Turismo da vacina nos EUA: curitibano vai em busca de dose única da Janssen

Com negócios parados na pandemia, Marco Brotto, o caçador de aurora boreal, foi a Mimi tomar vacina da Janssen: ‘misto de alívio e indignação’

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O atraso na vacinação em todo o país fez com que muitos brasileiros decidissem ir ao exterior em busca da tão sonhada imunização para a Covid-19. Seja por motivos familiares ou profissionais, o chamado “turismo da vacina” é uma alternativa ao alcance de poucos, mas que traz certo alívio e também reflexões. O curitibano Marco Brotto, de 50 anos, decidiu viajar para Miami no início de maio em busca da vacina Janssen, da Johnson & Johnson, por motivos profissionais e hoje já está imunizado com apenas uma dose. O Ministério da Saúde anunciou que o imunizante deve chegar ao Brasil ainda no mês de junho.

Brotto, que é reconhecido internacionalmente como O Caçador de Aurora Boreal e há 10 anos organiza expedições aos países do Ártico em busca do fenômeno, está entre os brasileiros que tiveram seu negócio paralisado pela pandemia. No momento em que as vacinas começaram a ser aplicadas e o mundo passou a ser imunizado, ele passou a enfrentar uma série de dilemas que vão além da lentidão da imunização no Brasil. Até a data da viagem de Brotto a Coronavac ainda não tinha sido aprovada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A grande maioria dos países onde acontecem as auroras boreais estão aceitando por enquanto apenas turistas imunizados com vacinas como a Moderna, a Janssen ou Pfizer, por isso fui atrás de uma delas nos Estados Unidos. Além da demora na vacinação brasileira, não tenho como saber qual vacina seria aplicada quando chegasse a minha vez. Precisei garantir uma vacina mundialmente aceita”, explica. Segundo Marco, a expectativa é que os países do Ártico reabram para o turismo de forma ampla a partir de setembro e a urgência da vacina também está relacionada ao tempo de imunização de cada dose..

Viagem durou 21 dias

O caçador de aurora boreal em 2012 no Alasca (Foto: Divulgação)

A viagem em busca da vacina durou 21 dias, com um período obrigatório de quarentena no México, onde não é necessário apresentar um teste PCR-RT ou antígeno negativado. Brotto saiu de Curitiba no dia 11 de maio rumo a Cancún, no México, onde ficou por 16 dias. No dia 27 de maio embarcou para os Estados Unidos, com visto de turista, e foi vacinado no Aeroporto Internacional de Miami.

“Eu recomendo fazer os testes, eu mesmo fiz. Além de uma garantia pessoal contra a doença é uma maneira de respeitar o próximo”, afirma ele, que não revelou quanto investiu na viagem, nem registrou imagens sendo vacinado porque a orientação no dia era evitar fotografias. Ele ficou surpreso com a vacinação em massa em Miami, em pontos como lojas comerciais, farmácias e aeroportos.

Você tem a vacina disponível em lojas e farmácias, mas também no aeroporto. A mecânica é muito simples: você se apresenta, preenche uma ficha e já é vacinado, não precisa responder nada em especial ou se explicar. É uma verdadeira lição de cidadania o que vi os americanos fazendo. Eu me senti respeitado, seguro e amplamente atendido como cidadão, da mesma forma como gostaria de me sentir dentro do Brasil. Foi emocionante e triste ao mesmo tempo”, detalha.

Alívio e indignação

Brotto relata que o alívio pela imunização vem junto com a indignação, que sempre volta a lembrar que esse ainda é um privilégio de poucos brasileiros da sua idade. “Ser vacinado é um momento de muita emoção e alívio. Ao mesmo tempo é um sentimento de impotência e indignação, pois gostaria que todos pudessem ter acesso tão fácil, rápido e desburocratizado à vacina, assim como eu tive”, diz.

Segundo ele, a decisão de sair do país foi muito pensada, tanto pelo lado econômico quanto pela questão moral. Hoje o empresário do ramo do turismo incentiva quem tem condições a viajar em busca da vacina. “Pensei muito sobre o assunto e cheguei à conclusão de que quanto mais brasileiros imunizados, melhor para todos os brasileiros. Essa é a verdade. A vida normal, segura, precisa ser retomada o quanto antes. Recomendo que façam a quarentena na Costa Rica ou no México, lá os custos são mais baixos e me senti muito seguro o tempo todo”, analisa.

Brotto recomenda que os interessados no turismo vacinal pesquisem muito antes de fechar o pacote. “O ideal é buscar agências ou assessorias sérias para não cair em conexões indevidas”, finaliza. 

EM TEMPO – Para sua felicidade, os pais de Marco conseguiram também ser vacinados em Curitiba, seguindo o calendário da imunização pelo SUS.

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