Tudo o que você precisa saber sobre doação de leite materno

Nova campanha do Ministério da Saúde quer aumentar em 15% o número de doadoras. Conheça os benefícios do leite materno e saiba como doar

Banco de leite do Hospital da Mulher teve queda de 10% nos quatro primeiros meses do ano (Foto Divulgação)
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“Há 45 anos eu era uma recém-nascida prematura, que foi desenganada pelos médicos. Precisei do leite doado e foi isso que salvou minha vida”.  Esse é um breve resumo do começo de vida da enfermeira Viviane Pacheco, que um dia precisou da doação de leite humano, assim como acontece, todos os anos no Brasil com 330 mil crianças que nascem prematuras ou com baixo peso (menos de 2,5 kg).

Para que outros brasileiros tenham a mesma história de sucesso, o Ministério da Saúde, em parceria com a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) – representada no Brasil pela Fiocruz -, lançou, nesta sexta-feira (17), no Rio de Janeiro, a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno.

O objetivo é aumentar em 15% o volume de leite materno coletado e ampliar o número de doadoras. Além de sensibilizar gestantes e lactantes para a importância deste ato de solidariedade, a ação pretende desmistificar que é preciso ter ‘muito leite’ para ser doadora.

Qualquer quantidade de leite humano doado pode ajudar os bebês internados nas UTIs neonatais a terem uma melhor recuperação e uma vida mais saudável. Dependendo do peso do recém-nascido, apenas 1 ml já é suficiente para nutri-lo a cada refeição.

Contudo, a quantidade de leite coletado supre 55% da demanda real. Por isso, o Ministério da Saúde lança campanha anuais, a fim de aumentar os estoques de leite humano nos bancos de leite de todo o Brasil.

Com o slogan “Doe Leite Materno, alimente a vida”, a campanha de 2019 quer estimular as gestantes e as mulheres que amamentam a fazerem doações durante todo o ano e não apenas nos períodos de campanha, em que o volume de leite materno doado aumenta. Em feriados prolongados e no período escolar, a quantidade coletada diminui.

Graças às campanhas realizadas entre 2008 e 2018, o número de doadoras cresceu 45% e o volume de leite coletado, 30% no país. Dois milhões de recém-nascidos foram beneficiados com 2 milhões de litros de leite humano de 1,8 milhão de mulheres, segundo a RBLH. No ano passado, mais de 185 mil crianças receberam leite humano doado de quase 183 mil mulheres. Foram 215 mil litros de leite humano coletados.

Para se tornar uma doadora ou tirar quaisquer dúvidas, as mulheres devem procurar os bancos de leite (clique aqui).  Em 2018, os Bancos de Leite do país registraram 394.708 atendimentos em grupos, 1.877.601 de atendimentos individuais e 276.337 atendimentos domiciliares.

OS BENEFÍCIOS

O leite materno é, de modo geral, o melhor alimento para o bebê nos primeiros meses de vida. Ele hidrata, nutre, sustenta e ajuda a reduzir em até 20% a mortalidade dos recém-nascidos. A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) é que o leite seja o único alimento do bebê até os seis meses de vida e que a criança seja amamentada até os dois anos ou mais.

Nova campanha para doação de leite materno visa ampliar estoques em todo o Brasil

7 INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE DOAÇÃO DE LEITE

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite materno.

Cada pote de 300ml de leite humano pode ajudar até 10 recém-nascidos por dia

O pote não precisa estar cheio para ser levado ao Banco de Leite Humano

A amamentação é a forma de proteção mais econômica e eficaz para redução da mortalidade infantil

A amamentação também traz vários benefícios à saúde da mulher, como a redução das chances de desenvolver câncer de mama, útero e ovário.

Estima-se que o aleitamento materno seja capaz de diminuir em até 13% a morte de crianças menores de 5 anos em todo o mundo por causas preveníveis.

Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças nessa faixa etária.

  • Quem pode doar?

  • Toda mulher que amamenta é uma possível doadora, basta estar saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação. Não existe quantidade mínima para ser doada e a mulher pode realizar o procedimento quantas vezes quiser na fase de amamentação. Cada litro leite pode beneficiar até 10 bebês internados.

  • Quem estiver amamentado e quiser doar, basta procurar o banco de leite humano mais próximo ou ligar para o SOS Amamentação, através do número 0800 026 8877. Todo leite materno coletado nos bancos passa por um rigoroso controle de qualidade, antes de ser distribuído, e é fornecido de acordo com as necessidades de cada criança.

Queda de 10% nas doações no Rio em 2019

De acordo com relatórios do Centro de Referência Nacional de Bancos de Leite Humano,  sediado no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), de janeiro a abril de 2019, a quantidade de mulheres doadoras caiu 10% em relação ao mesmo período de 2018. No entanto, o número de bebês receptores de leite aumentou quase 5%.

O Rio de Janeiro possui 17 bancos de leite humano. Para atender todos os lactentes internados no estado são necessários, em média, 3.400 litros de leite humano. Para elevar essa participação, a SuperVia e a Fiocruz se unem neste mês de maio para celebrar o Dia Mundial de Doação de Leite Humano, destacando que a maternidade é celebrada para além do Dia das Mães.

A ação tem o objetivo de mostrar a importância que as mulheres que amamentam têm para a sobrevivência de milhares de recém-nascidos em todo o país. Nesta terça-feira (21 de maio), das 7h às 17h, especialistas da Rede de Bancos de Leite Humano do Rio de Janeiro estarão na estação Central do Brasil conversando com as passageiras a respeito da campanha nacional “Doe leite, alimente a vida”, do Ministério da Saúde.

O objetivo é informar, tirar dúvidas, conscientizar e incentivar as mulheres em fase de amamentação a doarem o excesso de leite humano produzido para alimentar bebês prematuros, de baixo peso ou portadores de patologias, internados nas Unidades de Terapia Intensiva Neonatais (Utins) e que não podem ser amamentados pela própria mãe. Durante o dia, as mulheres que passarem pela Central terão a oportunidade de se tornarem doadoras. Os demais passageiros poderão colaborar doando frascos de vidro com tampa de plástico diretamente na estação.

  • A mulher que se oferece para doar seu leite e não está internada no hospital deve comparecer ao banco de leite da unidade para realizar uma consulta e fazer exames de sangue. Quando está apta, ela passa por uma capacitação para fazer a ordenha, que é a retirada do leite, e o armazenamento do alimento, para garantir sua qualidade.

    Essas doadoras contam com um serviço de transporte que vai até suas casas buscar o frasco de vidro com o leite a ser doado. Quando completa o frasco com o leite, a mãe envia uma mensagem para a equipe responsável do Hospital da Mulher para agendar a coleta.

Banco de leite do Rio comemora três anos

Para comemorar seus primeiros três anos de vida, o banco de leite do Hospital da Mulher Heloneida Stuart (HMHS) promove nesta terça-feira (21) um evento que vai reunir homenagens e depoimentos de doadoras, além do lançamento de uma campanha de doação de frascos. Os interessados em participar podem juntar os recipientes de vidro com tampa de plástico, como pote de maionese e café solúvel, e entregá-los na unidade. Todo o material passa por devida esterilização para armazenar o leite doado.

O serviço, criado para receber e armazenar doações de leite materno, é voltado para as puérperas internadas na unidade e também atende mulheres que queiram doar ou que tenham dúvidas sobre a amamentação.  O leite doado alimenta os bebês internados no hospital cujas mães não podem ou têm dificuldade para amamentar.

  • O leite das pacientes internadas é coletado na própria unidade com a ajuda de uma equipe multidisciplinar que atende as lactantes. Já as mulheres que doam em casa, a coleta é feita sob orientação do hospital. Em 2018, o serviço atendeu 1.035 mães, realizou 9,7 mil atendimentos, 55 visitas domiciliares e recebeu cerca de 293 litros de leite para doação. Mais informações pelo telefone (21) 2651-9675 onde profissionais do serviço orientam mães que tenham dúvidas sobre amamentação e informam sobre a doação de leite materno.

FOCO NOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Os profissionais de saúde que atuam no SUS também são público-alvo da campanha, já que eles têm um papel fundamental na sensibilização das gestantes e lactantes que são atendidas nos serviços de saúde.

Com o olhar de quem já precisou, já doou e de quem tem conhecimento técnico para falar do assunto, Viviane Pacheco formou-se em enfermagem e hoje atua na área de Saúde da Criança no Rio de Janeiro. Antes disso, ela gerenciou o Banco de Leite de um hospital no Rio de Janeiro.

Como profissional de saúde, sei da extrema importância do leite humano para a saúde dos bebês. Quando você doa leite você não só doa alimento, você doa vida e isso não tem preço”, fala Viviane, com conhecimento de causa.

O Dia Mundial de Doação de Leite Humano é celebrado em 19 de maio por iniciativa do Brasil, aceita pelos países que integram a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH).

REFERÊNCIA INTERNACIONAL

Com a maior e mais complexa rede de banco de leite do mundo, o Brasil é referência internacional por utilizar estratégias que aliam baixo custo e alta tecnologia. A RBLH – que é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) – exporta essa tecnologia para 22 países da América Latina, Caribe, Península Ibérica e está em fase inicial da cooperação técnica para outros quatro.

Desenvolvida há 34 anos, a estratégia brasileira tem como foco a promoção, a proteção e o apoio ao aleitamento materno até os 2 anos de vida, sendo de forma exclusiva até os 6 meses de idade. Em 2018, os Bancos de Leite do país coletaram mais de 215 mil litros de leite, beneficiando aproximadamente 185 mil recém-nascidos.

Hoje, há no Brasil 225 bancos de leite humano, sendo que cada um dos 26 estados e o Distrito Federal possui pelo menos um. A média nacional é de 45 bancos de leite por macrorregião do país. Além disso, estão disponíveis 212 postos de coleta, além da coleta domiciliar disponível em alguns estados. Todo o leite humano coletado passa por um rigoroso controle de qualidade antes de ser distribuído e é fornecido de acordo com as necessidades de cada recém-nascido.

Os BLHs são serviços especializados de apoio à amamentação que surgiram como uma estratégia de qualificação da assistência neonatal em termos de segurança alimentar e nutricional, e visa contribuir para a redução da mortalidade infantil em instituições hospitalares. São responsáveis por ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e execução de atividades de coleta da produção lática da nutriz, do seu processamento, controle de qualidade e distribuição.

Fontes: Agência Saúde, Fiocruz e Secretaria de Estado de Saúde, com Redação

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