Não era ‘gripezinha’: Brasil ultrapassa 1 milhão de casos de Covid-19

Doença causada pelo novo coronavírus já matou 48.427 pessoas desde março. Se fosse um país, Estado do Rio estaria em sétimo no ranking mundial de mortalidade

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Em meio à flexibilização do isolamento social em diversas cidades do país, o Brasil atingiu mais de 1 milhão de casos confirmados do novo coronavírus nesta sexta-feira (19). Os dados foram atualizados às 14 horas pelo consórcio de veículos de imprensa, uma iniciativa independente, com base nas informações das secretarias estaduais de Saúde. Os números revelam o quão longe está por terminar a pandemia, que já matou 48.954 pessoas – foram 1.206 novos óbitos registrados em 24 horas em todo território brasileiro.

Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Saúde divulgados no início da noite, o país registra 1.032.913 casos da doença – nas últimas 24 horas, foram 54.771 registros. O Brasil é o segundo com mais casos confirmados e mortes de Covid-19 no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Dados da Universidade John Hopkins apontam um total de 118.991 mortes nos EUA, das 458.676 mortes por Covid-19 em todo o mundo. Depois do Brasil, vêm Reino Unido, com 42.546 mortes, e Itália, com 34.561.

A cidade de São Paulo, a mais afetada desde o registro do primeiro paciente infectado, em março deste ano, mantém a média mais elevada por dia. Foram 2.208 novos casos, seguida por Brasília, com 1.145 confirmações, e Rio de Janeiro, com 891 notificações nas últimas 24 horas. Outros três municípios afetados com elevados números de mortes são Santos (202), Vila Velha (180) e Vitória (171).

Para Ministério, mais importante é o número de recuperados

Apesar da triste posição do país no cenário mundial da pandemia, o Ministério da Saúde segue em seu universo paralelo à realidade, destacando diariamente os números de pacientes recuperados. No último boletim divulgado no início da tarde desta sexta-feira, a pasta informa que “o número de pessoas curadas do coronavírus já é 7,5% maior que os casos ativos no Brasil”.

Na quarta-feira (18), o Ministério da Saúde registrou 482.102 pessoas recuperadas da doença, número que representa praticamente a metade do total de casos acumulados no país (978.142). Outros 448.292 pacientes estão em acompanhamento médico, ou seja, são os casos atualmente ativos”, informou o Ministério, com base nas informações enviadas pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

O Brasil registrava 978.142 casos confirmados da doença até dia 18, sendo 22.765 registrados nas últimas 24 horas e 47.748 mortes por coronavírus. Nas últimas 24h, foram registradas 1.238 mortes nos sistemas oficiais – sendo 503 registradas nos últimos três demais e as demais em outros períodos, mas aguardavam confirmação. Outras 3.982 mortes seguem em investigação.

Se fosse um país, Estado do Rio seria o sétimo em mortes no mundo

Segundo o monitoramento divulgado quinta-feira (18) pelo Observatório Fluminense, outra iniciativa independente na cobertura do coronavírus, o Rio de Janeiro, se fosse um país, estaria em sétimo lugar no ranking mundial de mortalidade pela doença. O estado registra taxa de letalidade de 9,63% e de mortalidade de 48,7 a cada 100 mil habitantes.

A triste posição é puxada pelos números da capital fluminense, onde as mortes passam de 800 por milhão de habitantes e só são inferiores em números às observadas em dois países (San Marino e Bélgica). Nessa métrica, o Brasil está em 12ª posição, com 203,3 óbitos por milhões de habitantes.

A letalidade é calculada pelo número de óbitos entre os portadores de uma doença enquanto a mortalidade é o número de óbitos em uma determinada população. Os dados contemplam os casos levantados na semana epidemiológica até 13 de junho.

Críticas à flexibilização do isolamento social

No relatório dessa semana, os cientistas alertam que a flexibilização das medidas restritivas por parte de governos estaduais e municipais vai na contramão do aumento do número de casos confirmados e de óbitos por semana epidemiológica em várias regiões do país.

Praticamente todos os entes federativos do Brasil ainda apresentam alto contágio (apesar de decrescente), exceções são vistas no AM, CE, em PE, e RR que apresentam sinais de redução. Por outro lado, outros estados como o RS, SC, PR, MG, GO, MS e MT apresentam curvas de progresso do contágio suave em comparação aos outros estados da federação”, afirma o Observatório Fluminense.

Vírus avança pelo interior, alertam infectologistas

Outro alerta dos infectologistas é que o vírus está se disseminando para o interior do país. O cenário é preocupante pois é onde a população é menos assistida na área de saúde. “O vírus entra pelas áreas de classe alta, porque a nossa epidemia foi importada, e enquanto tem o isolamento horizontal você interrompe. Mas a massa que se movimenta para as regiões centrais continua transmitindo”, disse José David Urbaéz, diretor-científico da SBI-DF, para o consórcio de veículos de imprensa.

As regiões do país apresentam evoluções diferentes da doença, segundo estudo apresentado pela mesma iniciativa. O Norte registra tendência decrescente, enquanto o número de casos no Centro-Oeste tem aumentado e, em metrópoles do Sudeste, dá sinais de estabilização. Especialistas avaliam, entretanto, que é cedo para comemorar, já que a abertura da economia deve facilitar novos contágios e o aumento do número de notificações.

De acordo com o Ministério da Saúde, até dia 18, um total de 4.590 municípios brasileiros (82,4%) apresentavam circulação do coronavírus, sendo que 80% deles registram de 1 a  100 casos, e 2.165 municípios (38,9%) registram mortes por Covid-19, sendo que de 1.600 têm de um a 10 confirmações.

Pico de síndrome respiratória divide opiniões

Uma questão que também torna o cenário incerto para os próximos meses é a cobertura da vacinação para os vírus Influenza. “Há duas correntes – uma achando que passou o pico de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e outra que estima que isso ainda possa acontecer. O nosso momento de viroses respiratórias é agora, independente do coronavírus. Já é sazonal”, explica ao consórcio a infectologista Lessandra Michelin, professora da Universidade de Caxias do Sul (RS).

“A efetividade da vacina, que muda todo ano, é igualmente um fator complicador, avalia Paulo Lotufo, epidemiologista da Faculdade de Medicina da USP. Conforme as séries históricas da Fiocruz, a época de maior circulação dos vírus respiratórios deve durar até o início de agosto. Mas esse padrão não necessariamente vai se manter para o Sars-CoV-2, que causa a doença Covid-19.

Estado do Rio abre em São Gonçalo o quarto hospital de campanha

Hospital de campanha de São Gonçalo (Foto: Maurício Bazílio / SES)

Adiada algumas vezes, a abertura do Hospital de Campanha de São Gonçalo, na Região Metropolitana, ocorreu nesta sexta-feira (19). Esta é a quarta unidade entregue para atendimento a pacientes do SUS infectados pela Covid-19 no Estado do Rio de Janeiro. Inicialmente, o hospital conta com 40 leitos – sendo 20 de enfermaria e 20 de UTI – e tem suporte de 40 respiradores. No total, a unidade terá capacidade para 200 leitos, sendo 120 de enfermaria e 80 de UTI.

Vários indicadores nos mostram que o contágio pela doença está em queda, mas é muito importante estarmos preparados para qualquer eventualidade. Este hospital será fundamental para a população de São Gonçalo e municípios vizinhos no suporte à vida. Estamos trabalhando para colocar todas as unidades em funcionamento”, disse o secretário de Estado de Saúde, Fernando Ferry.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde, o Hospital de Campanha de São Gonçalo é uma unidade de alta complexidade, com capacidade para realizar procedimentos de hemodiálise e exames de ultrassom, raio-x e tomografia. A gestão do hospital, que receberá pacientes via sistema de regulação, ficará a cargo da Fundação Saúde.

O próximo hospital a ser inaugurado será o de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, com data ainda a ser definida. Até o momento, o Governo do Estado entregou três hospitais de campanha: o Lagoa-Barra, no Leblon, e o Parque dos Atletas, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, ambos com 200 leitos cada, construídos e geridos pela Rede D´Or; e o Maracanã, na Zona Norte do Rio, com 400 leitos. A Prefeitura do Rio também administra um hospital de campanha no Riocentro.

Sobre o consórcio

O consórcio coletivo de imprensa é uma parceria inédita entre G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL, que passaram a trabalhar de forma colaborativa para reunir as informações necessárias nos 26 estados e no Distrito Federal. O objetivo é divulgar de forma ampla a evolução e o total de óbitos provocados pela Covid-19, além dos números consolidados de casos testados e com resultado positivo para o novo coronavírus.

Com Agências e Assessorias

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