Mitos e verdades da doença que matou Fernanda Young

Asma atinge 20 milhões de brasileiros, sendo 6,4 milhões crianças e adolescentes. Crises podem piorar no inverno e levar à morte

Fernanda Young, de 49 anos, teve uma parada cardíaca durante crise de asma (Foto: Divulgação)
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O domingo frio e cinzento ficou mais triste para fãs da escritora, atriz, apresentadora de TV e roteirista Fernanda Young. Aos 49 anos, asmática desde criancinha, ela morreu num hospital em Minas Gerais após uma parada cardíaca, desencadeada durante uma crise. O episódio acende o alerta para a doença que atinge 20 milhões de brasileiros, sendo 6,4 milhões crianças e adolescentes, e deve ser levada a sério já que, infelizmente, pode levar à morte.

Especialistas explicam que a temperatura mais baixa e o tempo seco, típicos do inverno, podem colaborar para a piora dos sintomas em pacientes que sofrem de asma. De acordo com a pneumologista do Hospital Edmundo Vasconcelos, Marina Dornfeld, a estação conta com diversos gatilhos que estimulam as crises da doença, exigindo assim uma atenção redobrada na prevenção.

O sintoma mais conhecido e comum da asma, definida como uma inflamação crônica da via aérea, é a falta de ar. Porém, quem sofre da doença não fica restrito a essa manifestação, como explica Marina: “Além da falta de ar o paciente pode apresentar sibilância, que é o famoso chiado, aperto no peito e tosse. Todos esses sintomas podem variar de intensidade e ao longo do tempo.”

Para evitar esse transtorno durante a estação mais fria do ano é preciso seguir alguns cuidados e ficar atento a ações diárias. No topo da lista está seguir regularmente o tratamento e vacinar anualmente contra a gripe.

A principal ação para evitar descompensações da asma no inverno é manter o tratamento regular a fim de deixar a via aérea menos suscetível a reagir a estímulos comuns, como baixa temperatura e tempo seco, exposição a ambientes com mofo e infecções respiratórias. Além disso, é imprescindível realizar a vacinação contra a influenza (gripe)”, ressalta a médica.

O tratamento, citado pela pneumologista, deve ser feito com medicações inalatórias incluindo corticosteroide associado ou não a broncodilatadores. Marina explica, no entanto, que o método de controle da asma sofreu recentemente uma mudança feita pela GINA – Global Initiative for Asthma, que guia a estratégia mundial sobre o problema.

“A nova recomendação aconselha que o tratamento não deve ser realizado apenas com medicação broncodilatadora de alívio (inalação ou ‘bombinha’ de crise), e sim incluir corticosteroide inalatório quando houver sintomas na asma leve, ou em baixas doses diariamente. É indicado para controlar os sintomas e prevenir risco futuro de eventos desfavoráveis. Mas é importante enfatizar que o controle deve ser mantido com a menor quantidade possível de medicamento”, recomenda.

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MITOS E VERDADES

Há muitos conceitos envolvendo a asma e nem todos são verdadeiros. Para desmitificar a doença, Pedro Vieira, do Hospital Cema, explica abaixo quais são os mitos e verdades envolvendo a asma.

1 – A asma é mais comum em meninos – VERDADE

Até os 10 anos de idade, crianças do sexo masculino têm mais chances de serem diagnosticadas com asma por terem vias aéreas mais estreitas, embora a doença atinja pessoas de ambos os gêneros. Ressaltando que, apesar de mais comum na infância, a asma também pode aparecer em adultos.

2 – Asma e obesidade podem estar diretamente relacionadas – VERDADE

O excesso de gordura no corpo leva a altos níveis de leptina e citocina inflamatórias, que estão ligadas ao surgimento da asma. Além disso, a obesidade altera propriedades mecânicas do sistema respiratório.

3 – A “bombinha” de asma vicia – MITO

O que acontece, muitas vezes, é que o paciente não trata a asma de maneira contínua – o que não é o correto – e necessita da “bombinha” com maior frequência. Mas isso nada tem a ver com “vício”, é mais uma inadequação na forma de tratamento da doença.

4 – A “bombinha” faz mal para o coração – MITO

Os primeiros remédios broncodilatadores para asma eram substâncias que tinham como efeito colateral a aceleração do coração (taquicardia). Porém, as novas medicações não têm esse efeito colateral.

5 – Asma em adultos pode estar relacionada à insônia – VERDADE

Segundo pesquisa recente da Universidade de Pittsburgh (USA), as crises de asma são mais frequentes em pacientes que têm problemas para dormir. Além disso, pessoas que apresentam as duas doenças costumam ter mais depressão e sintomas de ansiedade.

6 – Vacina é eficaz para asma – PARCIALMENTE VERDADE

A imunoterapia (uso de vacinas) e medicamentos homeopáticos, no geral, podem ser coadjuvantes, mas o tratamento padrão da asma é feito com associação de um medicamentos anti-inflamatório da família dos corticoides e de um broncodilatador (geralmente administrado por via inalatória). “Porém, o tratamento deve ser individualizado, visando atender as necessidades específicas de cada paciente”, diz o médico do Hospital CEMA.

7 – Filhos de pais asmáticos têm mais chances de desenvolver asma – VERDADE

Sim. A probabilidade é três vezes maior nas famílias nas quais um dos pais é asmático e aumenta para seis vezes mais, caso ambos os pais sejam asmáticos. Se a mãe tiver asma, a criança tem 80% de chance de também vir a desenvolver a doença.

8 –Asma é uma doença que pode matar – VERDADE

Na realidade, a mortalidade da asma tem muito mais a ver com a falta de cuidado no tratamento e no controle das crises do que no potencial fatal da doença, que é perfeitamente controlada com medicações adequadas.

9 – Asma não tem cura – VERDADE

Embora o tratamento para a doença tenha evoluído muito nos últimos anos, a asma é uma doença crônica, que não tem cura. Contudo, é possível ter qualidade de vida convivendo com a enfermidade, desde que seja feito um correto controle com medicações e mudanças de hábitos.

10 – A asma pode ser desencadeada por alergias – VERDADE

Existem substâncias potencialmente alergênicas, como mofo, poeira e pelo de animais, que podem desencadear os sintomas da asma, em algumas pessoas. Nesse caso, é essencial tratar a alergia, eliminando ou minimizando a exposição aos agentes alergênicos e administrando as crises.

Da Redação, com Assessorias

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