‘Minha melhor versão é viver livre dentro do meu próprio corpo’

Após perder 65 dos 125 quilos que tinha, publicitária Gabriella Camello normaliza a relação com o corpo em suas redes sociais

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Mesmo sendo o país da Garota de Ipanema, imortalizada por seu charme e beleza na canção de Tom Jobim, o Brasil é o país que mais se busca a beleza a qualquer custo, mesmo que seja em um centro cirúrgico. De acordo com dados divulgados pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica (ISAPS, na sigla em inglês), o Brasil é líder mundial de procedimentos estéticos tanto em consultórios, quanto em cirurgias plásticas.

Isso se dá pelo padrão que a sociedade ainda impõe sobre o que é belo e o que é aceito esteticamente pela indústria do consumo. Porém, nas redes sociais, existe uma liga de mulheres empoderadas e donas de sua real beleza, como a publicitária Gabi Camello, que ao expor um corpo cheio de marcas e fora do dito padrão, mostra sua trajetória dos 125 aos 65 quilos, sem o menor pudor estético.

“Depois de tanto me questionar e sofrer, percebi que a minha melhor versão é viver livre dentro do meu próprio corpo. E a liberdade é cativante, alegre e divertida! Uma pessoa que vive em busca de um padrão definitivamente não é livre. Eu busquei esse padrão mesmo após emagrecer 60kg. Emagrecimento não é sinônimo de felicidade”, diz Gabi.

Segundo a influenciadora, muitas de suas seguidoras passam a consumir seu conteúdo nas redes sociais por se sentirem acolhidas e ouvidas. “As pessoas precisam se identificar, ver sua falha no outro, para que possam superar seus medos, traumas e se aceitar. Acredito que muitas mulheres buscam na cirurgia plástica um atalho para a sua aceitação corporal, e posso dizer de carteirinha, não é por aí”, atesta Gabi.

Para o brasileiro a beleza põe mesa?

Gabi Camello perdeu 65 quilos e hoje convive bem com o novo corpo (Fotos: Divulgação)

Ainda assim, os dados sobre as cirurgias plásticas no Brasil são impressionantes. No ranking do poder de compra por pessoa, publicado em abril deste ano pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), o Brasil está em oitavo lugar entre as economias mundiais. O Estados Unidos, por sua vez, é considerado o país mais rico do mundo nesse pódio.

Mas em se tratando em cirurgia plástica, que é algo não essencial e substancialmente caro, o Brasil está em primeiríssimo lugar. Se compararmos em uma porcentagem, o brasileiro fez 10,49% a mais de cirurgia plástica que o americano, sendo que a população dos EUA é 55% maior que o Brasil.

Para a influencer Gabi Camello, tal comparação entre os países e seus números sobre os procedimentos de beleza, serve de alerta para que façamos uma ponderação importante: “Para o brasileiro a beleza põe mesa? Como pode estarmos tão atrás em cifras da economia mais rica do mundo, e ainda assim gastar milhões buscando algo tão subjetivo como beleza?”, provoca.

Gabriela é autora do livro ‘Bem me Quero’, um guia prático para a mulher moderna se aceitar e se amar do jeito que é. “Com a pandemia e o isolamento social, a mulher teve mais tempo para se perceber profundamente. O que eu trabalho todos os dias e reforço nas minhas redes, é que essa seja uma percepção mais amorosa e cuidadosa. Afinal, se a gente não se amar primeiro, quem irá?”, pondera.

Tigresa: uma crônica sobre quebra de padrões e autoaceitação

Por Gabriella Camello*

Minhas marcas são as tatuagens que a própria vida fez em mim. Obra da natureza e das minhas escolhas. Erradas ou não, eu me perdoo.

Expor ou não expor. Eu escolho viver. Sentir a liberdade que eu mesma tirei de mim por vergonha de um padrão que disseram que era o bonito.

Uma vez que aprendi a viver, “nunca mais serei aquela que se fez seca vendo a vida passar pela janela”. Me escolho.

Entre olhares – meus e dos outros – eu me curto. Porque bonito mesmo são os caminhos que nossos corpos percorreram e não aquilo que foi editado.

Onde eu puder melhorar, darei meu máximo. Mas tudo em troca de um bem maior: minha mente, meu maior amor.

Intervenções cirúrgicas, privações, ácidos e cremes. O melhor eu fiz por mim. Minhas linhas marcadas são páginas do livro da minha vida.

Não vejo como estrias, prefiro encará-las como as listras de uma tigresa que enfrentou o mundo para cuidar de si própria.

Mulheres. Sejam mães ou não. Somos vida, damos vida. E nada mais certo de que tenhamos raios de sol encrustados em nossa pele contando nossa história.
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