Pazuello admite uso de canabidiol para tratar ‘4ª onda’ de doenças mentais

Ministro interino da Saúde diz que não há restrição ao uso de maconha medicinal e que a pasta trabalha para oferecer medicamentos pelo SUS

O ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, concedeu entrevista coletiva no Palácio do Planalto para falar sobre a medida provisória editada pelo presidente Jair Bolsonaro (Imagem: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados)
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Após destacar a preocupação com a chamada quarta onda da pandemia da Covid-19, relacionada ao aumento de casos de doenças mentais, o ministro interino da Saúde, general do Exército Eduardo Pazuello, demonstrou-se favorável ao uso de medicamentos à base de maconha. Ele não avaliou o projeto de lei sobre o plantio, mas disse que o Sistema Único de Saúde (SUS) trabalha para garantir o acesso aos fármacos produzidos com canabidiol.

O Ministério da Saúde vem trabalhando na implementação dos princípios ativos que permitem ter o uso, para o combate de doenças mentais, de componentes da maconha, que formam medicamentos ou vão formar algum tipo de terapia que melhorem as pessoas. O Ministério está trabalhando nisso e teremos essa disponibilização no SUS. Não há nenhuma restrição ao medicamento. Se é necessário, tem a certificação, que seja fornecido naturalmente pelo SUS”, disse ele.

Pazuello disse ainda que o Brasil enfrentará “ondas” após a pandemia, causadas pelo “desastre econômico e social”. “A segunda onda são mortes causadas por doenças não tratadas”, disse Pazuello, que também citou violência doméstica e depressão, automutilação e suicídio como grandes desafios.

Nós estamos tentando mostrar a naturalidade que deve ser tratado o assunto, como qualquer outra doença. É uma construção. Observo as discussões sobre todos os tipos de remédio, medicamentos e outros tipos de compostos que estão sendo tratados. É uma construção também”, disse Pazuello.

Psiquiatra alerta para a ‘quarta onda’: a epidemia de doenças mentais

O suicídio é um problema de saúde pública que tem aumentado o número de vítimas e ainda vive como uma espécie de tabu na sociedade. Apenas no Brasil, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 45 minutos, há uma tentativa de tirar a própria vida. A falta de auxílio pode resultar em morte.

Por essa razão, surgiu o “Setembro Amarelo”, campanha que tem como propósito a iniciativa de se abrir aos outros e pedir ou oferecer ajuda. Levantamento da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) alerta para o risco de uma epidemia de doenças mentais – a procura por consultas com psiquiatras aumentou em quase 50% na pandemia.

Yara Azevedo Prandi, psiquiatra credenciada Omint, afirma que uma possível nova onda está se formando dentro da pandemia do novo coronavírus: a emergência de saúde mental é mais uma das consequências da atual crise.

A primeira onda foi a pandemia em si e suas mortes imediatas. A segunda, a superlotação e o colapso dos serviços de saúde. Já a terceira etapa diz respeito ao agravamento de quadros de pacientes com doenças crônicas e a superlotação dos hospitais. Agora, a quarta onda é uma epidemia de doença mental. Pessoas que nunca tinham adoecido começam a ter sintomas, principalmente de ansiedade e depressão, muitas vezes, motivadas pelo cenário atual”, explica Dra. Yara. 

De acordo com a especialista, é importante observar cada mudança no corpo ou sintoma como tristeza profunda, distúrbios do sono, pensamentos negativos, desinteresse e apatia, baixa autoestima, desleixo com a aparência, dores físicas, irritabilidade, choro frequente, falta de vontade de fazer atividades simples, mudanças comportamentais bruscas e rejeição a determinados assuntos.

Tudo isso leva a estados de depressão, ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático e abuso de álcool ou outras substâncias. Nessas situações, é indicado o encaminhamento a um psiquiatra que, por ser um médico, pode traçar um diagnóstico e protocolo de tratamento para as questões detectadas”, afirma. 

Por fim, a psiquiatra orienta que a educação e o acolhimento sejam parte do primeiro passo preventivo. “Ao receber ajuda ou oferta de socorro diante de uma crise, podemos reverter a situação.

Ações de prevenção ao suicídio

O Ministério da Saúde lançou na sexta-feira, em Fortaleza (CE), a primeira etapa das “Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida”, voltadas à prevenção ao suicídio e à automutilação a partir do Setembro Amarelo. A iniciativa foi apresentada em Brasília na quinta-feira (10/9) e agora começa a ser divulgada em capitais brasileiras. 

O objetivo é disponibilizar ações educativas e itinerantes de forma online para qualificar o conhecimento de profissionais da saúde, conselheiros tutelares, professores, líderes sociais, religiosos e de entidades beneficentes, tornando-os multiplicadores da prevenção. 

Para Pazuello, o Brasil sai na frente de outros países no combate a futuros casos de depressão e ansiedade ao construir novas políticas de prevenção, como é o caso das “Ações em Defesa da Vida”, e da disponibilização de novos tratamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

EDUCAÇÃO QUE SALVA VIDAS

A iniciativa “Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida” promove cursos a distância, encontros, palestras e elaboração de materiais para ampliar o atendimento em saúde, a formação nas escolas e nas comunidades. 

O site prevencaoevida.com.br abriga os conteúdos educativos e recebe inscrições para as atividades de forma gratuita. O portal também abriga cartilhas e videoaulas. O público-alvo são adolescentes entre 11 e 18 anos e multiplicadores.

O presidente da ABP, Antônio Geraldo, reforçou a importância da educação e da informação no combate ao suicídio e à automutilação. E destacou benefícios para 12 mil psiquiatras do Brasil e 50 milhões de brasileiros que têm doença mental com a inauguração de ambulatórios de psiquiatria, ambulatórios de saúde mental.

Isso é o que nós queremos. Nós queremos um sistema público que funcione, um sistema ambulatorial para você chegar, se tratar e ir para casa, para a gente salvar as vidas daqueles que tentam suicídio”, disse Geraldo. 

As próximas cidades a receber o lançamento das ações serão Belo Horizonte (18 de setembro) e Curitiba (24 de setembro). A iniciativa é realizada em parceria com o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), o Ministério da Educação (MEC) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).

Nos próximos meses, as “Ações de Educação em Saúde em Defesa da Vida” também irão abordar mais três assuntos de forma inédita: gravidez na adolescência, uso de drogas lícitas e ilícitas e ética da vida (relacionada à prevenção da violência contra crianças, mulheres e idosos). Assim como na prevenção ao suicídio e da automutilação, as outras temáticas também vão promover atividades educativas e itinerantes.

Fonte: Ministério da Saúde e Agências, com Redação

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