‘O outro lado da bola’: um campo minado de preconceito

Em tempos de Copa do Mundo e tanto machismo, destacamos história em quadrinho que revela história fictícia de um craque de futebol homossexual

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A Copa do Mundo segue a toda na Rússia.  A Seleção Brasileira quase nos fez enfartar na sexta-feira (22). Brasileiros assediaram russas. O goleiro da Argentina fez gol contra (vibramos!)… E nossa paixão pelo futebol vai continuar a rolar. O que não significa dizer que façamos vista grossa para todos os desatinos cometidos em nome do futebol e pelo futebol.

Por isso, neste domingo, escolhi tratar com vocês do livro ‘O outro lado da bola’, ficção em formato de história em quadrinhos, lançada este mês pela Record, que conta a história de um craque do futebol e ídolo da seleção que resolve assumir sua homossexualidade, depois de seu ex-namorado ser assassinado.

O tema é polêmico, contudo, necessário, quando sabemos que jogadores, juízes, árbitros são xingados pelas torcidas adversárias (que também se xingam mutuamente) nos estádios, com ofensas repletas de machismo e, sobretudo,  relacionadas à homossexualidade.

Marmanjos acompanhados dos filhos, da família, não hesitam em abrir o verbo de baixíssimo calão, que humilha e constrange, quem ouve. Imaginem o que não vai sofrer o protagonista Cris, que terá sua vida pessoal e sua carreira viradas de ponta cabeça, com a reação de colegas, patrocinadores e torcida.

O assunto tratado pela ficção é atual, vexaminoso e grave. Segundo o grupo Gay da Bahia (GGB), assassinatos de LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais e trans) cresceram 30% entre 2016 e 2017. Há 37 anos o GGB faz levantamentos estatísticos sobre de assassinatos de homossexuais e transgêneros no Brasil. O número de mortes subiu de 343 para 445. Matam-se mais homossexuais em nosso país do que na África, por exemplo. Só que lá a homossexualidade é crime punido com pena de morte.

A ideia do livro é mostrar um lado do esporte que existe de fato. E que reflete muito uma realidade do país que acreditamos que precisa mudar. Onde a impunidade sempre existiu, e a paixão pelo futebol sempre a mascarou. Obviamente, existem pessoas e organizações sérias no esporte. Mas outras…”, analisam Alê Braga e Alvaro Campos, que dividem a autoria do livro com o ilustrador Jean Diaz.

Infelizmente, diante de tais números e de tanto preconceito, não me surpreende que até hoje nenhum jogador de futebol no Brasil tenha dito abertamente que é homossexual, como observam André Rizek, na orelha, e Arnaldo Branco, na apresentação da obra.

Os xingamentos usados no estádio, contra adversários e árbitros, sempre foram machistas e relacionados à homossexualidade. As crianças aprendem a xingar nos estádios, com palavras sempre ligadas à homossexualidade. Se hoje a sociedade recebe o tema de uma forma muito mais natural em diversas áreas profissionais, no futebol a situação parece estar décadas atrasada”, lamentam os autores.

Sobre os autores

Alvaro Campos escreve para quadrinhos, teatro, TV e cinema
Alvaro Campos escreve para quadrinhos, teatro, TV e cinema e já teve seus filmes premiados no Brasil, França, Bélgica e Espanha (Foto: Facebook)
Alê Braga é diretor cinematográfico, roteirista, publicitário e professor
Alê Braga é diretor cinematográfico, roteirista, publicitário e professor (Foto: Facebook)
 Jean Diaz, ilustrador
Jean Diaz é ilustrador e trabalha para o mercado americano desde 2003 em HQs (Foto: Facebook)

Alê Braga é diretor cinematográfico, roteirista, publicitário e professor. Alvaro Campos escreve para quadrinhos, teatro, TV e cinema e já teve seus filmes premiados no Brasil, França, Bélgica e Espanha. Jean Diaz é ilustrador e trabalha para o mercado americano desde 2003 em HQs como Mulher Maravilha (DC), 24hs(IDW), Fall Out (Dark Horse) e Vampirella (Dynamite). Atualmente desenha a revista francesa Prométhée (Soleil).

SERVIÇO:

Livro: O outro lado da bola

Autores: Alê Braga e Alvaro Campos

Ilustrador: Jean Diaz

Editora: Record

Páginas: 216

Preço: R$ 54,90

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