Trabalho na terceira idade: opção cada vez mais frequente

No Rio de Janeiro, as redes Prezunic e Superprix investem na contratação de pessoas da chamada “melhor idade”

Dona Nazaré foi contratada aos 61 anos no Superprix e está se sentindo realizada (Foto: Divulgação)
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Dona Nazaré foi contratada aos 61 anos no Superprix e está se sentindo realizada (Foto: Divulgação)
Dona Nazaré foi contratada aos 61 anos no Superprix e está se sentindo realizada (Foto: Divulgação)

Você já passou pelo balcão de um supermercado e foi atendido por uma simpática caixa de cabelos brancos e sorriso moldado por lindas rugas no rosto? Pois você não é o único. Cada vez mais pessoas da terceira estão ocupando postos antes senão exclusivos, ao menos mais comumente ocupados por jovens e adultos, quebrando o tabu de que após os 40 conseguir emprego é quase um milagre.  No Rio de Janeiro, as redes Prezunic e Superprix investem na contratação de pessoas da chamada “melhor idade”, especialmente nestes tempos de crise e enorme desemprego.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os idosos já são mais de 20 milhões no Brasil – uma população que deve dobrar em 25 anos. O envelhecimento da população é apontado como um dos fatores críticos do país que trará grande impacto social e econômico nos próximos anos. Mas tem uma turma da “melhor idade” que não está pensando em sossego não: mesmo com idade para se aposentar, têm vitalidade de sobra para o trabalho.

Maria de Nazareth Monteiro, de 64 anos, é um exemplo. A operadora de caixa foi contratada pela rede SuperPrix aos 61 anos, já aposentada. Antes, trabalhava como secretária. “Além da necessidade emocional, tinha a necessidade financeira. Nosso custo aumenta quando envelhecemos: remédios, plano de saúde, alimentação mais restrita, entre outras coisas. Foi uma forma de complementar minha renda e recuperar minha auto estima. Me sinto ativa trabalhando e não caio na rotina. Meu cargo não me exige fisicamente e isso permite que eu ainda possa trabalhar por anos e anos, se Deus quiser”, celebra Dona Nazaré, que trabalha na unidade Tijuca.

Apesar disso, eles encontram no dia a dia dificuldades em se manter – ou voltar – para o mercado de trabalho. Um dos fatores é a crise, que faz com que empresários priorizem mão de obra cada vez mais jovem por causa dos critérios salariais. Mas tem ainda o preconceito e a ideia de que um idoso pode ser não ser tão produtivo quanto um funcionário jovem. Um enorme engano.

“A terceira idade pode ser grande aliada na rotina da rede, com seu conhecimento e maturidade. A intenção do projeto é estimular a autoestima do público sênior e mostrar o quanto ainda podem ser produtivos. Só temos a ganhar – e a aprender – com essa iniciativa”, comenta Viviane Areal, CEO da rede SuperPrix.

Geraldo e Romeu, funcionários do Prezunic, provam que idade não é impedimento para continuar trabalhando (Foto: Divulgação)
Geraldo e Romeu, funcionários do Prezunic, provam que idade não é impedimento para continuar trabalhando (Foto: Divulgação)

Romeu da Conceição chegou aos 70 no Prezunic. Hoje, aos 80, é um dos caixas mais concorridos da loja de Botafogo. “Os clientes sempre me dão preferência, dizem que estou entre os mais rápidos”, orgulha-se.

A gerente de Recursos Humanos do Prezunic, Ana Behrens, ressalta o bom desempenho e a conduta destes profissionais, que costumam ser mais responsáveis, maduros, pacientes e atenciosos no atendimento. “Além de enriquecer a diversidade no ambiente de trabalho, o cliente reconhece e aprecia o atendimento diferenciado que eles oferecem”, pontua Ana Behrens.

Uma forma de completar a renda e vencer a depressão

Geraldo Serenário, de 78 anos, contratado aos 77. Responsável pela limpeza do estoque do Prezunic em Botafogo, no Rio de Janeiro, ele conta que deixou currículo em diversas empresas e não tinha retorno. “Pedia para abrirem o jogo e dizerem se o problema era a idade. Eles acabavam reconhecendo que não havia como contratar idosos como eu”, lembra.

Geraldo tentou ficar sem trabalhar, mas não suportou ficar mais de um ano ocioso. “Quando me aposentei, foi o pior ano da minha vida. Ficar em casa o dia inteiro me deixava deprimido. O trabalho faz eu me sentir vivo e útil”, conta. Hoje, no Prezunic, Geraldo desempenha seu trabalho com dedicação e é muito bem avaliado pela liderança.

“Seu Geraldo tem muita disciplina, ele não deixa passar nada e contribui com sugestões para melhorar nosso serviço”, afirma Franquilin Santos, gerente da loja de Botafogo. “Esse tipo de perfil é frequente entre nossos colaboradores de mais idade”, completa.

Aos 54 anos, Geralda foi contratada no Prezunic: um impulso para a sua auto-estima (Foto: Divulgação)
Aos 54 anos, Geralda foi contratada no Prezunic: um impulso para a sua auto-estima (Foto: Divulgação)

A colega e xará Geralda Guastini, 55 anos, compartilhou da mesma alegria ao ser contratada aos 54. “É difícil uma empresa chamar alguém da minha idade. Meu marido faleceu quando eu estava há seis meses na empresa. Na ocasião, recebi todo o apoio e me incentivaram a investir no meu futuro. Ingressei na faculdade de Administração e meu horário na loja foi modificado para que eu pudesse chegar a tempo de assistir às aulas. Estou motivada com a oportunidade de crescer na empresa”, conta.

Rede abre mais 700 vagas para idosos até 2018

A Cencosud Brasil, quarta maior varejista do país, grupo ao qual pertence a rede carioca Prezunic, garante que adotou a qualidade de vida na terceira idade como seu compromisso social. Este ano, passou a incentivar a contratação de profissionais acima de 50 anos e também realizar ações com foco na qualidade de vida deste público nas comunidades onde está presente, com a implantação de uma sala multiuso em loja.

“Nossa expectativa é contratar mais de 700 pessoas em todas as bandeiras (redes Prezunic, Bretas, GBarbosa, Mercantil Rodrigues e Perini) até o próximo ano”, afirma Fábio Oliveira, gerente de Investimento e Responsabilidade Social da Cencosud Brasil. Os interessados já podem cadastrar currículo no Banco de Talentos no www.vagas.com.br/cencosudbrasil

Com o programa Talentos Experientes, a empresa aproveitará o turnover do negócio para contratar profissionais acima de 50 anos para trabalhar nas suas lojas. “Após certa idade, muitos não conseguem recolocação no mercado de trabalho, reduzindo seu poder de compra e qualidade de vida. O varejo é tido como maior empregador privado do país e, por meio deste programa, temos a oportunidade de fazer a diferença”, afirma Oliveira.

Segundo ele, o programa de contratação de talentos sêniores tem como objetivo valorizar a experiência de vida dessas pessoas e transformar nossa realidade, para ficarmos cada vez mais em sintonia com a sociedade”, acrescenta Fábio Oliveira. Ele lembra que o Prezunic recebeu neste ano, pela oitava vez, o prêmio Great Places to Work (GPTW), como a terceira melhor empresa para se trabalhar no Rio de Janeiro e uma das 150 melhores do país.

Aposta em mão de obra mais sênior

As empresas estão apostando na mão-de-obra que a terceira idade pode oferecer. Nos Estados Unidos, por exemplo, já existem programas específicos para a contratação de pessoas mais experientes, com chances de carreira. Os idosos estão apostando nas oportunidades de emprego e se adequando, fazendo cursos, se atualizando tecnologicamente e profissionalizando.  

No Brasil, o ranking das ocupações que mais empregaram a terceira idade, nos últimos dois anos, teve dirigentes públicos em primeiro lugar, seguido por professores do ensino fundamental e construção civil. O setor da construção, aliás, é um dos que apresentam saldo positivo para essa faixa da população. 

De acordo com projeções das Nações Unidas, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos ou mais e estima-se um crescimento para uma em cada cinco por volta de 2050. Em 2050, pela primeira vez, haverá mais idosos que crianças menores de 15 anos.

Fonte: Prezunic e SuperPrix, com Redação

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