‘Hormônio da juventude’: especialistas alertam sobre uso da testosterona

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testosterona

Não é de hoje que o mundo busca uma fonte para reverter os efeitos da idade e do envelhecimento. Essa ânsia aumentou ainda mais nos últimos 10 anos, com o prolongamento da expectativa de vida e também do dia a dia mais ativo da população. Mas uma nova moda nessa busca por uma aparência mais jovem vem preocupando cada vez mais a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem): o uso da testosterona para fins estéticos, como perda de peso e ganho de massa muscular.

Estima-se que o consumo do hormônio masculino tenha aumentado até 100 vezes nos últimos 30 anos. O problema é que esse uso para rejuvenescimento não possui evidências científicas de eficácia e o pior: ainda pode apresentar potenciais riscos para a saúde, que vão desde inconvenientes, como aumento das espinhas, pelos e da oleosidade da pele, até danos mais graves, como problemas cardíacos e doenças no fígado.

A preocupação é tamanha que o assunto será destaque no Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia 2017. O evento, que acontece entre os dias 16 a 19 de agosto de 2017, em Fortaleza (CE), terá como foco a utilização inadequada dos hormônios.  A Sbem esclarece que entre os homens, a queda na testosterona deve ser acompanhada por um especialista, principalmente devido ao fato de seu importante papel na saúde masculina.

“O uso da testosterona pelas mulheres pode causar sérios danos à saúde, como risco de trombose e derrame, surgimento de acne, engrossamento irreversível da voz, aumento do clitóris, crescimento de pelos, aumento do risco de infarto e de câncer de fígado”, explica a endocrinologista Mariana Farage.

Segundo ela, com a proximidade do verão, muitas mulheres acabam recorrendo a medidas drásticas para ficarem com o corpo em dia. Atualmente, um dos métodos mais populares – e perigosos – para encarar o biquíni é a utilização da reposição de testosterona, hormônio da classe dos esteroides que promove aumento de massa magra, hipertrofia muscular e aumento de força.

A testosterona é um hormônio produzido nas glândulas suprarrenais, nos testículos e nos ovários. Nos homens, ela é a responsável pelas características sexuais masculinas, como a manutenção da massa muscular e a distribuição de pelos no corpo e no rosto. “Além disso, a testosterona ajuda a produzir proteínas e é essencial para o comportamento sexual.

Ela também afeta muitas atividades metabólicas, como a produção de células vermelhas do sangue, a formação dos ossos, o crescimento da próstata e o metabolismo de lipídios e de carboidratos”, conta Mariana. O hormônio é naturalmente produzido em níveis bem baixos nas mulheres, mas tem papel importante para a estimulação da libido, a manutenção de massa magra e a sensação de bem estar.

Como se fossem vitaminas

Apesar da forte regulação da prescrição, que só pode ser feita por médicos, muitas pessoas têm acesso a esses medicamentos que, fora do país, são vendidos nas prateleiras de vitaminas. E é aí que está o perigo! Uma das razões do boom do método é a indicação por colegas adeptos do lifestyle fitness e até mesmo por personal trainers. As formas de reposição de testosterona são diversas. “Ela pode ser feita via oral, com a ingestão de comprimidos de DHEA ou de metiltestosterona, de forma injetável, com undecanoato de testosterona, ou transdérmica, por adesivos ou géis de testosterona”, explica Mariana.

Implantes hormonais

Outra técnica que tem sido empregada de modo off label são os implantes hormonais manipulados – também conhecidos com Chip Fashion. Esses chips podem conter tanto hormônios femininos, mas também associados à testosterona. “Esses implantes ‘plurihormonais’ carecem de estudos clínicos de eficácia e segurança”, afirma.

As promessas tentadoras de um corpo em boa forma e o aumento do desejo sexual é o que motivam as mulheres a procurarem a reposição da testosterona. A endocrinologista alerta que o uso desse hormônio deve ser apenas em casos muitos específicos. “Na mulher, os exames de dosagens de testosterona são úteis para diagnosticar excesso de androgênios e não sua carência. As queixas relacionadas à ausência deste hormônio são comuns a outras doenças, como anemia por deficiência de ferro, hipotireoidismo e falta de condicionamento físico por sedentarismo”, orienta.

A especialista ressalta que as mulheres com falência ovariana precoce (menopausa precoce), as que fizeram retirada dos ovários, as que estão na menopausa ou que retiraram as glândulas adrenais são as únicas que, com orientação de um médico, podem fazer a reposição de testosterona.

Para que serve a testosterona

De acordo com a Sbem, a testosterona é essencial no funcionamento do corpo inteiro do homem: ajuda a produzir proteínas, é essencial para o comportamento sexual normal, responsável pelas características corporais como massa muscular, além de afetar muitas atividades metabólicas, como produção de células do sangue na medula óssea, formação do osso, metabolismo de lipídios, metabolismo de carboidratos, função hepática e crescimento da próstata.

Mulher tem 20 vezes menos este hormônio

A testosterona também está presente no organismo feminino só que, em média, numa produção até 20 vezes menor. Na mulher, esse hormônio é importante para manutenção da massa muscular e também o estimulo da libido. Com o passar dos anos é normal que produção de testosterona caia tanto entre o público masculino como feminino. Contudo a reposição desse hormônio é tema de constante discussão entre os especialistas.

Apenas para quem possui deficiência hormonal

A Sbem defende que o uso da testosterona é indicado apenas para as pessoas que têm deficiência hormonal. “Sua recomendação para o rejuvenescimento não tem evidências científicas de eficácia, e pode apresentar potenciais riscos para a saúde, assim como o uso incorreto de outros hormônios”, ressalta Alexandre Hohl, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Principais riscos

Dentre os riscos do uso de suplementos à base de testosterona estão efeitos adversos como acne, risco de doenças graves no fígado e coração, alterações na mama e na voz.

Terapia de reposição para homens

De acordo com a Sbem, a diminuição da produção do hormônio masculino (deficiência androgênica) está presente em cerca de 15% dos homens entre 50 e 60 anos, chegando a 50%, ou mais, dos homens com 80 anos. A Terapia de Reposição Hormonal Masculina só deve ser indicada para homens que apresentam os sintomas de queda hormonal (dificuldade de ereção, falta de concentração e capacidade intelectual, perda de pelos, ganho de peso, diminuição de massa e força muscular, irritabilidade, insônia) e que não apresentem contraindicações para seu uso.

Terapia de reposição para mulheres

No caso das mulheres, a questão é ainda mais complicada. Segundo Ricardo Meirelles, diretor do Departamento de Endocrinologia Feminina e Andrologia da Sbem, uma das dificuldades da terapia com androgênios (como a testosterona) na mulher é fazer o diagnóstico da deficiência desse hormônio.

“Os níveis de testosterona no sexo feminino são muito baixos e os métodos laboratoriais usuais não são capazes de fornecer um resultado confiável para valores abaixo de 100ng/dL”, explica. Assim, segundo o especialista, na mulher as dosagens de testosterona são úteis para diagnosticar excesso de androgênios e não sua falta. Por isso o uso é extremamente restrito e só deve ser feito com acompanhamento de um médico especialista.

Quem deve tratar doenças hormonais

A Sbem defende ainda que o endocrinologista, especialista que diagnostica e trata doenças hormonais e metabólicas, é o médico mais capacitado para conduzir o tratamento da maneira correta, na dose ideal, evitando complicações futuras, com garantia de pureza, dosagem, estabilidade, absorção, eficácia e segurança do hormônio.

Fonte: Sbem, com Redação

 

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