Pés e mãos tendem a inchar no verão: saiba por que

pernas para cima Colocar as pernas para cima por 20 a 30 minutos duas vezes ao dia é uma saída para evitar o inchaço das pernas em dias de forte calor (Reprodução de internet)
Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!
Os dias mais quentes são praticamente sinônimo de felicidade. No verão, as pessoas vestem roupas mais leves e o bom humor costuma a reinar. Mas, em relação à saúde, devemos tomar alguns cuidados. Se durante o calor você está sentindo suas pernas mais pesadas, inchadas ou doloridas, atente-se. Esse quadro pode ser indícios de varizes. E o que é isso? A dilatação das veias, que prejudica a circulação do sangue e afeta a parte mais superficial da pele, principalmente nas pernas e pés.

O calor típico do verão brasileiro é sinônimo de pés e mãos inchados para algumas pessoas. O incômodo é resultado de um processo natural do organismo no intuito de controlar a temperatura corporal entre 36ºC e 36,5ºC, a fim de manter o funcionamento padrão dos órgãos.

Segundo o cirurgião vascular do Hospital Edmundo Vasconcelos, Walter Campos, esse controle de temperatura ocorre por meio da vasodilatação das artérias, que tendem a concentrar o calor nas extremidades e por isso, os pés e mãos são os mais afetados com o inchaço.

“O fluxo sanguíneo dos membros aumenta, dilatando as veias e causando uma maior pressão capilar- sistema responsável pela troca de nutrientes do sangue. Essa pressão tende a liberar líquidos no tecido, ocasionando o inchaço”, acrescenta.

Apesar de não ser uma sensação agradável, o médico esclarece que não há nada com que se preocupar e todos estão sujeitos a esse tipo de edema periférico em dias quentes. A atenção deve ser focada somente quando o inchaço apresentar características atípicas, como uma diferença de retenção de líquido entre os membros associada a vermelhidão.

“É importante que, quando surgir alguma característica diferente da habitual em dias de temperaturas altas, a pessoa procure um médico para investigar a causa e iniciar o tratamento adequado”, explica.

Infelizmente não há maneiras de evitar esse inchaço natural. Segundo Campos, pode ser controlado com tratamento e uso de meias elásticas. E, diferentemente, do que muitos acreditam, a hidratação não ameniza o incômodo, é apenas essencial na reposição de líquidos perdidos pelo suor.

Robert Guimarães, médico especialista em cirurgia vascular, endovascular e angiorradiologia explica mais sobre este fenômeno, seus sintomas, prevenções e tratamentos.

“As varizes se acentuam nas épocas mais quentes do ano, pois as altas temperaturas provocam uma grande expansão nos vasos sanguíneos, dificultando a passagem de sangue entre nossas veias, causando problemas circulatórios, formigamento, desconforto, ardência, câimbras, coceiras e descoloração no lugar afetado”, explica o especialista.

O tratamento pode ser feito por cirurgia ou pelo método da escleroterapia (queima dos vasinhos das varizes), já que a doença não tem cura. A drenagem e massagem, também são recomendadas, pois aumentam a circulação sanguínea.

Gestantes são as que mais sofrem

Apesar da genética ser preponderante, as varizes costumam surgir em gestantes por dois motivos: “Um dos fatores que fazem com que as futuras mamães apresentem o problema nas pernas é hormonal: a progesterona aumenta a dilatação de todas as veias do organismo”, explica a cirurgiã vascular e angiologista Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Além disso, o crescimento do feto eleva a pressão nas veias das pernas. E para completar, as estações mais quentes do ano provocam alteração na circulação, já que os vasos sanguíneos passam por uma vasodilatação para favorecer a transpiração e equilibrar a temperatura do organismo estável”, acrescenta a médica. De acordo com a médica, durante os nove meses de gestação, mudanças radicais acontecem com o corpo das grávidas. Ela explica:

Primeiro trimestre — “Nesse período, a barriga ainda não apareceu — mas os hormônios já estão à flor da pele e existe um aumento importante da volemia (quantidade de sangue circulante no corpo), afinal temos que formar uma placenta. O aumento da progesterona pode causar uma flacidez das veias o que pode levar a inchaço, dor nas pernas, tonturas e sensação de queimação”, comenta a médica.

Segundo trimestre — “Costumo dizer que é a melhor fase da gestação: a barriga ainda não está muito grande, o corpo já se adaptou ao aumento da volemia e variação hormonal, enfim, três meses de relativo sossego. Nessa fase, só é comum a queixa de câimbras à noite”, explica.

Terceiro trimestre — A angiologista explica que, nesse período, a barriga atinge seu apogeu e junto com ela existe uma compressão importante da Veia Cava (dentro da barriga). “Isso prejudica terrivelmente o retorno do sangue das pernas e vai ser responsável por aquele pé pãozinho no final da gestação. Claro que quanto maior for o ganho de peso durante a gestação, mais sofrido será esse período. Apesar de termos essas diferenças entre as fases da gestação, tenho pacientes que terão manifestações gravíssimas, com piora das varizes, tromboflebites, trombose, e por outro lado, existem mulheres que vão passar uma gestação supertranquila, sem lembrar que o vascular existe”, diz.

Hábitos saudáveis ajudam a prevenir

Guimarães também diz que manter hábitos saudáveis nos ajuda a prevenir e cuidar deste mal. “O jeito como levamos nosso estilo de vida influencia muito em nossa saúde. Se hidratar, praticar exercícios e alongamentos diariamente, evitar saltos e sapatos apertados, não fumar, manter uma alimentação balanceada e sustentar seu peso são dicas fundamentais para precaver essa e outras doenças”

Além de ser uma preocupação estética, as varizes podem causar graves problemas de saúde, como a flebite, uma inflamação que se não for tratada, leva à trombose, que é a formação de um trombo ou coágulo no interior de um vaso sanguíneo em partes inferiores do corpo e que mais tarde pode afetar o sistema cardiovascular, ocasionado um AVC.

“Sabemos que a maior parte da população deixa de fazer exames gerais por acharem que a saúde está perfeita ou por colocarem a culpa na falta de tempo”, ressalta o médico. Segundo pesquisa Philips Index realizada pelo Instituto Ipsos, no Brasil, 45% das pessoas nunca fizeram um check-up por conta da questão cultural e pelas dificuldades em fazer exames preventivos no SUS (Sistema Único de Saúde) e pelo plano de saúde.

O levantamento mostrou ainda que o número de homens que não cuidam da saúde é maior do que o de mulheres. Quarenta e cinco por cento da população masculina nunca fez check-up contra 25% das mulheres. Porém, ter este cuidado é primordial, uma vez que doenças como essas podem ser curadas se forem tratadas previamente. Por conta disso, não deixe de procurar um médico vascular”, alerta o doutor.

Dicas especiais para as gestantes

Dra. Aline também explica que não necessariamente problemas prévios de circulação pioram as varizes, mas que o acompanhamento durante a gestação é essencial. “Para minimizar o problema, muitas vezes a recomendação é o uso de meias de compressão a partir do segundo mês de gravidez. O ideal é colocar pela manhã e tirar apenas na hora de dormir”, explica. E dá outras dicas para minimizar o Stress Circulatório durante a gestação:

– Cuidado com o excesso de ganho de peso;

– Faça alongamentos para melhorar as câimbras à noite;

– Beba bastante líquido, mantenha-se hidratada;

– Use meias elásticas (seu vascular pode indicar um modelo adequado);

– Após 14 semanas existem medicações que podem melhorar os sintomas de dor, cansaço e edema;

– Tente dormir de lado, de preferência o esquerdo (isso tira o peso do útero de cima da Veia Cava, liberando a circulação das pernas e melhorando o fluxo de sangue para a placenta);

– Pratique atividade física regular, se não houver contraindicação pelo seu médico obstetra;

– Drenagem linfática manual ajuda na retenção de líquido, melhorando o inchaço além de relaxar a futura mamãe.

A médica comenta que, mesmo se todas as orientações forem seguidas, não é incomum que pacientes observem uma piora no aspecto de suas pernas, com vasinhos e veias dilatadas. “Mas para esse caso, não precisa se desesperar, já que grande parte disso involui depois do parto, por isso a necessidade de esperar pelo menos três meses após o parto, retorno do útero ao seu tamanho original para cogitar qualquer tratamento para varizes ou vasinhos”, pontua a médica.

Passado esse período, uma avaliação completa da circulação pode ser feita e o melhor tratamento será escolhido. “E essa é a parte fácil: fazer aplicação, cirurgia de varizes, enfim, o melhor tratamento para cada caso, porque as mulheres precisam de pernas em ordem para enfrentar a parte mais difícil e com certeza a mais gostosa de ser mãe”, finaliza.

Com Assessorias

 

Gostou desse conteúdo? Compartilhe em suas redes!

You may like

In the news
Leia Mais
× Fale com o ViDA!