 milhões de brasileiros, de acordo com dados do Ministério da Saúde.  Além de reduzir o consumo de sódio, uma rotina preventiva inclui exames laboratoriais, eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma.

Um dos principais problemas da doença é a ausência de sintomas. Por isso, exames preventivos, de rotina e cuidados com a alimentação são necessários para diagnosticar precocemente novos casos. Entretanto, o Ministério da Saúde estima que apenas 10% dos hipertensos façam o controle adequado da doença. A hipertensão é caracterizada por níveis de pressão maiores ou iguais a 140/90 mmHg (14 por 9), sendo frequentemente agravada por condições como idade, sexo, histórico familiar, aumento do colesterol, obesidade, sedentarismo e diabetes mellitus.

De acordo com o médico Marcus Brodbeck, da Clínica Dr. Pop, descobrir qualquer condição ou situação precocemente é sempre a melhor opção. “Isso nos dá uma margem muito maior de sucesso em qualquer tratamento. Devemos realizar avaliação preventiva anualmente, com o intuito de identificar situações de risco e corrigi-las antes que se agravem”, afirma, ressaltando que os exames de check-up podem ser feitos em qualquer idade. “Anualmente, é importante ao menos uma verificação nos níveis de glicemia e colesterol, além do eletrocardiograma, que ajuda a identificar possíveis situações de risco, como a dislipidemia, diabetes, arritmias e outras alterações cardiovasculares”, diz.

O que há em nossa comida e em nossa mente

A atenção às questões que envolvem nutrição, saúde e bem-estar é uma tendência mundial. De acordo com a pesquisa global “O que há em nossa comida e em nossa mente”, realizada em 2016, pela consultoria Nielsen, a população está reduzindo o consumo de certos alimentos que não são considerados nutritivos e isso é reflexo de quatro fatores principais: o envelhecimento global; a preocupação de uma alimentação saudável, como forma de evitar doenças crônicas; o entendimento de que os alimentos podem ser remédios, usados para evitar ou lidar com doenças existentes; e, em decorrência de tudo isso, a formação de consumidores mais conscientes.

Há nove anos a Abimpi, em parceria com entidades congêneres, vem formalizando com o Ministério da Saúde termos de compromisso para reduzir quantidades de gorduras, sódio e açúcar nos alimentos processados. O resultado é a melhoria do valor nutricional dos alimentos. O primeiro acordo, estabelecido em 2008, foi o de redução de gorduras trans, baseado na sinalização da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que estabelece para a trans limites não superiores a 5% do total de gorduras nos alimentos processados.

“Após dois anos, o setor de biscoitos, massas e pães e bolos industrializados já haviam reduzido 250 mil toneladas de gorduras trans de seus produtos, o que representa 93% de alcance das metas da ABIA”, afirma Claudio Zanão, presidente da Abimapi.

Redução de açúcar nos alimentos

No segundo semestre, deve ser lançado o Plano de Redução de Açúcar em Alimentos Industrializados, que terá formato parecido com o de sódio e vai envolver alimentos como produtos lácteos, bebidas adoçadas, biscoitos, bolos e achocolatados. “É uma área importante já que é a que mais aporta sódio, portanto, sal, na alimentação da população. A parceria com a indústria é essencial para permitir uma redução de sódio na composição dos alimentos”, ressalta a coordenadora-geral de alimentação e nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.

Atualmente, a discussão também gira em torno do açúcar, cujo consumo no Brasil está muito acima da média recomendada. As indústrias e governo estudam a melhor forma de promover a redução deste ingrediente. A Abimapi mais uma vez está presente nos debates para definir novos padrões e o cronograma para a diminuição deste componente nos alimentos processados pelas indústrias.

“Sabemos que precisamos, também, incentivar e orientar o consumidor de forma inteligente, mostrando que os biscoitos, massas alimentícias, pães e bolos Industrializados, além de saborosos, possuem atributos à alimentação saudável”, finaliza Zanão.

Saiba mais sobre o novo  acordo

A nova parceria para melhorar o perfil nutricional dos alimentos industrializados valerá para os próximos cinco anos (2017 – 2022). A primeira cooperação com a indústria está em vigor desde 2011 e tornou possível a retirada de 17 mil toneladas de sódio que seriam consumidas pela população.  Em cinco anos, foram atingidas pela medida 30 categorias de produtos da indústria de alimentos, representando cerca de 70% do faturamento do setor.

Nesta última etapa, foram analisados rótulos de 718 produtos em 13 categorias como queijos, requeijões, linguiças e presuntaria. A maior redução no teor de sódio aconteceu na categoria sopas. A quantidade caiu 65,15% em misturas para sopas, passando de 300,3mg por 100g de alimento para 115,5mg. Nas sopas instantâneas houve redução de 49,14% passando de 339,4mg para 170mg por 100 g.

As linguiças também tiveram redução significativa. Na linguiça cozida a temperatura ambiente foram registradas reduções de 15,6% no teor de sódio entre 2013 e 2016. Nas linguiças frescal redução de 10,5% e 9,4% em linguiça cozida resfriada.  Produtos lácteos como queijos e requeijões também conseguiram retirar uma alta quantidade de sódio de sua composição com reduções de 23,1% e 20,4% respectivamente.

O presidente Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Edmundo Klotz, ressaltou a parceria com o Ministério da Saúde que possibilitou mudanças para melhorar a saúde do brasileiro. “Neste período já tivemos um grande avanço. Sabemos a dificuldade e o esforço que a indústria precisa para retirar ingredientes como o sódio e o açúcar da composição. Mas, há uma grande vontade de contribuir para uma melhor saúde e qualidade de vida do brasileiro”, afirmou o presidente da Abia.

Fonte: Ministério da Saúde, Abimapi e Clínica Dr. Pop

 

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