Médicos se solidarizam com crise sanitária no Amazonas

Associação Médica Brasileira critica uso de medicamentos sem comprovação. ONG Médicos Sem Fronteiras volta a três cidades ribeirinhas

Médicos Sem Fronteiras no Amazonas (Foto Divulgação) (2)
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No intervalo de uma semana, a média móvel de casos de Covid-19 aumentou 85,3% em Manaus. Nas últimas 24 horas, houve a confirmação de 3.816 novos casos no Estado. Só na capital amazonense, foram 2.516 novas infecções, números recordes desde o início da pandemia. O sistema local está em colapso e com gravíssimos problemas, como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.

Os dados são da Associação Médica Brasileira que divulgou uma nota de solidariedade com a população, os médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas. “A AMB está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento desta trágica situação dos nossos conterrâneos amazonenses. Entendemos ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora, tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento”, afirmou a entidade.

Médicos sem Fronteiras volta ao Amazonas

organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) também informou que voltou ao estado do Amazonas por conta do agravamento da pandemia. O problema não é apenas na capital. Uma das dificuldades do hospital regional de Tefé diz respeito ao abastecimento de oxigênio. Para mitigar o problema, MSF doou 50 cilindros de oxigênio ao hospital.

Como não há fábrica que possa fazer a recarga nas proximidades, os cilindros vazios precisam ser enviados até a capital do estado, Manaus. Isso faz com que a reposição do estoque de oxigênio do hospital demore até uma semana, entre o envio e a devolução dos cilindros reabastecidos”, explica o coordenador do projeto de MSF em Tefé, Pierre Van Heddegem.

O primeiro período de atuação na região ocorreu de abril a agosto de 2020, quando MSF trabalhou em Manaus, Tefé e São Gabriel da Cachoeira. A organização continuou monitorando a situação da pandemia na região e, com o aumento de casos identificado em outubro, viu a necessidade de voltar às duas cidades do interior para oferecer novamente apoio aos profissionais de saúde locais na resposta à COVID-19.

Em Tefé, os treinamentos feitos anteriormente foram úteis para uma implementação rápida de medidas fundamentais no atendimento de doenças infecciosas. O fluxo dentro do hospital regional da cidade, por exemplo, foi montado rapidamente de acordo com o que já havia sido estipulado meses atrás junto a MSF.

Novos treinamentos estão sendo oferecidos tanto à equipe do hospital quanto aos profissionais das unidades básicas de saúde (UBSs). Por ser uma doença nova, da qual a comunidade médica e científica ainda conhece pouco, os protocolos de tratamento para pacientes com COVID-19 são atualizados com frequência e isso significa uma necessidade de treinamentos constantes.

Já em São Gabriel da Cachoeira, o MSF se comprometeu a melhorar a infraestrutura do laboratório de análises clínicas local e criar as condições necessárias para a utilização de equipamento já existente na cidade (máquina de GenExpert) que pode ser usado para fazer a testagem PCR de pacientes com COVID-19.

O resultado dos exames sairá em cerca de uma hora e poderá ser feito no próprio município, sem precisar enviar as amostras para Manaus, como acontece agora. No momento, as amostras só são coletadas na segunda-feira para depois serem encaminhadas à capital, o que atrapalha a testagem geral, pois esse teste só pode ser feito até o sétimo dia depois do começo dos sintomas”, explica Irene Huertas Martín, coordenadora do projeto de MSF na cidade.

Além disso, a equipe de MSF em São Gabriel da Cachoeira já está oferecendo suporte psicológico para profissionais de saúde e irá prover apoio técnico nas quatro UBSs da cidade.

Ação também em SP – No momento, além do estado do Amazonas, MSF trabalha em São Paulo oferecendo cuidados paliativos para pacientes que não apresentam boa resposta aos tratamento convencionais. O trabalho é realizado no hospital Tide Setúbal, na zona leste da cidade.

MSF encerrou recentemente as atividades que mantinha no estado do Mato Grosso do Sul, nas regiões das cidades de Amambaí, Corumbá e Aquidauana. A resposta de MSF à COVID-19 no Brasil começou em abril e foram também realizadas atividades em Rio de Janeiro, Roraima, Mato Grosso e Goiás.

Veja a nota da Associação Médica Brasileira

A Associação Médica Brasileira torna pública sua solidariedade com a população, os médicos e demais profissionais de saúde de Manaus e de todo o estado do Amazonas. O sistema local está em colapso e com gravíssimos problemas, como falta de leitos, de cilindros de oxigênio e de equipamentos imprescindíveis ao tratamento dos pacientes com Covid-19.

No intervalo de uma semana, a média móvel de casos aumentou 85,3% em Manaus. Aliás, apenas nas últimas 24 horas, houve a confirmação de 3.816 novos casos no Estado. Só em Manaus, foram 2.516 novas infecções. Números recordes desde o início da pandemia.

A AMB está acompanhando com atenção e muita preocupação o andamento desta trágica situação dos nossos conterrâneos amazonenses. Entendemos ser nosso dever orientar os médicos a se pautarem pelas melhores evidências científicas e para que não adotem, mesmo nesta situação desesperadora, tratamentos que não tenham a devida comprovação científica até presente momento.

A Associação Médica Brasileira também conclama os cidadãos amazonenses a se unirem à classe médica, que desde o princípio da pandemia está na linha de frente colocando muitas vezes a própria vida em risco, para garantir assistência à população.

Por outro lado, é imperioso que os governantes legalmente constituídos e as autoridades públicas de saúde assumam sua responsabilidade nesta grave crise sanitária, disponibilizando imediatamente para hospitais os cilindros de oxigênio, conforme solicitam em ação já ajuizada o MPF (Ministério Público Federal), a DPU (Defensoria Pública da União), o Ministério Público do Estado do Amazonas, a Defensoria Pública do Estado do Amazonas e o Ministério Público de Contas do Estado do Amazonas.

Conclamamos por providências urgentes com aumento de leitos, com hospitais de campanha e com a garantia de todos as demais necessidades que se façam obrigatórias para o tratamento da Covid-19.

Por fim, legitimada por representar todo movimento médico associativo e em cumprimento a sua missão, a AMB conclama a população do Amazonas a aderir à programação oficial de vacinação a ser definida pelas autoridades sanitárias nas próximas semanas, bem como manter as conhecidas medidas preventivas que reduzem a transmissão do novo coronavírus.

Com Assessorias

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