O sambista e sua luta contra as sequelas do cigarro

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Aos 68 anos de idade, Carlos Roberto Oliveira, mais conhecido pelo nome artístico Carlos Pessoa, convive com o enfisema pulmonar desde 2002, ano em que decidiu abandonar o cigarro, um dos causadores da doença. Integrante da Velha Guarda da Mangueira, ele conta que fumou durante 42 anos, cerca de duas carteiras de cigarro por dia. Trabalhava durante o dia e ainda vivia da boemia, virando noites após noites cantando e consumindo bebidas alcoólicas.

A vida desregrada o levou a adquirir uma tuberculose, em 1967. Carlos Pessoa conta que tratou-se por quase dois anos e confessa que o tratamento foi mal conduzido e seu descuido lhe rendeu sequelas. Em 1969 se curou, mas ficou com uma “sombra no pulmão”. Trinta anos mais tarde (2002), a vivência nas noites carioca e o tabagismo lhe trouxeram a notícia de que estava com  enfisema pulmonar.

“Parei de fumar na hora em que recebi a notícia, mas já era tarde. Hoje, subo três degraus de escada parece que subi 20. Me sinto com 90 anos”, lamenta, listando um coquetel de oito remédios. Entre eles, um é fornecido pelo governo estadual, depois de ter entrada com uma ação judicial. O valor do medicamento é mais de R$300. “Hoje (11/11) me cadastrei para receber outro remédio do governo, que estava sumido há um tempão”, contou.

Em 2005, Carlos Pessoa se aposentou por invalidez, mas continuou mergulhado na boêmia. Afastou-se dos compromissos da Velha Guarda da Mangueira nos últimos dois anos, devido à incapacidade de resistência pulmonar. “Agora, só sinto saudades. Não tenho condições de fazer o que mais gosto na vida. Mas sempre que tenho a oportunidade de falar para alguém sobre os males do cigarro e das conseqüências de não se cuidar, oriento as pessoas a se cuidarem”, encerra Carlos Pessoa.

O tabagismo irrita as vias aéreas e é principal fator que causa diversas doenças, entre elas a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que atinge cerca de 7 milhões de brasileiros e mais de 210 milhões de pessoas no mundo inteiro. Hoje esta é a quinta causa de mortes em todo o mundo e deverá ser a terceira principal causa até 2030, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O que é e como cuidar

Nesta quarta-feira (16/11), celebra-se o Dia Mundial da DPOC. Ainda muito desconhecida pela população e muitas vezes confundida com a asma, a DPOC é causada principalmente pela fumaça do cigarro e tabagismo passivo, atingindo pessoas com pelo menos 40 anos de idade, quando os primeiros sintomas começam a aparecer.

Caracterizada pela bronquite crônica, enfisema pulmonar ou ambas os problemas, a DPOC acarreta a obstrução do fluxo de ar que interfere na respiração do indivíduo, incluindo ainda sintomas como a falta de ar constante, tosse crônica e aumento da produção de catarro. Grave, ao menos 74% dos pacientes com DPOC moderada chegam, inclusive, a ficar impedidos de realizarem tarefas simples e rotineiras, como ir ao trabalho e até mesmo subir escadas.

O diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento adequado da DPOC, doença responsável por 40 mil mortes anuais no Brasil. O desafio é que os sintomas, falta de ar, tosse frequente e aumento na produção de muco, são geralmente negligenciados pois as pessoas tardam em procurar especialistas pois acreditam se tratar de sinais comuns do envelhecimento e do tabagismo.

A projeção é que somente 12% dos pacientes são diagnosticados e, desses, apenas 18% recebem tratamento.  O diagnóstico tardio leva a maiores impactos também na saúde pública. Na última década, a média de gastos com internações por DPOC no país chegou a R$ 100 milhões de reais, o dobro investido nos anos 90 – o que indica a crescente incidência da doença e preocupação com essa questão de saúde pública.

Segundo o médico pneumologista Arnaldo Noronha, professor da Uerj e responsável pela Comissão de DPOC da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio (SOPTERJ), a principal intenção da iniciativa será lembrar que, apesar de a doença ser uma das responsáveis pelo maior número de mortes no mundo, atrás apenas do infarto e do acidente vascular cerebral, há como evitá-la.

“Em primeiro lugar basta as pessoas evitarem o fumo, já que o consumo de tabaco é a maior causa dessa doença. Manterem o “check up” anual em dia e incluírem a avaliação da parte pulmonar – principalmente fumantes e ex-fumante – são mais duas formas eficientes de prevenção e monitoramento. A doença está no mundo todo e ainda parece desconhecida para a grande maioria da população”, acrescenta Arnaldo Noronha.

A DPOC é uma doença altamente prevalente e em 85% dos casos está ligada diretamente ao tabagismo, em suas mais diversas formas (cigarros, cachimbo, charuto, cigarros de Bali, narguilé e até cigarro eletrônico). Segundo os médicos, cinco milhões de pessoas têm a doença no Brasil, mas a maior parte não foi diagnosticada. Apenas cerca de 10 a 15% sabem que têm a doença.

“Geralmente as pessoas que fumam há muito tempo e têm mais de 40 anos de idade são as que contraem a doença e não sabem. O pior é que, quando apresentam os sintomas característicos da doença, como o cansaço e a tosse, acham que é coisa normal, da idade e não procuram um médico. Quanto mais tarde for diagnosticada a doença, maior será o risco”, alerta Arnaldo Noronha.

Segundo o Ministério de Saúde, a cada hora três brasileiros morrem em decorrência da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. No País ocorrem cerca de 40 mil mortes a cada ano. Os principais sintomas são a dificuldade de respirar e ao cansaço progressivo que dificulta a realização de atividades simples do dia a dia como andar, subir escadas, trocar de roupa ou tomar banho, mas como o Dr. Arnaldo Noronha sinalizou, especialmente no início, essas dificuldades não são percebidas pelos pacientes.

O médico pneumologista Gilmar Zonzin, presidente da SOPTERJ, enfatiza que o principal e mais importante exame para se diagnosticar a doença é a espirometria, conhecida também como “teste do sopro”. Consiste num procedimento simples que permite medir a quantidade de ar que entra e sai dos pulmões.

“Esse exame é pouco solicitado e as pessoas leigas não o conhece. Diante dos sintomas, geralmente até alguns médicos pedem uma radiografia do tórax, mas esse exame não identifica a DPOC. Quanto mais precoce for o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento, diminuindo a velocidade de progressão da doença e proporcionando mais qualidade de vida ao paciente por maior tempo”, afirma Zonzin, lembrando que desde 2014, o Sistema Único de Saúde incluiu novos medicamentos para atender a população de baixa renda e por isso a fornecimento é obrigatório. O Ministério da Saúde estima que há cerca de 5 milhões de brasileiros com a doença.

Ações de esclarecimento

Na segunda quinzena de novembro (de 16 a 22) a Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Estado do Rio (SOPTERJ) estará promovendo uma campanha para divulgar os sintomas, os causadores e as formas preventivas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).  Em parceria com uma rede de farmácia (Galanti), médicos pneumologistas associados da SOPTERJ estarão promovendo ventos públicos em oito municípios do estado, esclarecendo à população tudo sobre a doença, como as causas, os sintomas e as formas de prevenção.

No dia 19, a instituição estará promovendo, gratuitamente, um seminário de capacitação no atendimento de pacientes com doenças pulmonares, para médicos recém formados, generalistas e médicos de família. O evento acontecerá no Centro de Estudos da Unimed, em Volta Redonda, de oito às 12 horas. As inscrições são pelo endereço centrodeestudos@unimedvr.com.br.

Locais, datas e horários da campanha

Copacabana/RJ – 17/11 – 8 horas – Av. Nossa Sra de Copacabana nº 656 lj A –  (21) 2256-8454/2255-0529 DR. LUIS PAULO LOIVOS

Campo Grande/RJ – 17/11 – 19 horas – R. Coronel Agostinho nº153 – 23050-360 – DR. WALTER –

Volta Redonda -17/11 – 16 horas – R. Dezesseis, nº 79 – (24) 3342-6284 // 3348-1216 – DRA. RENÁ SIMÕES CLEMENTE GERAIDINE

Petrópolis/Centro16/11 – 19 horas – R. do Imperador 09 – (24) 2243-7252 // 2245-0721 – DR. HÉLIO SANCHEZ –

Niterói/Centro – 18/11 – 15 horas – R. José Clemente nº 42 loja 01 – Piso – (21) 2620-1200 // 2620-1194 – DR. RODOLFO FRED BERSHIN

Nova Iguaçu/Centro – 22/11 – 15 horas – Rua Getúlio Vargas nº 90 – (21) 2768-7599 // 2768-8585 – DRA MARIA DAS GRAÇAS RIOS

Centro /São Gonçalo – Pça Dr. Luiz Palmier nº50 –  (21) 2606-3156 // 2606-3578

Centro /São João de Meriti – R. Gessyr Gonçalves Fontes LT08/09 QD 01 – (21) 2755-7666

Fonte: Sopterj, com a colaboração de André Destefanio Regly

 

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