Terapia para autistas pode ser uma grande brincadeira

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Com a terapia floortime, Gustavo passou a brincar mais com os pais e menos com objetos eletrônicos (Foto: Acervo pessoal)

Que a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança, não há dúvidas. Agora imagina para uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA)?  Vanessa Praxedes, mãe do Gustavo, de 3 anos, aprendeu a brincar com o filho. E tem percebido resultados. Ela recorreu ao método Floortime –  termo americano que significa o tempo de brincar com os filhos em atividades no chão – para ajudar no processo de desenvolvimento do filho. E tem funcionado!

“Observamos que o nosso Gustavo apresentava um atraso na fala e não respondia a comandos que direcionávamos a ele. Vivia mais fechado em seu mundo particular, mais restrito. Após sermos apresentados ao método Floortime, percebemos que ele se mostrou muito interessado em expandir as brincadeiras, o que ampliou a relação do Gustavo com o seu entorno. Ele então passou a ter alegria de cantar e dançar, a aprender a funcionalidade correta dos brinquedos e a ter prazer de brincar, sem utilizar tanto os aparelhos eletrônicos”, conta a mãe.

Especialista no Floortime, a fonoaudióloga Danielle Damasceno destaca a importância do brincar para crianças autistas e com atraso no desenvolvimento. Segundo ela, o método americano de tratamento que privilegia a relação com os pais no ambiente terapêutico, além de ter uma abordagem desenvolvimentista, valorizando o prazer e a iniciativa da criança na escolha da atividade proposta.

Ela lembra que mães e pais são os primeiros “brinquedos” que todos nós conhecemos. “Embora isso pareça óbvio, na realidade, o que menos os adultos fazem hoje em dia, é brincar com seus filhos. Infelizmente, o ‘floor time’ que os pais precisam ter com as crianças acaba sendo corrido e muitas vezes não é prazeroso e divertido”, ressalta. Isso acontece, segundo Danielle, porque os pais não sabem o que fazer com suas crianças e por isso optam por colocá-los para assistir televisão ou dão jogos eletrônicos para que brinquem sozinhos. “Quando uma criança possui algum atraso ou transtorno do desenvolvimento, essa necessidade do tempo junto com a família passa a ser ainda maior, e como são os pais que possuem um maior vínculo afetivo com a criança, estes passam a ser os melhores terapeutas que a criança pode ter”, explica.

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Vanessa já percebe resultados no desenvolvimento do filho, Gustavo (Foto: Acervo pessoal)

Como funciona o método Floortime

A abordagem DIR Floortime propõe resgatar este tempo junto com os pais, além de instruí-los em como a brincadeira pode ser prazerosa e ao mesmo tempo terapêutica. Desta forma, os pais aprendem durante a terapia como aperfeiçoar as habilidades de seus filhos, e podem reproduzir em casa, no seu tempo livre com seus filhos, todas as atividades propostas nas sessões.

“É importante informar aos pais como a brincadeira é importante para que as crianças se conectem melhor com outras pessoas, o que permite utilizar todo o seu potencial para descobrir e ampliar seus limites. Afinal, brincando a criança aguça sua observação, testando hipóteses e fazendo novas descobertas e novas possibilidades criativas”, destaca.

Para Vanessa, ainda que o atraso na fala não tenha sido superado por enquanto, já se observa um avanço. “Nas terapias em que Gustavo participa utilizando o Floortime ele é incentivado a expressar-se com palavras dentro de um contexto, ainda que um pouco soltas, mas aos poucos está saindo. Observamos que o método foi um grande propulsor nas nossas vidas e na do Gustavo, pois oportunizou o aprendizado em forma de brincadeiras, de forma lúdica”, ressalta a mãe.

Ainda é cedo para definir como será o desenvolvimento futuro de Gustavo, mas Vanessa está otimista e confiante. “Atualmente ainda não temos nenhum diagnóstico definido para o Gustavo, mas temos a certeza que o modelo Floortime tem contribuído bastante para a superação em todos os sentidos do Gustavo. Hoje ele já se apresenta como uma criança feliz, respeitada e que tem lindo caminho a trilhar em busca do seu desenvolvimento”, afirma.

Uma carreira dedicada ao autismo

Danielle Damasceno começou a carreira como professora de uma escola inclusiva, onde descobriu a vocação para trabalhar com o desenvolvimento infantil e suas desordens. “Sempre gostei de trabalhar com pequenos e, quando chegava alguma criança especial, me dedicava ao máximo para desenvolver suas capacidades”, relembra.

Formada em Fonoaudiologia, durante 13 anos ela se especializou no desenvolvimento das habilidades cognitivas das crianças que possuem o espectro autista com dificuldades de fala, linguagem e aprendizagem. “Quando chegou a primeira criança autista, percebi que precisava estudar e pesquisar muito sobre o assunto já que, infelizmente, as faculdades não davam o enfoque necessário a este assunto”, conta ela.

Danielle participou de congressos, cursos, foi mediadora escolar e se especializou no TEA, que inclusive foi objeto de dissertação do seu mestrado. E então decidiu abrir o seu espaço terapêutico, o ‘Aprendendo a brincar na mesma roda’. “No meu trabalho, avalio o perfil sensorial destas crianças, além da avaliação fonoaudiológica de linguagem e fala, e depois traço um plano terapêutico”, explica ela, que também presta consultoria para escolas.

No espaço ‘Aprendendo a brincar na mesma roda’ todas as atividades são “brincadeiras” para as crianças, desde bebê até os 13 anos de idade. “A proposta é fazer a criança achar que está apenas brincando e, assim, trabalhar as habilidades necessárias para que o objetivo do plano terapêutico seja concretizado”, diz. A mãe – ou responsável – fica à vontade para participar da sessão no local, que tem um espaço kids lúdico.

Da Redação, com assessoria

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