Ruptura do “ir e vir” como principal desafio dos jovens durante a quarentena

Pesquisa aponta principais desafios da Covid-19 para jovens. Momento cheio de “nãos” também gera intranquilidade

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O mundo está passando por um momento nunca visto em nossa história recente. A pandemia do novo coronavírus provocou quarentena mundial, com pessoas confinadas em suas casas, sem a liberdade que sempre tiveram. Todos estão sendo afetados com isso. Mas como os jovens entre 20 e 24 anos estão convivendo com os “nãos” que impõem diversas privações? Para entender como essa parcela da população está lidando com este momento, a HSR Specialist Researchers realizou a pesquisa Os Jovens e a Covid.

Mesmo entendendo o que está passando no mundo, os jovens enfrentam um grande desafio. Para eles, não é só uma ruptura no direito de ir e vir ou a perda de opções, mas simplesmente não ter escolha, pois têm de ficar em casa, isolados, sem alternativa e de forma imposta. Para uma geração que está acostumada a só ouvir ‘sins’, essa falta de liberdade, com obrigação de obedecer aos muitos ‘nãos’, é bastante complicado.

O estudo qualitativo, por focus online, realizado em 23 de março, jovens de 20 a 24 anos, das classes ABC nas cidades de São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro, mostrou que as sensações e os sentimentos mais presentes nas mentes e corações dos jovens são medo, incerteza, preocupação, isolamento, angústia, ansiedade e impotência. Ainda assim, eles se sentem quase “obrigados” a ficarem otimistas, pois acreditam que, fazendo assim, fica “mais fácil” lidar com a situação. Outra alavanca para o otimismo é a crença de que o Brasil pode achar caminhos próprios para resolver os problemas e encurtar a solução natural para a pandemia.

Os entrevistados, de forma geral, têm consciência do seu papel como agentes potenciais disseminadores do vírus e estão preocupados com seus familiares, sejam de grupos de risco ou não, mas é um momento desafiador frente a sua demanda por liberdade.

Entendem que o momento é de colaboração total. De imediato, pensam que o principal impacto será econômico, com redução da capacidade financeira do mundo e das pessoas, além da reestruturação de modelos de trabalho e negócios.

Também estão cientes dos impactos de longo prazo, como perda de renda e fim dos gastos com supérfluos. Alguns questionam a perda de um período da vida, com trancamento de matrícula nas faculdades. Tendem a acreditar que este momento trará grande impacto à humanidade, sendo um evento marcante para todos globalmente, sem cair facilmente no esquecimento (a exemplo da relevância do que ocorreu com os atentados às Torres Gêmeas, no 11 de Setembro).

Esse jovem entende seu papel e a necessidade de contribuir, de alguma maneira, para a transformação da atitude e da mentalidade das pessoas. Acreditam que o saldo deste período de transição será a vinda de um maior senso de colaboração, solidariedade, mais valor em estar com as pessoas, maior consciência ambiental, além do aumento dos hábitos de higiene e novas formas de trabalhar e produzir. Entretanto, existe um segmento que acredita que corremos o risco de as pessoas esquecerem e, no ano que vem, lembrarmos da pandemia como apenas mais um problema enfrentado.

Impacto na rotina e desafios – Os jovens, como têm mais familiaridade, não veem problema na maior socialização digital provocada por este momento. O distanciamento é mais físico que social. Eles estão conversando com amigos pelas redes sociais e conectados por tempo mais longo do que antes, e seguem descobrindo ou utilizando plataformas para comunicação, por exemplo, o Zoom. E a tendência é aumentar esse contato virtual em grupo para fazer tudo: conversar, ver filmes, namorar, fazer happy hour e até festas virtuais.

No tocante às atividades e novas experiências indoor, eles estão buscando ficar ocupados o tempo todo, com alternativas de aulas online e exercícios físicos em casa, entre outras opções. Também procuram terapias online, práticas “pacificadoras” da mente e, se já faziam, estão aumentando sessões nesses tempos de angústia e ansiedade. Têm ajudado na arrumação e limpeza da casa, bem como experimentando e aprendendo novidades na cozinha. Preparar uma bebida igual à que consumiam no Starbucks, por exemplo, se torna um caminho para suprir algo que não está acessível. Também perceberam que estão comendo mais.

O estudo Os Jovens e a Covid constatou que o público entre 20 e 24 anos também está vivenciando desafios do home office e do ensino a distância. Para eles, algumas normas colocadas pelas empresas para trabalhar em casa não são alinhadas com suas realidades, incluindo o fato de precisarem estar conectados sem ter trabalho para fazer. Embora o EAD seja valorizado, criticam o despreparo das escolas para operarem a distância, pois entendem que esse formato apresenta menos conteúdo em relação ao modelo presencial. Alguns dos entrevistados consideram trancar a matrícula e retomar após essa fase.

Com relação ao consumo mais consciente, os jovens reduziram compras online por impulso e pensam mais antes de consumir devido à preocupação com a situação econômica. Já no tocante às marcas e à comunicação sobre a Covid-19, admiram empresas que estão colaborando com a sociedade e acreditam que elas têm postura corajosa diante da crise. Valorizam as que incentivam o trabalho de pequenos empresários, comerciantes, produtores, as que se preocupam com a segurança de seus colaboradores e dos consumidores além das ações que beneficiam toda a cadeia produtiva. Por fim, defendem a doação em espécie de milionários e empresas para o combate ao conoravírus.
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