SOS solidariedade: ONGs pedem socorro

25% podem fechar as portas e 58% encerrar projetos e atendimentos no curto prazo

Os pequenos hóspedes da Casa Hope pedem apoio para continuarem seus tratamentos contra o câncer (Foto: Divulgação)
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Por conta da pandemia do novo coronavírus e das medidas de isolamento impostas pela quarentena a queda da atividade econômica impõe riscos concretos à capacidade de gerar renda e prover subsistência à milhões de famílias do país. Diante deste cenário, as organizações do Terceiro Setor, popularmente conhecidas como ONGs, estão articulando ações em redes de solidariedade, em milhares de comunidades Brasil afora, arrecadando e distribuindo toneladas de mantimentos e itens de primeira necessidade à população mais vulnerável.

Segundo o ‘Monitor das Doações da COVID 19’ mantido pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos cerca de 1 bilhão de reais já foram arrecadados entre empresas e pessoas físicas para combater os impactos da pandemia nas comunidades de baixa renda e para ajudar o sistema de saúde. Estes números impressionantes, contudo, escondem um perigo: todo este afluxo de doações tem como destino a população e suas urgentes necessidades, mas como ficarão estas organizações de apoio com a queda de arrecadação que já está sendo sentida pelos seus gestores?

A organização carioca Agência do Bem, articuladora da Rede de Organizações do Bem, iniciativa presente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, contando com a participação de 800 ONGs, realizou a pesquisa “Impacto do Coronavírus no Terceiro Setor”, entre os dias 3 e 7 de abril, com 231 diretores dessas entidades. O levantamento revelou um quadro alarmante: 67% tiveram queda de arrecadação de suas receitas acima de cinquenta por cento após o início da pandemia, e 83% preveem riscos concretos de fecharem suas portas no curto prazo ou terem de reduzir substancialmente suas atividades caso a situação atual não se reverta rapidamente.

Esse estudo aponta um risco real e afligente. Mais uma vez, são estas redes de solidariedade que estão fazendo a diferença lá na ponta diminuindo o sofrimento da população durante a pandemia, saciando a fome de milhões de pessoas. Muitas medidas estão sendo estudadas para socorrer empresas e profissionais autônomos, todas muito justas e necessárias. A contradição é que tais benefícios não incluem as ONGs que, além desse papel vital, empregam cerca de 3 milhões de pessoas no país. Isso precisa ser visto”, declara Alan Maia, responsável pela pesquisa da Agência do Bem.

O levantamento identificou, ainda, o impacto imediato na rotina destas organizações. Segundo os respondentes, apenas 1% manteve suas atividades normais após o início da pandemia, enquanto 72% paralisaram completamente. Em relação ao contexto comunitário no qual atuam, 89% observam grave deterioração nas condições de subsistência das famílias atendidas, indicando necessidade de socorro imediato.

Casa Hope pede ajuda após perder doadores

Com a chegada da pandemia do novo coronavírus ao Brasil, as organizações do terceiro setor foram as primeiras a sentir os impactos econômicos. Apesar de necessário, o isolamento abalou as finanças de muitos contribuintes da CasHope, que deixaram de ser doadores mantenedores neste período. A instituição, que é 100% filantrópica, oferece apoio biopsicossocial e educacional a crianças e adolescentes portadores de câncer e transplantados.

Diante desse cenário, Cláudia Bonfiglioli, fundadora e presidente da Casa Hope, explica que o atendimento às crianças e adolescentes atendidos na instituição, mais do que nunca, precisa continuar. “Nossos atendidos se enquadram no grupo de risco, devido ao quadro de imunidade muito frágil vindo do próprio tratamento oncológico e medicamentos imunossupressores. Eles já estão passando por um momento delicado da vida e não podem se expor a nenhum risco, o que nos faz ficar ainda mais atentos em relação aos nossos cuidados. Entendemos as dificuldades de todos, mas a vida dessas pessoas depende do apoio recebido aqui, para que possam continuar a sua luta contra o câncer em segurança”, comenta.

Em concordância, Tatiana Caneloi, captadora de recursos da ONG, afirma que toda ajuda é bem-vinda para que a Casa Hope continue suas atividades. “Não podemos segurar nas mãos uns dos outros, mas devemos unir nossos corações e pensamentos em prol de uma obra que ajuda a salvar vidas”, complementa.

Medidas de prevenção adotadas pela Casa Hope
Por se tratar de uma instituição séria, que abriga pessoas pertencentes ao grupo de risco, a Casa Hope elaborou um sistema de rodízio para colaboradores com funções essenciais, enquanto os demais trabalham em home office, além de suspender temporariamente visitas, eventos, bazares e as vendas da loja online. Também está em curso uma reorganização do sistema de alojamento, a fim de que fiquem apenas uma criança e acompanhante por quarto, ao invés de dois. Além disso, os cuidados com higiene ficaram ainda mais rigorosos.

Como ajudar sem sair de casa

Devido ao fechamento temporário da loja virtual e a suspensão temporária de bazares, os interessados em apoiar a causa podem fazer uma Doação Direta para as contas da Casa Hope, utilizando PayPal ou PagSeguro. Os valores são de acordo com a vontade e disponibilidade do doador. Para saber mais entre no portal http://hope.org.br/doacoes/.

Balanço Social: conheça os principais números da Casa Hope
Somente no ano de 2019, a Casa Hope recebeu 776 hóspedes, número que contempla tanto os pacientes quanto um responsável por cada. No total, eles somam mais de 28 mil atendimentos diferentes, sendo 14.501 biopsicossociais e 13.756 atividades educacionais.

Além disso, a instituição serviu mais de 164 mil refeições e proporcionou mais de 30 mil deslocamentos. Também forneceu itens de higiene pessoal, educação escolar, peças de vestuário, medicamentos, cursos de capacitação profissional, cestas básicas, festas comemorativas, oficinas culturais, esportes e orientação em saúde.

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