‘Quem suicida não quer morrer e sim acabar com a dor’, afirma especialista

Psiquiatra e psicoterapeuta junguiana ressalta a importância de saber olhar para o outro e saber ouvir, além da importância do Setembro Amarelo

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Este é o mês da campanha Setembro Amarelo, ou Yellow Ribbon, um movimento mundial contra o suicídio. Mas, o que sabemos sobre o suicídio? É preciso conscientização e prevenção, alerta Aline Machado Oliveira, psiquiatra e psicoterapeuta junguiana. Neste artigo, ela ressalta a importância de saber olhar para o outro e saber ouvir.

Mesmo consciente da importância da campanha Setembro Amarelo, a especialista faz um alerta: “Precisamos falar sobre o suicídio sempre. O ano inteiro muitos de nós pensarão em suicídio, outros tantos o tentarão. E é preciso que todos nós, enquanto sociedade, estejamos preparados para acolher e amparar aqueles que sofrem”. E revela o que é mito ou verdade quando o assunto é suicídio.

Confira o artigo na íntegra:

Por Aline Machado Oliveira*

Apesar de ser um tabu para muitas pessoas e do preconceito que envolve o assunto, cada vez mais se faz necessário debatermos sobre esse mal. Buscar uma compreensão mais profunda sobre a morte e sobre nós mesmos, nossos conflitos, pode nos ajudar a ampliar nossa visão de quem somos e do mundo que nos cerca.

O suicídio é a manifestação suprema das dores da alma. Quem se suicida não quer morrer, e sim acabar com a dor. Os motivos para o suicídio são tão variados quanto são as causas para o sofrimento humano, e o que não é motivo para o sofrimento de um, pode ser motivo suficiente para outro.

Como psicoterapeuta junguiana, penso que o desejo pela morte deve ser visto de maneira simbólica, e é preciso que o psicoterapeuta ajude o paciente a transformar o desejo pela morte do corpo, em uma morte de aspectos da sua psique, que precisam partir, para que novos aspectos nasçam, possibilitando seu próprio renascimento. Desta maneira ocorrerá uma morte, mas será uma morte simbólica

Quando o paciente passa a entender o que esta morte simbólica significa, ele amplia a consciência dos seus conflitos, desejos e reais sentimentos, e o self – seu próprio eu- consegue atuar, havendo um incremento na relação ego-self. O fluir do processo de individuação possibilita o encontro e a realização do sentido de uma vida”.

O QUE É FALSO E VERDADEIRO

Há algumas inverdades sobre a questão do suicídio e existe até um certo preconceito, principalmente quando começa-se a falar que tal pessoa “se suicidou porque era covarde” ou “se matou porque não tinha nada na cabeça”, ou coisas do tipo. Pessoas que ameaçam se matar, não querem apenas “chamar atenção”. Na realidade toda ameaça de suicídio deve ser levada a sério. Deve ser vista com carinho e atenção.

Outra inverdade é achar que o suicídio só acontece com os outros, mas na verdade ele pode acontecer com qualquer pessoa que acaba vivenciando um sofrimento extremo, independente de raça, classe social, crença ou gênero.

Aquela afirmação de que a pessoa só tenta suicídio uma vez na vida também é falsa, pois, no geral, pessoas que tentaram suicídio mais de uma vez, acabaram se matando de fato depois de mais de uma tentativa. Só o fato de haver uma tentativa de suicídio significa que o suicídio pode ocorrer no futuro.

‘A pessoa quer matar a dor dentro dela e não a vida’

“É muito comum em nossas relações de amizade, de trabalho ou mesmo no meio da família, nos depararmos com uma vítima de suicídio; quando alguém pensa em suicídio, na verdade, a pessoa quer matar a dor que está dentro dela, e não necessariamente a vida.”

É preciso que nos sensibilizemos com a dor emocional e levemos a sério quando alguém diz que está triste, deprimido e com pensamentos suicidas. Precisamos acolher a dor humana e nos colocarmos a disposição para ouvir e nos oferecermos para acompanhar a pessoa que está sofrendo na busca de ajuda profissional”.

Que sejamos mais solidários com relação a isso e busquemos ter mais atenção e mais respeito com pessoas que em algum momento já tentaram suicídio, ou que pensam nisso.

Precisamos ter cuidado, prestar atenção e procurar da melhor maneira possível orientar ou tentar buscar uma orientação para essas pessoas que estão sofrendo com as dores extremas da alma.

Se você conhece alguém que pode estar pensando em suicídio ,ou se você mesmo tem pensado nisto ,procure ajuda profissional ,não desista de você!

  • Psiquiatra e psicoterapeuta junguiana

ONDE PROCURAR AJUDA:

#Pelo SUS: nos CAPS (Centro de Atenção psicossocial) e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

#Por convênios ou particular: nos consultórios ou clínicas de médicos psiquiatras e psicólogos.

#Se for urgente: nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento ) ou nas Emergências Hospitalares.

#Fale com alguém agora mesmo: CVV (Centro de Valorização da Vida): 188.

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