Osteoporose deve causar 140 mil fraturas de fêmur por ano até 2020

ViDA & Ação reúne especialistas de diferentes áreas para falar de problema que atinge mais de 10 milhões de brasileiros e causa quase 9 milhões de fraturas por ano

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Os ossos começam a ficar fracos, fracos… até que fraturam e podem causar importantes sequelas, principalmente após os 65 anos. Dados da International Osteoporosis Foundation (IOF) apontam que a osteoporose atinge mais de 200 milhões de mulheres. Segundo a OMS, até 2050 o número de pacientes com fratura de quadril devido à osteoporose deverá triplicar.

De acordo com a IOF, a cada três segundos, uma pessoa sofre uma fratura decorrente da osteoporose, responsável por 8,9 milhões de fraturas por ano no mundo. As mulheres são as maiores vítimas da osteoporose e, em algumas faixas etárias, a proporção é de seis mulheres para cada homem.

No Brasil, hoje, já existem dez milhões de pacientes com a doença, de acordo com dados do Ministério da Saúde, o que tem gerado alto impacto financeiro para o SUS. Um terço (33%) das mulheres e um sexto (15%) dos homens com mais de 65 anos terão osteoporose, já sofreram ou ainda vão sofrer alguma lesão osteoporótica. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), as projeções estimadas para os próximos dez anos revelam que se espera que o número de fraturas de quadril osteoporóticas (atualmente, 121.700 fraturas anuais) atinja 140 mil pessoas por ano até 2020.

A osteoporose é uma doença que se agrava com o envelhecimento, portanto, só tende a piorar nas próximas décadas, ocasionando dor e sofrimento do paciente e de seus cuidadores, com impactos elevados nos custos financeiros e sociais”, explica Marise Lazaretti Castro, médica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo (Sbem-SP).

Segundo ela, as fraturas osteoporóticas antecipam a morte, além de causarem dor e levarem à dependência física. “Mas tudo isto pode ser evitado, pois existem tratamentos bastante eficientes”, complementa Dra. Marise.

Redução da estatura e dores ósseos podem ser sinais

A osteoporose se caracteriza pela diminuição de massa óssea, com o desenvolvimento de ossos ocos, finos e de extrema sensibilidade, tornando-os mais sujeitos a fraturas. Doença do metabolismo ósseo, a osteoporose é sistêmica, ou seja, acomete todos os ossos e acarreta enfraquecimento.

Ela é assintomática e, muitas vezes, silenciosa. O primeiro sinal é uma fratura que pode ocorrer nas vértebras, nos quadris e nos punhos. Entre os sintomas estão dores ósseas, deformidades, redução da estatura e até situações mais graves como as fraturas ósseas.

Subespecialista em cirurgia de coluna menos invasiva, da Ortosul, o médico ortopedista Rodrigo Souza Lima explica que esta é uma doença que não apresenta sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce. Segundo ele, a osteoporose só aparece com o agravamento da doença ou quando há fraturas.

Os indícios podem ser: a diminuição da estatura ao decorrer dos anos, fraqueza nos ossos, dor na região lombar e torácica decorrentes de fratura nos ossos da coluna vertebral e encurvamento da postura”, pontua.

A maneira mais comum de se notar a doença são as fraturas sem traumas, que acontecem mais no fêmur, coluna e punho. A diminuição da força do quadríceps também é um risco para ocorrência de fraturas do quadril. Outra dica é estar atento à osteopenia (estágio pré-osteoporose).

Álcool e tabagismo podem acelerar a perda óssea

As causas são variadas e, na maioria das vezes, são hormonais, como alterações na produção de PTH (hormônio da paratireoide), redução dos níveis dos hormônios sexuais (menopausa e andropausa) e disfunções na produção de cortisol.

Outras situações, no entanto, podem se tornar fatores de risco, como sedentarismo, alimentação deficiente em cálcio, baixos níveis de vitamina D, tabagismo, alcoolismo, baixo peso e a ingestão de alguns medicamentos (anticonvulsivante, corticoide, hormônio tireoidiano, heparina).

Doenças endócrinas também podem induzir a perda óssea. Entre elas estão: hipercortisolismo (síndrome de Cushing), tireotoxicose, estados de hipogonadismo (incluindo secundários a tratamento de câncer), hiperparatireoidismo e diabetes mellitus tipo 1 e 2. A osteoporose também pode estar associada a outras doenças, entre elas a artrite reumatoide e algumas neoplasias malignas.

Diagnóstico começa a partir dos 40 anos

O diagnóstico pode ser feito através de exames anuais, recomendados a partir dos 40 anos, que medem a altura. Esse método permite a detecção do início do processo de perda óssea, que deve ser comprovado por um exame específico: a densitometria óssea.

O principal método de diagnóstico é a realização do exame de densitometria óssea, que mede a densidade mineral óssea em pontos estratégicos (coluna lombar e colo do fêmur). Raio X de coluna, exames de sangue e urina também complementam o diagnóstico

A densitometria óssea é o principal exame para detectar precocemente a osteoporose. “Toda mulher com mais de 65 anos e homens acima de 70 anos devem fazer esse exame. Adultos com mais de 50 anos que tenham doenças que possam trazer fatores de risco também devem ser avaliados”, comenta Bruno Ferraz de Souza, endocrinologista da SBEM-SP.

Exercícios, mais cálcio e vitamina D ajudam

No geral, a osteoporose não apresenta sintomas, por isso a necessidade de prevenção. A prática de hábitos saudáveis ao longo da vida é crucial para a prevenção da doença.

Os princípios básicos para prevenção estão no tripé: (1) a prática constante de atividades físicas, (2) o consumo adequado de nutrientes como cálcio e proteínas ao longo da vida e (3) a manutenção de níveis adequados de vitamina D, obtida pela exposição solar, mas, também através de suplementos, já que com a idade a síntese da pele diminui bastante.

Alimentação rica em cálcio, controle do peso e atividade física regular (aeróbica e com carga) previnem não somente a osteoporose, mas diversas outras complicações de saúde. “Vale ressaltar que a exposição ao sol apropriada – ou seja, suficiente para aporte adequado de vitamina D – também é fator de prevenção adicional”, afirma a endocrinologista e metabologista do Hapvida Saúde Aline Garcia.

Alimentação pode ajudar a evitar

Quando se fala em prevenção logo se pensa em suplementos de cálcio ou alimentos fontes desse mineral. “Mas, a saúde óssea não se resume a isso”, aponta Renato França, nutricionista esportivo e funcional.

Especialistas recomendam uma dieta alimentar balanceada, rica em cálcio. É de extrema importância consumir laticínios, principalmente queijos e iogurtes; vegetais de cor verde escura, como o brócolis e a couve; grão de bico; sardinha e sementes oleaginosas, como castanhas e gergelim.

“Se necessário ainda, é possível suplementar vitamina D, cálcio e magnésio. Tudo sob supervisão e prescrição de nutricionista ou médico”, ressalta.

Atividade física previne osteoporose

Para Luiz Henrique Quadros, instrutor de musculação da Bodytech Lago Sul, de uma forma geral todos os exercícios auxiliam no tratamento e até mesmo previnem o aparecimento da osteoporose. Mas é de extrema importância procurar um profissional habilitado para planejar e orientar sobre os exercícios corretos.

“Antigamente os exercícios de impacto como corrida e saltos eram contra indicados por expor as articulações e ossos, mas hoje é sabido que até mesmo a contração muscular (atrito de músculos e ossos) pode causar um dano de pequena magnitude que proporciona melhoras ao quadro”, finaliza.

Tratamento varia de acordo a causa original

Aline Garcia explica o tratamento varia de caso a caso. “Como a osteoporose pode ter diferentes causas, é indispensável determinar a condição primária que levou à doença para propor o tratamento mais adequado. Tratada a causa inicial, o objetivo final é impedir a progressão da desmineralização óssea e/ou recalcificar o que foi perdido”, afirma.

Durante a recuperação, diversos medicamentos podem ser recomendados. “A reposição de cálcio e vitamina D são opções muito utilizadas. A reposição dos hormônios sexuais, quando indicada, também é uma ferramenta de auxílio no tratamento da osteoporose“, completa a médica.

Segundo o ortopedista Marcello Serrão, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, existem algumas opções de tratamento, como a reposição hormonal, a suplementação do cálcio e os medicamentos que diminuem a absorção do cálcio, como os bifosfonatos.

Atividade física é fundamental no tratamento

A atividade física aumenta a força muscular sobre os ossos, sendo um estímulo fundamental para a manutenção e o aumento da massa óssea. Os exercícios físicos devem ser realizados de forma regular três vezes por semana, com intervalo entre as sessões de 24 a 48 horas.

É muito importante que esses exercícios sejam realizados com o paciente suportando o seu próprio peso, em função da força que os músculos exercem sobre os ossos da coluna e dos membros inferiores”, destaca Marcello Serrão.

A massa óssea é relacionada à ação da musculatura sobre o osso e, deste modo, exercícios gravitacionais são mais efetivos. Um programa ideal de atividade física deve ter exercícios aeróbios de baixo impacto, exercícios de fortalecimento muscular, a fim de diminuir a incidência de quedas. Os exercícios com pesos leves aumentam a massa muscular e a força dos músculos esqueléticos.

“O benefício primário da atividade física é evitar a perda óssea que ocorre com a inatividade, o que de certa maneira pode reduzir o risco de fraturas. Entretanto, não pode ser recomendada como substituta do tratamento medicamentoso apropriado”, recomenda o médico.

Porém, o consenso hoje é de que o melhor é realmente prevenir. Segundo a OMS, essa prevenção deve começar desde cedo com dieta rica em cálcio, atividade física regular e evitar hábitos como tabagismo, consumo de café e álcool em excesso”, indica.

Campanha de prevenção à osteoporose no Rio e São Paulo

No dia 20 de outubro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção e Combate à Osteoporose, data criada pela IOF em 1997 para conscientizar as pessoas, disseminar conhecimento sobre a doença e promover ações preventivas.

Com o slogan “Firme e Forte Contra a Osteoporose”, os especialistas da Abrasso – Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo promovem, nos dias 19, 20 e 21 de outubro, uma série de atividades para celebrar a data.

Em São Paulo, será montado o osso gigante com atividades lúdicas e interativas, instalado no Parque do Ibirapuera e exposto para visitação ao público, nos dias 19, 20 e 21 de outubro, das 9h às 17h.

No Rio de Janeiro, será montada a tenda de atendimento com especialistas que ficarão nos dias 19 e 20 de outubro, das 9h às 17h no plantão tira-dúvidas, na Praça Serzedelo Correa, em Copacabana.

Testes identificam a doença e estimam probabilidade de fraturas

Nas tendas de atendimento da Abrasso, tanto em São Paulo, como no Rio de Janeiro, o público terá acesso ao Teste do Calcâneo (exame que avalia a massa óssea do indivíduo por meio de uma ultrassonometria do calcanhar para identificar a osteoporose).

Também poderão fazer o teste de “Frax”, desenvolvido através de questionário para estimar a probabilidade de fraturas de acordo com os fatores de risco relatados na pesquisa.

“O teste do calcâneo é simples e não invasivo, com duração de apenas 60 segundos, com resultado imediato”, informa Marise Lazaretti Castro, presidente da Abrasso.

Com os resultados do Frax em mãos, se necessário, a pessoa é orientada a buscar atendimento médico especializado. (O teste está disponível no site da Abrasso: http://abrasso.org.br/calculadora/calculadora/).

Organizada anualmente pela Abrasso, a campanha conta com o apoio do movimento Osteoporose Brasil, uma aliança firmada também pelo Colabore com o Futuro (que orienta entidades do terceiro setor de saúde) e o Grupo de Pacientes Artríticos de Petrópolis (Gruparj).

O objetivo é conscientizar os brasileiros sobre a osteoporose e trabalhar as políticas públicas para melhorar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento dos pacientes com osteoporose.

Principais atrações do osso gigante inflável

– Painel Curiosidades – Informações e imagens sobre a estrutura óssea.

– Casa Segura – Expositores com dicas para melhorar a segurança dentro de casa para o idoso.

– Jogos interativos – Dois displays com o objetivo de conscientizar sobre a importância dos exercícios físicos.

– Quebra-cabeça-esqueleto – Visitantes poderão montar um esqueleto com peças 3D.

Da Redação, com Assessorias

 

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